Por: Júlio César Anjos
Os
liberais insistem em dizer que os empresários buscam o BNDES por causa do
crédito barato, com juro abaixo da inflação, como se somente essa benesse fosse
decisória para os players fazerem o capitalismo de estado. A verdade é mais
sombria que parece e não é só pelo crédito fácil que há tal simbiose econômica.
E o governo jura que deixa essa taxa de juros baixa para “incentivar” o
mercado, via desenvolvimentismo. Mas a verdade é que os objetivos e interesses são
diferentes, com um cabo de guerra ocultado pela política.
Rodrigo
Constantino, certa vez, argumentou que toda a torcida do Corinthians e do
Flamengo gostaria de captar empréstimo do BNDES com juros baixos, dando a
entender que somente esse artifício seja um agente estimulante para obter
recursos a investir. Para os mortais brasileiros só esse condicionante é um propulsor
para buscar credito de forma inconsequente. Afinal, o brasileiro médio não tem
poupança, ás vezes nem nome limpo na praça, então somente pegar crédito já é um
atrativo e tanto, quanto mais a juros baixos.
Mas
o empresário podre de rico não sofre da necessidade de pegar esse juro baixo,
justamente porque esse player é podre de rico, já tem capital acumulado o
suficiente para as futuras gerações viverem bem. Os acionistas da Odebrecht,
por exemplo, são muito ricos e podem, via poupança, fazer investimentos no
mercado, por conta própria, sem apoio de governo para concluir obra. Mas por que,
afinal, aceitam pegar os empréstimos a 4%? Porque jogam o jogo. Se não fizer isso, outro
player pega a fatia do bolo. Simples assim. E porque é dinheiro fácil passando
na frente do empreendedor. A Odebrecht, por exemplo, salvaguarda toda a
acumulação de capital existente, salva esse montante em um paraíso fiscal, e
vai brincar de investir (com esse dinheiro do BNDES com juro baixo) em qualquer
lugar, pois esse recurso do estado é dinheiro da viúva e se não der certo os
empreendimentos, o estado que fica com a conta. Se der certo, fica mais rico do que antes; se
der errado, o prejuízo é socializado.
E
o governo oferece esse benefício de 4% de juros, via BNDES, porque quer
fomentar um Brasil melhor, certo? Errado. O governo dá esse aperitivo para
criar uma espécie de bunker de máfia, em que se aglutinam os maiores players
para as suas presas, tornando parceiros financeiros, e, também pelas situações,
políticos da negociata e relação promíscua entre os capitalistas de estado e os
políticos golpistas. Se o projeto que concedeu os 4% de juros for executado com
sucesso, o governante mostra a realização da obra como saldo positivo de
governo, ganhando status político e fazendo algo bom à custa do erário publico.
Mas se a construção não tiver um final feliz, o governo coloca o empresário no
tronco, por não honrar compromisso.
A
corrupção também é um atenuante de caso pensado. O governo, com controle do
Estado e as instituições (está tudo aparelhado), garante que o governo segurará
as pontas, caso o escândalo de corrupção seja deflagrado e descoberto pela
população. Ao passo que cria facilidades para gerar a corrupção. Então o empresário
corrupto, com salvaguarda do capital em paraíso fiscal, utilizando-se do
dinheiro da viúva para “brincar”, é lógico que se corromperá para fazer mais
dinheiro do nada. O empresário sabe que
não dá para confiar no governo porque defende o dinheiro no exterior, ao passo que
torra o dinheiro dado pelo governo sem o menor pudor. E o governante tem nas mãos
o empresário corrupto que, se não fizer tudo o que o político quer, ao menos
estará preso pela base do governo, ao não poder ir pedir socorro e nem formar
alianças com a oposição. E assim se faz a NOMENKLATURA!
Em
uma economia saudável, num sistema capitalista, com regras claras do jogo, e o
governo distante do mercado, o benefício dos 4% de BNDES seriam rejeitados por
todos, por ser um desequilíbrio entre concorrência, sendo impedida justamente
pelos players interessados tal anomalia, pois beneficiaria somente os amigos do
rei e faria quem não fosse alinhado ao governo sofrer consequências por
concorrer com oponente com investimento a juro menor e defesa do governo com
outros tipos de barreiras, acabando com o livre mercado. E sendo um player rico
nessa condição, o capitalista utilizaria a própria poupança para tentar obter
lucro no mercado concorrido, pois tem dinheiro próprio para “brincar” no
mercado. Por isso que capitalismo significa: “investimento privado no meio de
produção”.
Petrolão
será só mais um teatrinho. O que pode feder mesmo é essa promiscuidade no BNDES. Por isso que não é só pelos 4% a atratividade do empresariado ao Estado. E o povo pagará a conta. Porque o eleitor brasileiro
gosta do PT.
Vida
longa ao PT.
O trabalho BNDES: Não é só pelos 4% de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
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