Por: Júlio César Anjos
As
pessoas comumente confundem dinheiro com capitalismo. Avistou uma moeda? É
capitalismo, ora, pois. Se isso for verdade, então o mundo conhece o
capitalismo desde as civilizações antigas, em que Jesus, ao olhar uma moeda com
gravame do perfil do imperador, proferiu a seguinte declaração: Dai a César o
que é de César; Dai a Deus o que é de Deus. Dinheiro é simplesmente mecanismo
de troca entre mercadorias. E capitalismo é simplesmente investimento privado
no meio de produção.
Como
é um investimento privado, é notório saber que não se pode ter a existência do
governo, nem “ajudando” e muito menos atrapalhando. O Brasil não planificou (totalmente) a
economia, pois já viu o que aconteceu no passado, na história, e com vizinhos (Argentina e Venezuela), mostrando o
fracasso retumbante em tal situação. Mas
utiliza-se de ferramentas que desvirtuam a economia, criando desarranjo no
capital (máquinas e utensílios), em que se perde ou ganha atratividade em um
ramo de negócio porque o governo interferiu sobre tal segmentação.
O
exemplo é a utilização do BNDES como instrumento de bondade. O capitalista que
faz a promiscuidade de estar em conluio com o governo, ao invés de investir o
dinheiro no mercado incerto (podendo até mesmo perder o retorno investido),
busca dinheiro barato para fazer o projeto que está disposto a se “arriscar”,
pegando empréstimo de todos os brasileiros, que, através de um grupo de
governo, libera tal simbiose governista/capitalista para gerar circulação de
mercadoria e/ou serviço em um novo ramal de negócios.
O
BNDES tira o investimento privado, embora não tire o risco elevado do
capitalista, por três motivos: 1) Deixa o capitalista na mão do governo; 2) Libera
recurso àqueles que bajulam o Estado; 3) Caso tenha sucesso, o negócio gerará
emprego e haverá retorno do dinheiro investido nos cofres públicos. Tudo isso
para criar o cartaz de que o governo e os políticos são bonzinhos.
Para
gerar atração em ser cliente do BNDES, o banco tem que gerar taxas inferiores
ao do mercado, em regime de exceção (porque na teoria visa uma boa causa), para
semear a economia, como se o semeador fosse um oráculo que faz melhoramento
geral. Quem vai pegar dinheiro com juro elevado se basta apertar mãos para
pegar dinheiro mais barato pelo viés estatal? Óbvio que ninguém fará isso.
Mas
o governo, ao ter esse poder em fornecer juro baixo, além de ter o próprio
poder como Estado, utiliza o mecanismo para canalizar recursos em locais
que os capitalistas não acham atrativos, criando atratividade artificial por
causa de arranjo governamental. O capitalista, que quer lucrar, embarca nessa
toada, não se importando, em primeiro momento, que somente pegar dinheiro barato
não é tão importante, tem que ver se a economia é saudável ou se dá, através de
liberdade e espirito selvagem (a meritocracia aqui foi embora), auferir ganhos
através de empréstimo para financiamento.
Tais
ocorrências através dos fatos, com o BNDES estimulando áreas menos atrativas
através de lobby com os empresários simbióticos (estão com medo de colocar o
próprio dinheiro em um investimento e “empresta” dinheiro barato do governo), caem
na armadilha em entrar em um mercado travado porque acreditou que o juro baixo,
por si só, seria uma vantagem perante os demais. Tal situação está fazendo com
que os empresários estejam endividados, mas menos preocupados porque devem para
o governo. Mas daqui um pouco vão se preocupar, só aguardar e verificar os
desdobramentos da economia.
Outra
interferência de crédito se dá através do programa “minha casa melhor”. De
novo, obriga o mercado a se adaptar ao interesse do político, juntando-se ao
programa porque o mercado, de novo, foi perturbado, sendo uma das saídas em
curto prazo para auferir um pouco de lucro. E quem fornece esse incentivo é a
Caixa Econômica Federal, banco do governo.
Não precisa dizer que está no manifesto comunista centralizar crédito em
um banco estatal, perfazendo a satisfação em agir de forma comunista no
mercado.
E, por fim, quando o país está em crise e todo
o aparato econômico está nas mãos, não do capital, mas do governo, é lógico que
isso gera poder, criando economia estatal. Até porque se tudo estivesse bem, a
maioria das empresas teriam poupança e não precisariam ser subjugadas pelo
estado, através de crédito governamental. É obrigatório a economia estar mal, para gerar incerteza e problemas para o governo “interferir” como um messias, ao fazer essa simbiose. Mas, veja bem, quem gera crise é justamente o governo que
gera burocracia sufocante, tira a liberdade, não dá meritocracia e inibe o
espirito selvagem do capitalista de atuar. Empresa lucrando bem e com poupança
não precisa pegar dinheiro emprestado para melhorar portfólio, aumentar a
empresa ou mudar o setup de melhoramento de tecnologia em equipamentos e etc.
Sem
falar que no Brasil privatização é uma palavra demoníaca, em que o estado tem
que fazer tudo, desde tapar buraco na rua até oferecer hospital “grátis”,
fortalecendo o estado perante o capital.
Como
o ambiente econômico é hostil, com juro baixo na mão do governo, com muita
burocracia, muita inadimplência (tanto do empresário quanto do cliente), com o
governo investindo só onde quer que seja investido, tudo isso gera medo ao
investidor, que deixa de investir em um startup, por exemplo, pra conseguir
auferir ganhos relativos comprando títulos do governo e/ou até mesmo deixar
dinheiro na poupança. O pensamento é simples: Se os empresários experientes
estão pedindo socorro, falindo, e em crise, o que será de mim, um novato,
entrando em um mercado totalmente asfixiante para o capital? Por isso a desconfiança,
por isso o “pessimismo” do mercado diante estímulos do governo.
Protecionismos,
acordos de cartel, monopólios também são problemas que ocorrem quando o estado
dá as cartas, sendo conivente ou até mesmo sendo o “único” a operar em
determinado setor. Cria-se, então, os defeitos que inibem o capitalismo sadio,
com o estado sendo a vacina (letal) de tal enfermidade empresarial.
Portanto,
diante de tudo isso, conclui-se que: O Brasil é desenvolvimentista.
Mas
o governo gosta de ver o povo em geral confundir desenvolvimentismo com
capitalismo, pois o fracasso gera rejeição, em que as pessoas atacariam o
capitalismo ao invés do governo, que "estimula" economia, que asfixia o empreendedorismo através de burocracia, que destrói a economia para ter poder perante o capitalista,
justamente para aumentar o poder diante a sociedade inteira.
O
capitalismo aceita um estado mínimo, que só faça a regra do jogo. Somente
isso. Qualquer coisa que ultrapasse tal situação, tal qual pela burocracia,
império das leis, concentração de crédito e estimulo estatal, todas essas
situações fazem inexistir o capitalismo e o capital.
O Brasil não é Capitalista de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
Comentários
Postar um comentário
Comente aqui: