Por: Júlio César Anjos
E,
aí, vamos? Mas, aonde? Para qualquer lugar. Porque o que não se pode é ficar
parado, pois, estagnado, não há como mudar. Para ir, há de se movimentar. Além
de saber o ponto que quer chegar. Tem que estar à frente, ser proativo, e não
abdicar. Além, é claro, de representar alguma postura a vaguear. E, enfim, há
de se expor para lutar. Fugindo dessa filosofia de Alice – do País das
Maravilhas -, há de estabelecer estratégia de coalisão. Portanto, VAMOS é um
acrônimo para iniciar um novo conceito, chamado de: Vanguarda Artística de Movimento Ostensivo.
Muita
gente aposta que a solução para vencer na esfera política se dá pela ocupação
de espaços. E nos estabelecimentos sociais, a cultura é um meio fértil para
gerar tendência, criar cimentação de alguma filosofia de vida, e pavimentar
conceitos mediante tática de influência. Porém ser somente reacionário, não no
sentido piegas do clichê esquerdista, mas no quesito de reagir a determinada
questão, torna o sujeito reativo um ser pedante, chato, “xarope”, que mais
incomoda do que ajuda, pois não dá solução, não oferece opção para o que se
pode colocar no lugar. Por isso que, entre o “artivismo” e o movimento
orquestrado, criar a vanguarda artística é algo mais eficiente e eficaz em
longo prazo, pois lapida o homem pela junção do útil ao agradável. As pessoas
possuem mais uma alternativa de “estilo de vida”, ao passo que tal tendência
começa a obter adeptos. Tal situação
pode criar, até mesmo, uma nova era.
Ao citar novas eras, o surrealismo foi uma corrente do período entreguerras que se consolidou como um
movimento de vanguarda. Se não houvesse o cubismo e o dadaísmo, não haveria
influencia para o surrealismo, e não existiria, portanto, matrix e nem sense8. Mas
o mais interessante no surrealismo é a questão política do amago do sistema que
eclodia na época. Breton, o semeador da tendência, era comunista e acreditava,
através da utopia socialista, que a sociedade teria um paraíso emanado na
terra, sem precisar morrer para ir ao “céu”. O surrealismo, hoje, é o berço dos
progressistas, pois, através do relativismo, o plural se estabelece pela
ideologia igualitária. Se plural igualitário é antítese, paradoxo ou oxímoro,
cabe a esquerda resolver a equação. A direita cabe somente denunciar como
loucura tal condição.
Os
integralistas, embora seja considerado um movimento (alguns acham que foi
somente uma modinha passageira), ajudaram a concretizar o golpe Vargas, pois a
tropicália se fez ouvida após Getúlio, pelo populismo, gerar desde “indústrias
nacionais” até a CLT. A força que um
movimento bem orquestrado pode causar numa comunidade é enorme. Pode quebrar
paradigmas, rever conceitos, estimular outas formas de pensar, tudo pela
tendência de um movimento bem engendrado.
Um
movimento inicia-se como um estereótipo e, se for bem sucedido, mantem-se como
arquétipo. É como o “V” que as aves fazem quando migram de um ponto para o
outro. Ao fazer um desenho no céu, tal composição é estereotipada. Mas o
instinto em fazer o "V" para ter melhor aerodinâmica, tal pensamento é passado de
geração para geração, por isso que é um arquétipo. E é por isso que, no
ambiente juvenil, muitas vezes, sem explicar o porquê, ser de esquerda é
“cool”, e o “descoladinho consegue transar com a gatinha”, enquanto a direita
sofre para ser apenas normal. Um exemplo bem legal dessa situação aparece no
filme “anjos da lei” (o primeiro filme), em que o Channing Tatum, policial à paisana em um colegial, que na época juvenil era descolado por usar uma só alça
da mochila, vê a modificação da geração do momento, que é tudo certinha, fala
robusta, e se portam de forma educada e igual. Essa mudança de geração pode ser somente
estereotipada; mas pode ser também um arquétipo (que pode levar décadas até
cair a tendência). Portanto, um
movimento orquestrado com a política gera até mesmo tendências. E, para critério de exemplo, um estereótipo pode ser visto na:
“era Aquariana”. E um arquétipo no: “Movimento Punk” (até hoje existe).
O
movimento deve ser ostensivo. Não adianta o movimento ficar escondido em um
bunker que não vai resolver nada. Tem
que aparecer, mas na forma de iceberg, com um pedaço pequeno – mas bonito –
visível, e com a parte oculta para estratégia entre os membros do meio. Mostrar
tudo o que o movimento faz é burrice, pois pode ser usado pelo adversário ideológico,
que conseguirá refrear o avanço de tal tendência sendo engendrada pelo
movimento. Os movimentos fazem
exposições, circuitos, conferências, enfim, tudo que mostre o mecanismo em
funcionamento. Além, é claro, de ter que existir um veículo, uma mídia, que
compile tudo como se fosse uma revista e gere um formato pré-concebido de tal
articulação. Não há necessidade e nem obrigatoriedade de haver um manifesto.
Embora que tal documentação seja algo útil para fim de controle e organização.
Portanto,
uma das alternativas de higienizar o comunismo no país é através de vanguarda
artística, com um movimento ostensivo, a fim de inocular uma nova cultura e,
por arrasto, mudar a tendência e as preferencias das pessoas no futuro, dando
alternativa melhor que a disponibilidade atual. O acrônimo “VAMOS” é só uma
licença criativa para tentar, através de convencimento, inspirar os artistas de
uma forma geral a se organizarem em grupo para gerar nova concepção, a moldar
estereótipo e inocular arquétipo desta nova tendência de iniciação.
Vamos?
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Obs: Não é regra, mas um movimento deve ter responsável pela moda, arquitetura, arte, entretenimento, política e mídia (e etc).

V.A.M.O.S. de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
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