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Surrealismo na Literatura Ocidental

Por: Júlio César Anjos

O surrealismo é uma corrente criada por André Breton, em 1920, após o findo da primeira guerra mundial, que consistia em quebrar o paradigma do realismo e também do racionalismo, pois o conflito armamentista deixou muitos traumas e cicatrizes na sociedade ocidental daquele período. Como a realidade e a razão eram inglórias naquele tempo, buscava-se refúgio pelo abstrato, o oculto, o inanimado, a fim de conceber uma fuga da verdade sufocante do período entreguerras.  Essa é a justificativa concebida pelo meio “teórico”, sobre o surrealismo. O problema é que há coincidências; e essas comparações levam a crer que o movimento originado por Breton tenha caráter de entrismo ideológico, ao invés de impulsão criadora dos indivíduos envolvidos no processo, que resolveram criar um novo movimento. Os indícios levam a crer que o surrealismo foi uma corrente inoculada.

Se cientificamente as pessoas acreditavam que havia abiogênese na ciência até o século XIX, é notório que poderiam acreditar, por que não (?), em uma geração espontânea de movimento literário no século XX. Se uma vida surge do nada, por que não haveria de nascer corrente diferenciada?  Com o sucesso repentino a reboque, tão forte que parecia que já existia há tempos, a tendência literária foi concebida “do nada”. Do mesmo modo, por exemplo, que um girino surge de um lodo – e vira um sapo encorpado -, o surrealismo surgiu no consultório de Breton (ele era psiquiatra), com ajuda de poucos amigos, tendo o êxito obtido naquela época, como se tivesse se desenvolvido pela mágica. Faça-se a luz! E assim o surrealismo surgiu. O fato é que a abiogênese foi refutada. Mas o “Big Bang” e o surrealismo ainda possuem defesa de surgimento a partir do nada.

O Surrealismo é a fecundação entre Freud e Marx. Freud porque mexe com o inconsciente – além de advogar pela libido, contrariando o padrão tradicional do ocidente naquela época. E Marx porque também quebra a cultura ocidental, mas através da cultura religiosa e política.  Até porque todo surrealista, na época, era “desajustado” (hoje eles seriam considerados ajustados). Ateus, sexistas, polígamos, homossexuais, alcoólatras, enfim, tudo que fosse contra a família margarina, e a defesa do tradicional, fazia parte do time da nova tendência moral. O surrealismo veio para “desconstruir” (eufemismo de destruir) o padrão cultural do ocidente.  A geração perturbada do período entreguerras eclodiu o surrealismo, uma espécie de revolta contra a tendência ocidental da época.

Mas, dentre as varias vertentes dos pedidos surreais, há uma coincidência sem igual: a maioria dos “intelectuais” deste conceito era de um partido específico. Qual? Partido Comunista. E a minoria dos simpatizantes do surrealismo se dividia entre Freudianos, Marxistas, pluralistas em geral, mas todos dando, ao menos, livre trânsito para o Partido Comunista Europeu. O engraçado é que o Partido Comunista Russo era tão contra o surrealismo, que até perseguiu Gogol (Nikolai deveria ser o verdadeiro pai do surrealismo, caso os russos não o perseguissem naquele período). Ou seja, enquanto o Partido Comunismo na Europa clamava (até hoje clama) pela desconstrução da cultura ocidental, o Partido Comunista Russo impedia (e até hoje impede) que se insira este pluralismo nos Eslavos Orientais.

E foram dezenas de surrealistas que emergiram na literatura.  Segue os escritores surrealistas/comunistas do século XX: André Breton (1924); John dos Passos (1930); Paul Éluard (1924); Louis Aragon (1924); Bertolt Brecht (1947); Pablo Neruda (1945); Alejo Carpentier (1946); Jorge Amado (1958); Octavio Paz (1945); José Saramago (1986); Allen Ginsberg (1968); E Mario Vargas Llosa (1963).  Jorge Amado era um entusiasta comunista até o Getúlio Vargas o ensaboar, fazendo o brasileiro jogar o surrealismo para o erotismo inexistente do país na época (Ex: Gabriela). Llosa e Passos viram “in loco” o que é a doutrina funcionando de verdade e deixaram de ser comunistas após a realidade se sujeitar.  E há dezenas de outros surrealistas famosos, no meio literário, que são: Gays; Drogados; “Antifascistas” (sendo que o fascismo é coletivista, assim como o comunismo e o nazismo); Ateus; Feministas; Marxistas, Freudianos; e etc. é o movimento oásis dos desajustados.

