Por: Júlio César Anjos
Um
leite é colocado em um recipiente e levado a esquentar. O trabalho do gás
continuamente faz os átomos do produto se mexerem, perturbando a matéria que
estava inerte. O lácteo começa a expandir de tal forma, diante a fervura do laticínio,
que se eleva ao ponto de transbordar e, após se esparramar pela borda do jarro,
tal medida tem por fim apagar a boca do fogão, fazendo o leite a voltar ao
estado de inercia inicial, pois desligou, de forma forçosa, o incinerador. Ou
seja, o fogo ferve o leite, que sobe até transbordar, apagando o fogo. Esse é o
ciclo. A mesma coisa vale para as ações do homem ao modificar o meio, outrora
em repouso, por ser mudado, mexido.
Antes
de o leite transbordar do recipiente, acontece um fenômeno de eclosão de
milhões de microbolhas que borbulham sem parar, aumentando o crescimento de
expansão desordenada da matéria, até chegar ao ponto de boa parte do produto
sair do jarro. A mesma coisa acontece com o meio em que o homem está inserido,
ao perturbar, por exemplo, a moeda de um país, economia de uma nação, ou a
sociedade em geral, tudo começa a pipocar aqui e acolá, inicia-se devagar até
pegar embalo e acelerar, porque o meio foi perturbado por uma “energia intrusa”,
até a situação ficar incontrolável, ao ponto de gerar perda das mais variadas.
No caso do leite é perda de matéria. Já do lado social, a perda pode ser da
falta de avanço ou até mesmo regressão daquilo que já estivera constituído,
após o meio ter sido modificado arficialmente por manipulação do homem.
Inflação,
Bolha Imobiliária, Greve Geral, são borbulhas que cristalizam após o meio ter
sido perturbado. Tudo isso por causa da
falsa crença do caos controlado. No caso
da inflação monetária, a administração governamental enche só um pouquinho mais
de dinheiro a economia, em que a desculpa é que uma inflaçãozinha não fará mal.
A mesma coisa acontece no mercado imobiliário, em que os capitalistas especulam
só um tiquinho o meio, que na teoria não prejudicaria nada. E, também, nas
greves pontuais, que são feitas de forma acupunturais, em que se justifica
dizendo que uma perturbaçãozinha social não incomodaria ninguém. São falsas
crenças e, no final, todo mundo sabem o que podem acontecer. A falta de limite
faz colapsar o sistema, por causa da perda de senso racional.
Assim
como uma pessoa deixa o leite ferver, transbordar, e o produto apagar o fogo da
boca (do fogão), gerando sujeira e aquela nata grudenta encrostada no leite,
porque não teve o “time” (tempo) certo para tirar o leite quente no momento
exato, o mesmo acontece com a crise, em que a pessoa força a barra a cada
momento, até chegar ao ponto que “estoura” e tal elemento perturbado apaga tal
catalizador em funcionamento, ligado.
O
problema nem é realmente perturbar o meio, a fim de impulsionar uma
pontualidade, uma questão. Até porque para beber o leite quente há de esquentar
o produto no fogão. O problema mesmo se dá no “time” (tempo) entre a hora de
começar e parar com o processo de impulsão. Se o individuo tivesse essa
antevisão, não haveria crises de nenhuma forma, pois se saberia o momento exato
para parar com aquela situação, ao deixar de perturbar aquele meio incomodado.
Bush
perturbou o meio econômico com incentivos de hipotecas, ao ponto que houve uma
bolha imobiliária, que fez o próprio Bush, no final, ser condenado por ser o
criador de crise sistêmica da bolha imobiliária. Ou seja, pela teoria do leite
fervido, o leite ferveu – por causa do incentivo governamental - e apagou
justamente aquele fogo que aquecia o produto - o sistema engoliu Bush. O mesmo
está a ocorrer com o Obama, em que, num passado não muito distante, o atual
presidente americano criou paliativo econômico, ao fazer riqueza através de
inflação monetária, por despejar dinheiro sem lastro no mercado internacional.
A conta vai chegar e o Obama será apenado pelas consequências de suas ações. O
leite do Obama ferverá.
E
tudo isso se dá através da crença em acreditar em caos controlado. Porque na
teoria do leite fervido, se não colocasse o leite para esquentar, não haveria o
problema de estragar o produto pela elevação de temperatura, pois não haveria
perturbação do meio. Se houver uma solução que apague o fogo antes do leite
ferver por completo, seria o melhor para todos. Mas, se esquecer do leite no
fogo, a tendência é gerar caos. O lado bom é que já inventaram equipamento que
evita o leite ferver. Mas não inventaram ainda uma ferramenta que impeça que
crises aconteçam. Então deve tomar cuidado
para o leite não ferver, ou não manipular o ambiente.
Enfim,
talvez não tenha ficado inteligível o conceito, mas a regra é simples: sempre
que houver uma força inicial, que perturbe um meio qualquer, tornando o sistema
caótico (seja por crise econômica ou social), o ambiente tenderá a colapsar até
chegar ao ponto de conseguir acabar com tal força perturbadora de outrora
(inicial), para tudo voltar o equilíbrio, mesmo havendo alguma perda
substancial. Seja um leite fervido ou uma crise internacional.
Teoria do Leite Fervido de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
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