Por: Júlio César Anjos
Para
entender o que está acontecendo com a votação da revogação da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), nada melhor que trazer um exemplo lúdico sobre a negociação entre dois
lados interessados. Segue:
Em
Curitiba existia um lugar que se chamava Pedra,
em que havia várias negociações, a saber, sobre todos os tipos de mercadorias.
Os produtos eram de qualidade duvidosa e a maioria da negociação girava via
escambo. Sempre acontecia de um comprador de carro sair com o veículo
empurrado, pois nem mesmo funcionava o automotor. Parecia Roma antiga. Trocava-se violão por armário, roupa por bugiganga e assim por diante. Mas, certa vez, uma
coisa engraçada ocorreu, uma negociação não foi efetivada. Um lado tinha um aparelho
micro-ondas (estragado, talvez) e o outro possuía galinhas (umas 10, talvez)
para trocar. Mas nenhum dos dois tinha o produto em mãos e queriam receber o
produto antes. Resultado: o negócio não se concretizou. O pessoal já sabia que
não aconteceria o negócio porque eram dois malandros querendo passar a perna um
no outro, por isso que nenhum dos dois tinha os produtos em posse, no momento da troca.
A
maioria das pessoas acha que a demora em revogar a LRF se dá porque o governo
quer vencer pelo cansaço, dando a entender que há uma quantidade significativa de
bancada contrária sobre tal situação. Já a oposição faz barulho e acha que está
vencendo a queda de braço, pois há adiamentos e isso é bom para aumentar as
chances de convencimento. Mas o fato é que existem dois malandros fazendo essa
negociata e que está fazendo o jogo, por isso a demora em aprovar tal
revogação.
O
PMDB e aliados querem ministérios, mais a emenda do decreto (700 mil para cada
parlamentar). O governo quer a revogação aprovada. E o negócio não sai porque
ninguém entrega o produto primeiro. Se o PMDB e aliados aprovar a solicitação,
quem garante que o PT vai cumprir o que promete? Até o decreto da verba está
condicionada à legalidade no STF (ou seja, não essa grana não está acertada). E
Se o PT entregar cargos e mais bônus, quem garante que os aliados continuarão
aliados? Pode ser que o PMDB, após ganhar tamanho e forma, tenha o caixa do
ministério e ainda seja oposição do governo. Então, por causa dessas duvidas,
há essa demora em aprovar ou não a lei do calote.
Portanto,
o Congresso virou a Pedra (lugar de negócios duvidosos de
Curitiba). E um malandro quer passar a
perna no outro. Enquanto isso, a oposição finge acreditar que está ganhando
tempo, o povo finge acreditar que tem poder, e as pessoas acreditam que a
estratégia de governo é vencer pelo cansaço. Nada mais falso. É só o PT pingar grana na conta, satisfazer
os aliados com ministérios que a aprovação sairá na hora. Constata-se pra ver o
nível: Nem a base aliada tem confiança neste governo.
E
é por isso que Renan Calheiros está rindo à toa, pois é o principal articulador
dessa patacoada toda. É o homem mais poderoso dessa negociação.
E também dá pra ver, nitidamente, que o PT está na mão do PMDB.
E também dá pra ver, nitidamente, que o PT está na mão do PMDB.
Negociação de Malandro de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
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