Por: Júlio César Anjos
A
Intervenção é golpe e o golpe é intervenção. Porque todo golpe faz alguém ter
que intervir (tomar parte) para conquistar o que deseja. Ao passo que a partir
do momento que se intervém, só se faz mediante coerção (física ou não).
Portanto, quem pede que os militares reajam sobre aspectos políticos, nada mais
faz do que intentar pela invenção militar.
As
pessoas estão desesperadas por causa da sanha dos larápios que se impregnaram
no poder. Ao passo de não poder tirá-los de lá via convencimento (democraticamente),
tais cidadãos de bem clamam até mesmo para uma restauração dos pilares
republicanos, em que clamam até mesmo ofensiva hostil, pela miríade militar. É
a angustia em tentar achar um herói ao meio o caos.
Desta
maneira, o conterrâneo quer derrubar o poder que está constituído, em vigor,
sem ao menos verificar o que poderá ser instituído e subirá emanado pela
comoção popular. Pela falta de opção, há aquele risco a correr entre tirar um
governo bárbaro, apoiar um dissidente desconhecido, ao passo que apostaria
todas as fichas no casual porque não aguenta mais o grupo político corrupto que
está criando raízes por ser criminoso. O
problema não é derrubar um poder, mas o que viria a subir a seguir.
No
ideário das pessoas, os militares atacariam esse governo corrupto, tomariam o
poder e viriam, via eleição extraordinária, a entregar o poder de “mão
beijada” para o povo. O problema é que,
se os militares tomassem o poder, quem garantiria que haveria eleições
emergenciais? E também, pelo mote da situação, com certeza haveria candidatos
políticos generais, tornando também estéril a democracia por dar guarida a
intervencionistas que virariam golpistas. O povo quer que o militar faça toda a
sujeira, para depois entregar o poder sem mais nem menos. Impossível acontecer.
Todo mundo cobiça poder e não há espaço vago
na política. Após cair um regime
socialista, em que as pessoas não querem mais o socialismo, é obvio que subiria
outra vertente, com amparo coercitivo e legal (intervenção militar está na constituição),
delegando poderes inimagináveis a um segmento popular armado. Complicado. Tem que
parar para pensar sobre desdobramentos, pois as escolhas não se dão de forma
retilínea como todo mundo imagina realizar-se, indo direto nas consequências
que as pessoas gostariam que acontecessem. A causa e efeito sempre são
diferentes do que se imagina, por melhor que seja a estratégia pensada
anteriormente, por causa, justamente, de imprevistos.
Nesse
aspecto de criar um heroísmo nos militares, as pessoas não entendem, mas pensam
de forma igual aos comunistas. Veja só: 1) Comunistas: Articulam a ditadura do
proletariado, criando tamanho e forma, para obter o poder, a fim de entregar
esse poder para o povo. 2) Intervenção Militar: Articulam através de comoção
popular a ação dos militares, para tomarem o poder, para entregar esse mesmo
poder ao povo. Ou seja, a estratégia é diferente, mas o mecanismo é o mesmo,
tomar o poder e entregar ao povo. Não funciona.
Esse
pensamento de enxergar o militarismo como sendo o herói armado que salvará a
sociedade é tão infantil quanto acreditar no comunismo. E não funciona de forma
igual. Pois, uma vez que um grupo esteja no poder, com todas as benesses
possíveis, através de apoio (in)condicional do povo, essa turma aceitará o
poder ofertado pela sociedade e dificilmente entregará espontaneamente tal
dádiva de organização social.
Como
no texto “À espera do Cherrea”, fiquem tranquilos, comunistas, que os militares
não farão esse ataque, pois estão bem servidos ao invés de servirem. E também
não há traição patriótica em curso (pelo menos não abertamente, embora o Foro
de São Paulo seja grupo estrangeiro governando o país), para que a intervenção
militar seja legitima (no aspecto legal).
E
há também indícios que o próprio PT estaria criando essa sanha da intervenção
militar, para deslegitimar os protestos, a fim de o partido do petrolão manter
pelo poder o que está em curso (Pátria Grande). Tentaram os Black blocs e agora
tendem a criar essa dissolução, fruto da desinformação dos contrários ao PT no
poder.
Portanto,
pedir intervenção ou mesmo golpe é somente uma invenção militar. Algo que vem
do imaginário de muitos que estão inconformados com o grau de sujeira política
que se encontra o país. Aos “intervencionistas” do bem, usem a cabeça e joguem pela
democracia, que é o melhor a fazer.
Sobre o link do texto citado:
http://efeitoorloff.blogspot.com.br/2014/02/a-espera-do-cherrea_17.htmlInvenção Militar de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
Comentários
Postar um comentário
Comente aqui: