Por: Júlio César Anjos
As
bebidas apresentadas aos contos gráficos, seja os da literatura ou somente peça
de entretenimento, aparecem com frequência nos escritos inventados para
promover o conteúdo do livro, da peça teatral, arquivo religioso, ou até mesmo
do periódico jornalístico. O líquido com certo poder aparece constantemente nos
clássicos das escrituras, seja sagrada ou não. As poções das estórias são muito
mais legais do que os produtos vendidos no mercado, hoje em dia, como o
refrigerante, a cerveja, cachaça, entre outros.
Já
ouviram falar em: Mandrágora, Defunticaba, Cicuta, Hidromel, Leite-com, e
Composto Gummi? Certamente um ou outro, mas dificilmente todos. Caso saiba de
todos, então você é um cara legal. Voltando ao assunto, essas substâncias são
enriquecedoras nos contos, pois possuem poderes além do imaginável, que dão
força, ou não, para quem os usa. Tudo bem que o papel aceita tudo, mas fazer
criações que elevam de patamar, quebram paradigmas, e sobrevivem por gerações,
faz virar um clássico da literatura, ou de entretenimento, a procriar vastidão
de riqueza conceitual. E a bebida dos contos só faz promulgar tal condição.
A Mandrágora,
Peça de Maquiavel (1524), é a poção que tem o poder mais interessante. Segue: “***Nicia,
o idoso marido da bela Lucrezia, está infeliz por não ter herdeiros. E cai na
armadilha do jovem e robusto Callimarco, apaixonado por Lucrezia. Nicia é
levado a crer que Lucrezia ficará grávida se tomar um preparado à base de Mandrágora,
mas que a droga matará o primeiro homem que se deitar com ela. Callimarco se
oferece para a tarefa supostamente mortífera, enquanto Nicia consente
alegremente, perdendo a mulher para o rival.” E você aí achando que foi o
brasileiro que inventou a malandragem.
Defunticaba é a
poção que o padre, no filme Romeu e Julieta, deu à jovem Capuleto tal bebida
para fingir-se morta por um período, a fim de criar um falso funeral e, assim
fazer Julieta fugir com Romeu, para os dois viverem felizes longe de todos.
Apesar da estratégia não funcionar, pelo menos a poção de Defunticaba obteve
êxito, em que dá para fingir-se de morto após beber tal poção mágica. A criação
do Shakespeare teve como ápice a falta de informação e a capacidade do remédio
funcionar tão bem, no “momento certo”. A bebida (Defunticaba) é praticamente a
base da trama e do desfecho do conto.
Leite-com é a
bebida preferida do Alex DeLarge, do livro – A Laranja Mecânica, em que consumia,
sempre que podia sorver tal produto, um copo cheio do líquido precioso, antes
de ir fazer crimes na rua, porque a bebida parecia ser um aditivo para a
psicopatia. Se for analisar que leite é praticamente célula de pus, faz sentido
que somente um louco agracie tal produto pela gula, bebendo doses cavalares do
produto in-natura. Um copo de leite para cada crime, essa era a lógica da
gangue do DeLarge no conto Laranja Mecânica, livro que virou clássico do
cinema, pela película do Kubrick.
Composto Gummi é a
bebida dos ursinhos da série de TV da Disney, de 1985 até 1990. Caso esteja pra
baixo e o vilão seja mais forte, basta tomar o suco de Frutas Gummi para torná-lo
mais hiperativo, forte, revigorante. Sem o suco de frutas, os ursinhos não
seriam nada, pois praticamente toda a força deles, para combater o vilão do
conto, é o composto feito por várias frutas, que tornam os bichinhos tão fortes
que parecem até invencíveis.
Hidromel aparece
desde o conto de Harry Potter até o filme Robin Hood – de Ridley Scott. E o
mais legal é que o produto existe de verdade. Foi criado na Grécia antiga, com
a produção similar à fabricação da cachaça, produto artesanal, com grande teor alcoólico.
A diferença é que: enquanto no conto de Porter o Hidromel dá poder; no filme do
Scott só da ressaca.
Cicuta é o
veneno mais famoso do meio filosófico. É o veneno que matou Sócrates, por causa
de crime político na Grécia antiga. O composto era usado nas flechas, a ponta
ficava envenenada, em que, se a flecha não fosse mortal, ao menos o ferimento
envenenado mataria o alvo. Um golinho e adeus vida. É o composto mais famoso,
pois há até uma cerimônia para Sócrates tomar o veneno, com um ritual até mesmo
cabalístico.
Por
fim, a maior história de todas: Jesus transformou água em vinho, criando uma festa no povoado da época. Há algo mais
milagroso que não precisar fazer as etapas de fermentação da uva e torcer para não
virar vinagre o vinho incubado? Não há algo melhor do que, milagre maior,
tornar em segundos água em vinho.
Essas
são as principais bebidas dos contos. Está servido?
***
Nícia é homem. Para não deixar dúvida.
As Bebidas dos Contos de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
Comentários
Postar um comentário
Comente aqui: