Por: Júlio César Anjos
A
eleição acabou e a Dilma venceu o pleito. A corrida presidencial deu muitas
respostas, ofereceu caminhos, mostrou diferenças entre os políticos
concorrentes, com a chancela final do eleitor referendando a candidata da reeleição.
Mas o desdobramento do sufrágio mostrou um país de certa forma dividido, assim
como desnuda a desunião dos interesses pontuais de cada região. O que, por
exemplo, São Paulo quer não é necessariamente a mesma coisa que Maranhão deseja.
Antagonismos de um Brasil plural. Diferenças que fazem as pessoas clamarem por
separatismo, proferir que tal região não sabe votar, além de mostrar a
dificuldade do vencedor em governar. Os próximos quatro anos serão
desafiadores.
O
PT venceu a eleição, mas perdeu conceito. Só possui o voto de cabresto, do
eleitor que precisa da atenção do Estado, pois é dependente pela necessidade.
Quem já passou fome, ou morou em favela, sabe que uma bolsa família faz muito a
diferença. Por isso que os dois candidatos não iriam mexer nesse ganho real do
povo. Quando a situação está ruim, pensar com a barriga não só é lógico, como é
verdadeiro e honesto. Mas impedir o desenvolvimento da região, ao achar que
somente bolsa família resolve tudo, faz tal político ser perverso, já que dá a
sensação que, como disse Aécio, que tal grupo político pretende administrar a
miséria ao invés de superá-la. E nesse aspecto, o de superação, o Brasil todo
exige eficiência e eficácia do PT daqui pra frente. Para o PT ganhar conceito, terá que investir
no Nordeste, fazer o Brasil prosperar e conseguir novamente cativar o povo pela
benevolência, ao invés do terrorismo eleitoral, como criar factoide, por exemplo,
de que a oposição tiraria um direito legal que é o bolsa família (mecanismo de transferência
de renda, diga-se, criada pelo PSDB).
Diante
dos resultados das urnas, as regiões mais prósperas, que não possuem tanta
atenção do Estado, revoltaram-se com o Partido do Petrolão (PT). Mas algumas
exceções dessa região não fez Aécio Presidente. Sul/sudeste notificaram a causa
como culpa da vitória da Dilma pelo aspecto de que o Norte/nordeste não sabem
votar. É justamente ao contrário, Norte/Nordeste o que mais sabem fazer é
votar, pois possuem atenção do governo federal (mesmo todo mundo sabendo que o
bolsa família seja mixaria) porque eles veem que o Estado está presente, ele
existe dando dinheiro para o povo necessitado. Ou seja, se juntaram a defender
o PT, que pra eles (norte/nordeste), fez bem para a região, dando ampla vantagem na eleição.
Quem não sabe votar é justamente sul/sudeste, pois não fazem esse agrupamento
consistente, derrotando a Dilma pela ampla votação. Ou seja, se sul/sudeste
votam, por exemplo, 70%/30% para Aécio, não importaria ser 100% do nordeste pró Dilma, que
Aécio venceria a eleição. Como as regiões não deram ampla vantagem para Aécio,
então o nordeste resolveu decidir a eleição pelo agrupamento arregimento pelos
pares interessados no pleito. Nordeste faz gangue. Sul/sudeste, não!
E
diante esse erro de formação de bloco por parte do sul/sudeste, há uma espécie
de vingança dos derrotados, que clamam até mesmo o separatismo. O separatismo
até teria legitimidade (não no aspecto legal, mas no âmbito de veracidade) se,
ao invés de culpar a distorção orçamentária e de distribuição de renda direta
ao nordeste, tais regiões mostrassem que estão sendo desamparadas pela União.
Até porque, quando está tudo bem, contribuir um pouquinho com as regiões menos
abastadas não faz mal algum; Enquanto que começar a perder fôlego porque há
desamparo do governo federal a investir na região é algo muito válido e pode
gerar separação, sim. Contribuir um pouquinho com quem precisa nada tem a ver
com se revoltar por não estar sendo valorizado como ente federado. Portanto, o
separatismo só é valido quando há falta de apoio da união perante o ente
federado.
Mas
o pessoal quer o separatismo porque acha errada a distribuição orçamentária.
Nada mais falso e errado, pois a distribuição equitativa do orçamento se faz
através da sinergia (o que já foi explicado no texto “Contém e Está Contido”) por
fazer parte de grupo. A região com opulência contribui com a menos rica, fazendo o local
menos abastado prosperar, para fazer todo o país enriquecer e ter o
melhoramento social desejado. Até porque ninguém sabe o dia de amanhã, pode ser
que a seca vire mar e o mar vire seca, sendo que, por exemplo, possa acontecer
do nordeste ser próspero e ter que contribuir para ajudar o sul. Então, no
aspecto de orçamento, está certa a distribuição equitativa, desde que as
regiões beneficiadas prosperem e a união se faça presente a todos os Estados federados.
Ninguém
quer ver o nordeste mal. E também ninguém reclamaria se o nordeste estivesse
bem. Ou seja, se o PT não administra a pobreza somente, fazendo o
norte/nordeste refém do assistencialismo, por não se desenvolver e deixar de
precisar do programa social, redistribuindo o orçamento com todas as regiões
prósperas, o Brasil deixaria de ser de terceiro mundo para ser potencia
mundial. O problema é que se caso tal situação ocorresse, como o PT ganharia
eleição, sendo que não teria como fazer terrorismo eleitoral? Pois é, o
nordeste não cresce por causa do PT. Embora o PT esteja presente na vida do
nordeste, que agracia a existência votando pelo assistencialismo. O Nordeste
sabe votar e o vilão é o PT!
Portanto,
quem não sabe votar é o sul/sudeste e não o nordeste, o separatismo só se faz
legitimo se houver abandono da união perante o ente federado, e o orçamento,
quanto ao conjunto do pacto federativo, está certo em ser distribuído equitativamente,
desde que esse plus (sinergia) seja canalizado para investir nos próprios entes
federados (e não caixa para turbinar bolivarianismo, com mensalão e petrolão). Pura
questão de lógica, basta cobrar quem tem que ser cobrado e se juntar em grupo
para conseguir o que se deseja.
Eleição 2014: Nordeste, Separatismo e Orçamento de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
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