Por: Júlio César Anjos
A
profissão mais ingrata do século XXI é certamente a do policial. Sendo
estrangulado – no sentido figurado - diariamente pela mídia, que manipula toda
a sociedade a ir contra os defensores do povo, hoje ser um regimentar da
segurança é algo a ser louvado por todos que enxergam a importância institucional
desta corporação para o povo em geral. Mas, diante das mentiras contumazes da
imprensa, por que ainda perpetua-se no inconsciente coletivo do brasileiro a
questão do policial ser o vilão da história? Porque a maioria dos cidadãos não
percebeu que os tempos mudaram, não distinguindo a quebra de paradigma
histórico, a modificação cultural tradicional em curso desde o estabelecimento
da “democracia” até os dias atuais.
Para
analisar o texto, há de viajar no tempo. Desde a época do coronelismo até o fim
do regime militar, o policial era uma caricatura excêntrica da força mandatária
do poder. Geralmente o profissional dessa natureza era um leão de chácara, um
brutamonte, um parrudo que tinha força e faculdade mental questionável, que
fazia a limpeza da rua, atacando os baderneiros da época. Ou seja, o príncipe dos
príncipes dos bandidos ganhava o prêmio do emprego Estatal, por ser o melhor
dentro de todos os outros arruaceiros. Tal situação pode ser vista, de forma
lúdica, através do filme de entretenimento “Laranja Mecânica” - Kubrick, em que
os amigos vândalos do Alex Delarge (personagem principal da estória), dois
psicopatas de alta periculosidade, conseguem emprego na polícia, pois os
atributos se encaixavam na premissa da “segurança pública” da época.
Mas
as sociedades que se estabeleceram do coronelismo até o fim do regime militar
continham no serviço público o policial troglodita, ao passo que a tradição do
povo naquela época era conservadora, ou seja, o “policial brucutu” nada fazia de
mal para as pessoas de bem. Por isso que muita gente honesta pede até mesmo a
volta do regime militar, pois não foram afetadas pelo “fascismo policial” da época.
Porém, os tortos sofreram, e muito, nessa época de “repressão”, em que a
segurança pública não precisava servir e nem proteger o povo, que tinha como
manta social a doutrina religiosa, por isso o agente da lei mirava os esforços
a até mesmo “torturar” guerrilheiros – o que hoje podem ser considerados
terroristas.
Por
isso que os Titãs estouraram em sucesso a música “Polícia”, pois em uma
sociedade pacífica da época (amparada pela tradição cristã), as pessoas de bem
não viam o porquê de ter a milícia truculenta - não se dando conta que
justamente ser truculento contra bandido é que ajudava a limpar a sociedade -,
ao passo que os bandidos de verdade friccionavam as mãos de felicidade, porque
poderiam fazer, sem a opressão policial, crimes à revelia (já que faziam crimes
mesmo quando a época era militar). Pelo próprio amparo do povo, de uma forma
geral, o brasileiro tornou o policial eunuco.
Diante
da circunstância, o relativismo social deu força para fazer a carta magna Frankenstein
de 1988. Não se sabe ao certo quando foi inventado e quem cunhou a expressão, o
lema: “servir e proteger” para os policiais, a única coisa que se sabe é que o
tal “servir e proteger” aparece formalmente em lei na constituição de 1988. Por
isso que faz todo sentido do mundo, na cabeça insana do esquerdista, que o
policial só atire depois de ter levado um tiro, ou não reaja a determinada
situação, pois só cabe ao policial servir e proteger, nunca atacar nada e
ninguém. Neste mesmo conjunto de leis, há também a modificação da contratação
do policial, que vira servidor público, concursado (gabaritando na prova, com
viés socialista), sem poder ter antecedentes criminais, cooptado por ser mais
inteligente (na teoria) que os demais, além de obter sanidade mental intacta,
através de comprovação psicológica.
Com
a falta de rigor do Estado perante o bandido, o desvirtuado ganha livre trânsito
para se cometer crimes dos mais variados, pois, agora, o policial é
impossibilitado por lei a ser troglodita, além de o servidor público ser uma
pessoa “limpa”, pura, que não compreende a virulência humana – por isso que: ou
se corrompe, ou se omite, ou vai pra guerra -, tendo que a pessoa bonita e de
alma intacta ter que se modificar porque o sistema social, que incentiva o
crime, faz do policial a ter que filosofar entre o certo e o errado. E embutido
nessa situação, a sociedade que era conservadora no passado, agora já
relativiza muita coisa, ampara situações até mesmo imorais, porque o Estado
modificou o ser humano de bem, por causa das medidas políticas fracassadas, profanando
todo o povo pelos vícios e degradações morais.
Vendo
esse vácuo provocado entre o fracasso do Estado, além do enfraquecimento do
regimento policial de forma proposital – seja no âmbito cultural, seja na forma
de contratação (homens de bem que devem se modificar para limpar a cidade do
crime) -, o bandido, que não possui escrúpulo, geralmente o traficante do morro,
se arroga de autoridade e coopta toda aquela micro localidade, seja pelo medo
do “micro-ondas humano”, seja pela imposição coercitiva no meio, mostrando que
existem “Estados” dentro do Estado. O povo daquela pequena região começa a se
modificar e, seja pelo medo ou falta do Estado formal, vê no traficante o “Rei”
da região, que, ao ser atacado pelo policial, o agente público vira o estranho
da província, sendo chamado de fascista, é escorraçado pela população
modificada de maneira geral.
Portanto,
desde a época do coronelismo até o fim do regime militar, as pessoas eram conservadoras
(pacíficas), com a polícia troglodita - com o policial sendo o príncipe dos príncipes
dos bandidos -; Ao passo que, após a “democracia” constituída, o povo começou a
ser relativista moral, mas com uma polícia branda (policial concursado de alma pura,
liberado por lei a somente servir e proteger), gerando esse caos social. O ideal
organizacional seria, isto posto, a fusão do bem: povo conservador (pacifico)
da época militar e polícia pura (da contratação de efetivo atual). Mas,
infelizmente, a tendência é haver relativismo moral do povo, com a milícia se “corrompendo”
para sobreviver. A tendência é piorar.
Polícia e a Mudança Social de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
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