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Inflação

Por: Júlio César Anjos

A inflação, coeteris paribus, é aumento da oferta monetária, fiduciária, no mercado doméstico. É dinheiro impresso sem lastro. É cédula sem valor real em execução. Diante disso, quanto mais o governo jorra moeda na economia, os reajustes dos preços vão se aclimatando, até o ponto de tudo parecer mais caro do que outrora, perdendo o parâmetro de valor entre mercadorias e produtos, por causa do descontrole cambial. O dinheiro novo circula antes na elite, para só depois descer às "castas inferiores". Isso gera desarranjo e as consequências estouram no aumento desordenado dos produtos de primeira necessidade, afetando os menos abastados de um país atormentado pelo problema inflacionário.

Mas há outras consequências inflacionárias perante somente o aumento de moeda no mercado. Há também inflação em relação à paridade cambial, e também em relação à oferta e demanda de produtos no mercado. Nas duas situações, o agravo pode ser ocorrido pelo desarranjo econômico, ao natural, mas também pode ser ocasionado por barbeiragem política. Dos desarranjos de marcado, é algo cíclico, temporário, em que a mão invisível faz o trabalho de equilibrar a economia de forma espontânea, após problemas pontuais gerarem tal desconforto.  O entrevero maior mesmo se passa quando há erro governamental.

O problema de inflação por oferta e demanda pode ser pontual ou não. Inflação pontual é aquela ocorrida em curto prazo, diante determinados produtos, por causa de algum problema extraordinário. Para critério de exemplo, uma praga ataca a maioria da cultura de café e faz faltar o grão no mercado. Diante disso, quem comprar café terá que arcar com os custos das perdas, além do leilão inverso porque a demanda é maior que a oferta do produto. Desse jeito, explode, temporariamente, o valor do café.  Já na situação de governo, geralmente no longo prazo – pode ocorrer em curto prazo também, o exemplo vem da situação inóspita para um empresário desenvolver negócio, sendo inviável o mercado por causa de um governo tirano. Com a falta de player para produzir tal produto, os poucos empreendedores “apadrinhados” (?), que estão inseridos neste mercado específico, tendem a aumentar os valores de tais produtos, por ter certo monopólio desta mercadoria. Se há poucos produtos (por causa da seleção de campeões nacionais pelo governo) e muita demanda, o produto dessa mercadoria sobe por interferência de governo.

Na situação de inflação ocasionada por paridade cambial, em que o dólar é maxi-valorizado perante o real, o problema ocorre pelo desvio de produção nacional para o mercado internacional via exportação. Além do ciclo inverso, na importação, em que os produtos escassos da produção nacional, tendo que serem comprados “no exterior”, faz com que a correção da precificação jogue os preços nas alturas. Ou seja, dólar alto, em suma, gera desvio de produtos para o exterior (é atrativo exportar), enquanto que os produtos que são importados para o Brasil encarecem por causa justamente do reajuste cambial (Exemplo: Jogos de videogame).  A situação poderia ser amenizada se o Brasil fosse competitivo (ter qualidade e produtividade). Se o Brasil fosse produtivo, daria para atender o mercado nacional e parte do mercado externo, com ganhos nas duas pontas. Como o Brasil não é produtivo – e há também a relação do capitalismo de estado, dos campeões nacionais -, quem paga mais, leva (gerando o slogan: “Tipo exportação”). Como o Brasil não tem competitividade, o espirro do aumento do dólar gera o cataclismo da inflação.

Num passado não muito distante, o governo brasileiro disse que os EUA estavam fazendo um tsunami monetário e que isso afetaria os países do mundo, inclusive o Brasil. Com a oferta de dólar, é óbvio que o real se valorizaria perante a moeda americana, ocasionando quebradeira da indústria nacional (porque o pátio fabril é improdutivo e sem qualidade).  Com o real valorizado, as pessoas comprariam produtos de fora e haveria quebradeira geral da indústria nacional (desempregos no setor e etc...). Evitando a isso, o governo deu contragolpe neste sistema e também aumentou a banda de moeda nacional, equiparando ao pedido da moeda estrangeira, para equilibrar o cambio. Como o governo imprimiu moeda? Simples, emitiu títulos do tesouro e abasteceu banco de fomento (BNDES). Portanto, o lastro da moeda é a dívida (a garantia é o governo).

Há outros fatores que catalisam a inflação, como, por exemplo, luz e petróleo, que são duas ramificações que justamente no Brasil possuem controle estatal. No caso das indústrias, as empresas consomem muita luz e precisam comprar a energia em lotes, através de leilão. Outro fator que gera inflação é o aumento do salário mínimo, fazendo um estimulo e aumento da propensão a consumir. Tanto o fator de despesa corrente quanto aumento da folha de pagamento gera aumento de preço do produto, sendo repassado para o consumidor final.  Por fim, liberação de crédito também pode gerar inflação, aumentando a demanda de consumidores, o que cria, também, inflação por aumento de demanda perante a oferta. Enfim, são várias pequenas situações que ajudam a inflação aumentar ou diminuir num país. E, não satisfeito com o cenário nebuloso, o governo fomentou o consumo, tentou conter a inflação por controle de preço na luz e no petróleo, além de arroxar o salário (mínimo) a fim de manter os preços estáveis. Ou seja, há evidência de governo em tudo.

As circunstâncias determinam descontrole inflacionário no futuro.  Há fuga de capital (maior procura pelo dólar por vários motivos), cotação do dólar disparando, grandes quantidades de moeda nacional (real) no mercado, além de problemas como estiagem, luz, problemas de produtividade e caos social, tudo que pressiona a inflação às alturas. Diante desse cenário de “guerra mundial”, ocasionada pelo PT, muito dificilmente a inflação será de um digito (até 9%) esse ano. A menos que o IBGE e IPEA façam estelionato estatístico (estuprando a realidade), com certeza a inflação do país esse ano será de dois dígitos (10% pra cima).

 Por fim, muitos intelectuais miram em alguns aspectos para analisar a situação (fora) de controle da inflação. No caso, por exemplo, este blog - Efeito Orloff - mira em dois indicadores cruciais: aumento de câmbio e aumento de salário mínimo. O aumento de câmbio é quando o mercado “confessa” que há problema no valor da moeda nacional. Aumento de salário mínimo, para correção, é quando o governo “confessa” a inflação desordenada. No caso do salário mínimo, se o governante não corrigir os salários perante os aumentos sucessivos da inflação, esse governante “matará” o pobre com tanto arroxo salarial. Por isso que o Sarney, na época da hiperinflação, fazia as correções mensais do salário mínimo. Portanto, correção semestral, quadrimestral ou mensal de salário mínimo é certeza de inflação descontrolada, confessada pelo governo incompetente de uma nação.





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