Por: Júlio César Anjos
O
Brasil mostrou, novamente, ser um país político. A demonstração se deu através
da mega-manifestação pedindo o impeachment da Dilma, no dia 15 de março de 2015,
com a insatisfação geral como a bandeira de junção. Diante das circunstâncias,
é sabido que o brasileiro é um ser politizado. Hoje, até o considerado
“apolítico” compreende que tal significado da palavra remete ao abandono do
empenho – e da vigilância – da coisa pública, não podendo fugir do “contrato
social”, a manta da organização do comum invisível. Ou seja, faz parte de uma
manta de administração governamental. Porém, ainda assim, há diversas variações de
politizados, que, mesmo sendo seres que ajudam a melhorar o país, se embaralham
nas diversidades das medidas sociais.
Há
três variações, a saber, sobre as diferenças dos cidadãos aguçados pela coisa
pública hoje em dia: Os que são/estão
engajados no processo eleitoral; Os envolvidos/comprometidos diante de campanha eleitoral e/ou manifestação; E os que
querem mudança pontual/radical do
processo político. E dentre tais vertentes, há também as modulações (várias
outras causas menores) de interação entre esses fatores, sendo modificados ao
gosto do politizado de prontidão.
Os
que são ou estão empenhados na coisa pública se diferenciam por serem
vivenciados pela causa política ou não, em que as pessoas que são politicas
vivem em eterna vigia da coisa pública, enquanto que os que se desprendem da
observação diária delegam tal privação a terceiros. Há aqueles que são
engajados de forma vitalícia e há cidadãos que só praticam da vida pública em
momentos específicos, quando há interesse pontual. Portanto, algumas pessoas são politizadas,
enquanto que outros indivíduos estão “políticos”.
Também
há a diferença entre as pessoas que estão envolvidas ou comprometidas no
processo político eleitoral. Os que estão envolvidos no processo de condução
social podem até mesmo serem “kamikazes”, atacando e se expondo de forma
contundente, pois não tem nada a perder, só a ganhar na mudança de status
eleitoral. Já o comprometido está formalmente, na maioria das vezes, exercendo
atividade política, deve seguir normas, padrões de conduta, até mesmo decoro,
por se figura pública ou agente que tenha agenda a cumprir (e responsabilidade
ao se portar em público). Para critério de exemplo, um envolvido pode ser um
eleitor comum, enquanto que o comprometido é um cientista político de partido.
E,
por fim, existem as pessoas politizadas que querem somente a mudança pontual,
enquanto outros querem mudança radical. O que pede mudança somente de cadeira é
um politizado alinhado com o viés, regime político do momento, vendo que o
problema, talvez, seja somente do gestor ruim. Enquanto que o eleitor que quer mudança
radical, quer mudar até mesmo o ideal político em curso, exigindo severa
metamorfose da coisa pública. Aqui aparecem pessoas da dita Esquerda, Direita,
ou Independentes no processo de condução nacional.
Muita
gente, para mensurar manifestação politizada na rua, pega fatores como idade,
sexo, Classe Social e etc..., não compreendendo que a situação é muito mais
complexa, além de ter ainda variantes incontáveis de pessoas fazendo pedidos
específicos de cobranças, o que mostra a complexidade em definir um padrão da
multidão que está cansada de sofrer e, com isso, para tudo para protestar. Por isso
que é compreensível a “desorganização” de pautas de protestos nas ruas, o que
mostra ser saudável a diversidade de todos os tipos, desde pensamento até
status social.
Lógico
que sempre haverá diferenças de tudo quanto que é tipo em uma manifestação verdadeira,
pacífica. Esse negócio de todo mundo marchar junto, desde reivindicação até o
vestir, é uma coisa assombrosa, uma enfermidade coletiva. Não faz sentido
pessoas de situações completamente diferentes terem o mesmo molde, mesmo padrão,
sendo que há várias reivindicações pontuais e globais em curso. Pessoas que
andam em gangue a se manifestar, apesar de serem “politizadas”, são
completamente tapadas e merece atenção especial, como se tratar no médico tal doença
social. Ou é um “politizado” comprado
com pão com mortadela, ou com dinheiro vivo, ao fazer o cidadão virar “protestador
profissional”. Neste caso, esse ser nem
pode ser levado a sério, pois é um vendido eleitoral.
Mas
mesmo nas diversidades de politizados, há pelo menos de se organizar em fazer
um pedido específico para mirar no alvo em que se queira acertar. O exemplo contumaz,
para critério lúdico, está na organização da redação em que: 1) Existe o Assunto;
1.1) Forma-se o tema; 1.1.1) E Trata-se dos tópicos específicos de tal redação.
Mesmo com todas as diferenças, há de focar no “assunto”, naquilo que deseja
acertar, como na manifestação que deve ter um pedido aclamado por todos, sem
contestação, em que mostra em pelo menos uma situação a atração das pessoas
pelo mesmo fim. Como foi o caso do ASSUNTO impeachment da Dilma (15/03/2015).
Portanto,
para identificar potencialidades dos politizados, há de fazer as seguintes
perguntas: O manifestante é ou está político? Ele está envolvido ou
comprometido com o processo eleitoral? Ele quer mudança pontual ou radical sob
aquilo que o incomoda? Essas perguntas, talvez, são mais importantes do que
ficar fazendo tabulação de dados no Excel sobre sexo, idade, classe social e
etc... da manifestação popular.
Politizado de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
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