Por: Júlio César Anjos
Do
Calouro assustado até o veterano fazendo colação de grau, muita coisa realiza-se
neste meio tempo, até mesmo não acontecer nada de fato. O aluno passa pelo
exame de seleção, estuda a partir do que já fora lecionado no ensino “inferior”,
para fazer as provas dos módulos do curso. Após passar pelas etapas formais,
atingindo os objetivos traçados pela instituição, o estudante está formado. Mas
formado em quê? Depende do molde utilizado. E também daquilo que foi usado para
fazer o preenchimento do espaço, na cabeça, do aluno interessado. Vira,
portanto, profissional. Não importando se não está preparado para o mercado de
trabalho. Agora o homem tem canudo, tem reputação! O que é, na verdade, uma
enganação.
Este
é o primeiro messianismo da universidade: fazer de um moleque “ranhento” um
Deus! Veja bem: o jovem estudante, no tempo que ficou na universidade, só levou
na bagagem teorias, além de alguma sabedoria ao fazer estágio supervisionado.
Mas isso não o congratula como um ser superior aos demais. Uma pessoa, por
exemplo, estudando sozinha, em casa (autodidata), pode obter muito mais
conhecimento do que um parasita universitário que só está em sala de aula para
responder a chamada e fazer a formalidade institucional. E mesmo quando arranja
um emprego, o rapazote tem que fazer integração e aprender no dia-a-dia a
profissão, pois muito do que foi ensinado na faculdade não se compatibiliza com
a prática, havendo um paradoxo conceitual.
O
segundo item se dá através da ilusão sobrenatural das universidades (e dos
alunos pródigos) de poder prevenir catástrofes. Tanto não podem fazê-lo que
acontecem ocorrências desastrosas tanto perante a natureza quanto problemas econômicos
com frequência. Em alguns casos,
utilizando-se da reputação ofertada pela sociedade, aproveitam o voto de confiança
para venderem embustes, estelionatos que, com certeza, sabem que estão
cometendo (ou cometem o crime sem saber mesmo). Como é o caso da bolha
imobiliária – mundo afora – tal estelionato que é sempre avalizado por um
engravatado “especialista” e renomado, que deve receber um por fora para
avalizar tal golpe orquestrado. O mesmo vale para estudo “científico” sobre o
aquecimento global, para vender caos e desinformação perante um povo
apocalíptico qualquer. Portanto, as
universidades não só não previnem as catástrofes como os catalisam, com os
players universitários cometendo crimes dos mais variados. Ou seja, a
Universidade pode até mesmo criar criminosos engomados.
O
terceiro caso advém da falsa afirmação que a universidade é o ingresso para o
sucesso, em que o formado ganha bastante dinheiro com a qualificação. Primeiro
que estudo não dá dinheiro, o que dá dinheiro é carrinho de pipoca. Estudo dá
esclarecimento, cultura, facilidade para conseguir inventar ou administrar
algo, mas não é, sem sombra de dúvida, o bilhete premiado para a riqueza e a nobreza
do status social. Há muito formado por aí que é somente um apêndice de bancada
burocrática, ganhando mixaria, reclamando de governo e patrão, mas que no final
das contas é só um encostado sem muita utilidade. Há até, hoje em dia (por
perder status ao ruir a qualidade em excelência através de cotas) alunos da
federal desempregados e sem encaixe no mercado de trabalho, caindo o mito de a
Federal ser a amplitude do saber e da certeza do sucesso de carreira
profissional. Sem falar que Bill Gates e
Mark Zuckerberg são podres de ricos e nem canudo de faculdade possuem.
Além
de existirem outros fatores, como, por exemplo, as miscelâneas profissionais,
em que o diplomado tem uma formação de um lado e ocupação de outro. Como é o caso
dos exemplos: 1) Olavo de Carvalho, que tem formação em Astrologia, mas é o
maior filósofo brasileiro em atividade; 2) Rodrigo Constantino, que é
Economista de formação, mas é o maior Cientista Político (humildemente se diz “blogueiro”)
do Brasil. Às vezes o diploma universitário ajuda, mas não é o principal fator
de sucesso profissional, ao que mostra que a busca pessoal e a vontade, por ser
autodidata, congratula no êxito profissional almejado. Ser autômato do sistema,
cumprir somente a grade estudantil, trabalhar de empregado e aceitar tudo o que
seja estabelecido, por terceiros, certamente não fará com que o empregado diplomado
obtenha sucesso em qualquer coisa que seja a não ser no máximo chefe de seção.
A universidade, tão somente, não tem o poder de fazer de um contínuo melhorado
um profissional renomado.
Portanto,
a universidade não tem poder messiânico para nada, nem para formação, nem para
prevenção, muito menos garantia de sucesso profissional. A Universidade é somente uma obra de
engenharia retangular, arquitetada para comportar certa quantidade de pessoas,
ao interagir em um mesmo propósito, mesmo fim. Embora seja importante o rito universitário na
escala de organização social, não é o fato precípuo para obter realização
pessoal, caso fique esperando as coisas acontecerem por mágica, do nada. Cair no colo sucesso sem esforço é
mito. Nada mais.
O Mito Messiânico das Universidades de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
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