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Diários de All Star

Por: Júlio César Anjos

O filme “Diários de Motocicleta”, dirigido pelo brasileiro Walter Salles, conta a história do jovem sonhador que, ao viajar a América Latina inteira, se depara com os problemas e anseios de uma região entregue ao “acaso”. Esse rapaz chamava-se Che Guevara, em que a película só conta uma parte da estória, pois suprime o lado facínora do cruel ditador comunista latino, o que é assunto para outra hora. O longa metragem detalha as passagens de moto pelo “jovem idealista” pela América, anotando os percalços durante o caminho. A mesma coisa acontece agora com o grupo seleto de jovens do Movimento Brasil Livre (MBL), ao fazer peregrinação, registrando todos os infortúnios no período de caminhada, compilando tudo através dos “Diários de All Star” – pela página de rede social. O MBL cria a ilustração e a narrativa da mudança histórica em curso, a ser contada para toda a nação. É só abrir a mente para ver e escutar.

Independente do que aconteça, o MBL merece respeito. Porque eles estão AGINDO. Os jovens saíram da zona de conforto e estão tateando soluções de apelos sociais para unir a causa – que é, primeiramente, tirar o PT do poder. O grupo utiliza-se de uma simbiose semiótica entre a jornada de Guevara e a marcha da família (do conservadorismo de 1964), em que somente usam o símbolo, descolando-se dos ideais embutidos nos dois conceitos antagônicos. E o pedido dos libertários de ocasião é simples: Impeachment da Dilma e liberdade econômica. Resolvendo as duas questões centrais, o MBL na teoria pararia de protestar. Simples assim.

Mas, se o grupo já está alguns dias peregrinando, por que o movimento não ganhou tamanho e forma até agora? Porque os desempregados estão deprimidos e com o moral abalado; Os trabalhadores estão com medo do desemprego, por isso não faltam ao serviço (não podendo marchar junto); E os vagabundos de rua não estão nem aí para política mesmo, então não há movimentação de maneira geral (a não ser que o movimento os compre com pão com mortadela). Além, é claro, de ser muito custoso (bate na parte financeira) acompanha-los, pois o Brasil é um país subdesenvolvido. Talvez haja massificação somente no dia 27 de Maio, embora não se espere tamanha grandeza de pessoas nesta articulação, por ser dia de semana (se a manifestação desse dia for recorde, a destituição da Dilma será fugaz). O que pode ocorrer é a possibilidade de greve geral no dia 29 de Maio, dependendo da situação caótica do país até lá. Porém, o movimento já é bem sucedido no quesito de causar ebulição política, além de a massa popular comentar sobre a causa (desde bate-papo em bar até sala de aula).

E diante as discussões, há celeumas de indagações. Uma das dúvidas, por exemplo, é sobre O MBL surgir como o BIG Bang: A partir ”do nada”. Diz-se que se sustentam através de “vaquinha”, como Patreon e afins, mas é difícil acreditar que somente com esses recursos o grupo esteja estabelecido. Talvez estejam tirando dinheiro do próprio bolso, o que parece ser até mais real. Entretanto, certamente não estão obtendo sucesso através de esmola coletiva. Outra dúvida, só que agora menos importante no momento, é que não disponibilizam soluções de médio e longo prazo. Somente mostram a solução paliativa de curto prazo, que é tirar Dilma. O pedido é mais do que providencial, mas a falta de soluções do “dia depois de amanhã” cristaliza-se em descrença popular perante o grupo (embora o povo seja muito crente pela causa específica), porque não há soluções palpáveis, tangíveis sobre o futuro. E outra dúvida que todo mundo especula é que o grupo sequestra a ideia de manifestação pela marcha (Marcha das Famílias), mas não defende as bandeiras conservadoras, gerando paradoxo conceitual. Enfim, tirando tais incertezas, a certeza é que o povo, neste momento, independente do futuro que se estabeleça, está com o MBL AGORA.

Outras situações intermitentes deslumbram que os jovens engajados não pegarão em armas como revolucionários, ao se aproveitarem por serem bandidos de ocasião. Muito menos querem implantar a alta cultura (conservadorismo) para mitigar a desconstrução comunista. E também não mostram soluções práticas, através de diretrizes políticas. Há apenas nesse momento o ocultismo, o vácuo, a dúvida reinante. A única certeza é o foco do protesto, que é a destituição da presidente da república. Os rapazes do MBL acreditam nas instituições - que muitas pessoas dizem que já estão contaminadas, necrosadas pelo ideário comunista -, pois, se não creditassem, não iriam até Brasília pedir penico para político ensaboado. E, também, o jovem liberal de hoje se descolou do PT, mas não se vê representado por partido algum, já que o anseio do novo é totalmente antagônico ao “status quo” de esquerda no poder. O MBL, de direita, está indo pautar o congresso, mas sem formalização de um plasma partidário, com o pedido célere de mudanças, mas querendo a modificação através das regras do jogo criada pelos políticos de esquerda. É tanta crença no inimigo que parece até ingenuidade. Mas divaga-se sobre pormenores.  

Entretanto, as bolhas nos pés dos jovens do MBL são mais valorosas que os palpites de facebook, dos aforismos de twitter, e do intelectualismo de hangout. É mais importante, até mesmo, que esse texto elaborado a gerar dúvidas, e levantar suspeitas, quanto à envergadura moral do grupo político. É prolifico ser humilde e saber dar o valor ao que é certo. Por isso que o apoio popular a esse grupo de guerreiros é salutar. Deixá-los na mão, nesse momento de decisão, é jogar no lixo qualquer amparo de antagonismo, de oposicionismo verdadeiro contra parasitas políticos e achincalhadores sociais. É o futuro do país que está em jogo.

Portanto, mesmo diante de tantas dúvidas, incertezas, o povo marchar junto com o MBL é fundamental. Apoiá-los é apraz.

  




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