  O ocidente absorveu esse helenismo cultural, porque tal manifesto virou mais uma opção, dentre outras variedades, dentro do mercado econômico capitalista da literatura ocidental. Virou mais uma escolha de prateleira. Embora os russos quisessem, através do desconstrutivismo, profanar a cultura ocidental, a fim de destruí-la pela perda de identidade cultural, caindo em degradação como Sodoma e Gomorra, o fato é que essa pluralidade deu mais força ainda pela liberdade de livre escolha, fazendo o capitalismo ficar mais reinante ainda que outrora, com gama de possibilidades para consumir, saber, criar. Os comunistas não satisfeitos com o fracasso da queda cultural, não se dão por vencidos e continuam a sanha, através da inserção da internacional situacionista, implantando o movimento punk, do anarquismo reinante, para tentar, de novo, destruir o ocidente pela degradação cultural. Ironia do destino, essa segunda leva criou o “Pussy Riot”, banda que clama pelo homossexualismo, só que agora atacando a cultura russa, que sempre foi conservadora (desde a época de Lenin/Stalin até os dias atuais) e sempre será (desafia-se criar, por exemplo, um “Dick Riot” na Rússia).

Os comunistas acreditam que o fim justifica o meio. Por isso que não se incomodam em destruir o ocidente, pois poderiam implantar algo melhor, mais amplo, o regime comunista e toda áurea ideológica de milagre popular. A regra é sempre a mesma: Desconstrutivismo (surrealismo, anarquismo) – Sócio-construtivismo (Gramscismo, Marxismo) – Construtivismo (poder central organizando tudo).  Quer “destruir” o ocidente? Destrua o capitalismo. Aí sim, com a sociedade em degradação, sem padrão tradicional algum, com problemas em várias frentes, a pluralidade cultural seria asfixiante, destruindo o ocidente por completo, através também do helenismo cultural. Destruindo o capitalismo, com relativismo do mais variado, todos os países capitalistas poderiam, enfim, virar um Brasil cultural. E os EUA estão loucos para virar o país do carnaval. Não acredita? Veja o que Obama está fazendo por lá.  

Mas, se serve de consolo, os surrealistas conseguiram, sim, destruir a cultura ocidental. Agora é essa pluralidade inexistencial, esse relativismo crônico, fruto da falta de um embasamento de padrão geral. Agora, até “obra de arte” é jogada no lixo pela faxineira, pois a serviçal não consegue diferenciar entre o grande trabalho de artista e o entulho de dejeto qualquer. Perdeu-se o valor daquilo que é específico de um povoado, pois o tudo e o nada foram fundidos no irrelevante, no irreal, pela liga do surreal.

Portanto, o surrealismo surgiu após a geração perturbada, do ocidente, do período entreguerras perder o “gosto” pela cultura atual. Como alternativa da fuga da realidade, os surrealistas - movimento muito chegado aos comunistas europeus -, traziam alternativas para a realidade e a racionalidade: O irreal e o Irracional. Os comunistas russos e chineses nunca aceitaram o surrealismo, ficando tal corrente literária a mercê do gosto ocidental. Todavia, o surrealismo, a arma de Lênin/Stalin para destruir o ocidente, virou somente alternativa, dentre várias escolhas, a balizar a gama de criações disponíveis no mercado capitalista ocidental. Enfim, o surrealismo da velha guarda era criativa, respeitável. O surrealismo atual é lamentável, dá vergonha alheia, pois confunde “subjetivo” com “sem noção”. Voltar às raízes é crucial.

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Para impedir o surrealismo, o anarquismo (Sodoma e Gomorra) e afins, basta implantar a cultura nacional. Enriquece o país e enobrece a alma. 


Errata: O Partido Comunista não perseguiu o Gogol, perseguiu as ideias de Gogol. Quando os Bolcheviques tomaram o poder na Rússia, Nikolai Gogol já estava morto. Foi esquecido a particula "ideias", por isso a confusão histórica do contexto. 

Obs: Nikolai Gogol foi o primeiro surrealista, pois criou o Livro - O Nariz, um nariz que saia "andando" pelo mundo.  

Breton - Geração Perturbada
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Surrealismo na literatura Ocidental de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.

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