Por: Júlio César Anjos
Os
debates são sustentados por fontes, seja primária ou secundária, com os
debatedores buscando fundamento para tal articulação. Dos argumentos, o que
mais chama a atenção é a estratégia fugaz de sair do prumo, quando tal
palestrante está perdendo na oratória, articulando para conjecturas das mais
variadas. Porém, há situações em que não há provas cabais sobre um fato, uma
verdade, em que a falta de embasamento gera a situação de uma palavra contra a
outra, por falta de sustentação de algum argumento que por incrível que pareça seja válido. Quando chega nessa condição, em todas às vezes o possuidor da réplica
utiliza o Ocultismo Irônico.
Ocultismo
Irônico nada mais é que esconder algo verdadeiro através de deboche. O
palestrante A sabe que tal situação existe, mas não pode provar. O palestrante
B também sabe que tal situação existe, mas também sabe que o público não tem
como saber da existência de tal argumentação. Portanto, o palestrante B utiliza
do Ocultismo Irônico para vencer o debate, amparada através de falta de fonte, rindo,
caçoando, levando pra baixo o oponente através de gozação.
O
argumento está ocultado e por isso o deboche descaracteriza um posicionamento,
levando para o lado da gozação uma coisa que é verdadeira, é um fato. O deboche
pode ser de natureza ad hominem ou gozação no própria sustentação, como se tal ocorrência
não existisse, por ser ocultado por não haver provas. Por exemplo: Argumentador
A diz que existe o Cisne Negro, mas não tem como provar. Argumentador B até
sabe que existe o tal Cisne Negro, mas diz que nunca viu um Cisne Negro e
debocha de tal ocorrência, justamente porque o argumentador A confessou que não
poderia provar a ocorrência. Argumentador B cria piadinhas, sarcasmos e
gozações para vencer a palestra, pelo simples motivo da falta de aferição. Tal
estratégia nefasta é muito utilizada desde os primórdios das argumentações até
os dias atuais, nas mais variadas conferências.
Mas,
por que utilizam o Ocultismo Irônico? Porque, no calor do debate, o ocultista
vence na base da empulhação em dado momento. E depois da ocorrência, se
descoberta tal situação que estava ocultada, ninguém se sujeitaria de corrigir
tal erro histórico, que, pela frieza do tempo, deixou de ser importante por não
ter foco, nem multidão interessada. Ou seja, quando o fato vem à luz, tal
situação já caiu em desuso, ficou caricata.
Um
exemplo real de Ocultismo Irônico pode ser visto em ataques contra Olavo de Carvalho.
O Filósofo conservador há uma década sustenta que há o Foro de São Paulo. Até
uns três anos atrás ninguém podia provar – e as provas do Olavo eram tão
insustentáveis (era somente um site) – a existência de tal grupo globalista.
Só após a própria fonte primária – Lula – confessar que existe tal grupo,
através de pronunciamento na internet, que Olavo foi absolvido como um pesquisador sério e
não um lunático extremista. E para atacarem o Olavo, além de usarem o argumento
Ad Hominem, os contrários também utilizavam do Ocultismo Irônico, em que
gozavam sempre da argumentação – verdadeira – de Olavo de Carvalho, sempre
quando proferia tal existência.
Mas
o Ocultista Irônico usa também tal ferramenta como mecanismo de defesa. Suponha
que uma pessoa tenha algo que não queira revelar a terceiros, para não mudar o
padrão de vida. Essa pessoa, por exemplo, é homossexual, mas não é militante de
causa sexual, somente gosta de pessoa do mesmo sexo. Porém, um colega sabe que
tal pessoa é homossexual, mas não pode provar, espalha a informação
a esmo, sem ter nada de fato nas mãos. O homossexual que oculta tal situação
verdadeira, para se defender do meio, ironiza o disseminador de tal informação,
pulverizando a veracidade pela duvida. Mas essa pessoa tem que ironizar tal
situação, tem que contra-atacar o informante, para que se tenha legitimidade da
ocultação. Caso contrário, todas as pessoas ao redor ficam em dúvida, validando a
informação do fofoqueiro pelo comportamento do "agredido". Parece até surreal, mas o ocultismo irônico funciona.
Isso
é intrínseco do ser humano, pois sempre quando A argumentar um fato sem provas,
B com certeza ridicularizará tal sustentação para vencer debate ou se defender
de tal proposição. Mesmo o B sabendo que o fato existe, a prova só não foi divulgada naquele momento, não estão à luz do público que vê tal audiência, invalidando o pensamento que possui embasamento.
Ocultismo
Irônico faz parte dos discursos entre pensadores, é o defeito do debate que
aparece sempre nas discussões, em uma palestra qualquer.
Ocultismo Irônico de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
Comentários
Postar um comentário
Comente aqui: