Por: Júlio César Anjos
Os
intelectuais do século XIX viam a materialização da ciência - avançando em
progressão geométrica - como solavanco de resposta para tudo, definindo que o
tempo encarregaria de costurar pormenores. Os pseudo-sábios brindavam a astúcia,
embebedando o ego cheio da crença racional. É por isso que Nietzsche constatou:
“Deus está morto!”, afirmando que a humanidade, através do “progresso”, ceifou
o ser intangível pai de tudo.
A
transformação da sociedade, com a ajuda do aperfeiçoamento do conhecimento,
criou ferramentas, equipamentos que melhoram o desempenho de trabalho do pesquisador
cientista, ao passo que, da época do renascimento até os dias atuais, o mundo
viu várias afirmações serem contraditas, refutadas, e até defendidas. O fato é
que uma afirmação hoje pode ser uma dúvida amanhã e vice e versa. Assim como a
vida, a ciência está em “in flux” (em constante movimento), em que as respostas
de estudos refutam ou corroboram com um ideário qualquer, em dado momento de
especulação mental.
Sendo
assim, algumas verdades incontestes no século XIX são hoje, no século XXI,
pensamentos vagos ou mesmo rudimentares aos dias atuais. É perfeitamente
plausível dizer que todo estudo colabora para melhoramentos, pois, por mais
absurdos que sejam resultados, ao menos fazem estudiosos opostos pensarem. Das
divergências não há mal algum. O problema recai na arrogância da afirmação. Se
Nietzsche ao menos dissesse “É evidente a morte de Deus”, hoje a declaração
seria algo discutido, por ser uma tese e não uma afirmação primária, atendendo
o bom zelo da declaração.
A
petulância de Nietzsche converge com o pensamento dos estudiosos da época, em
que os “sábios” festejaram a confirmação do Deus findo. É como se uma pessoa
soubesse de antemão um resultado e quisesse, antes de se confirmar tal
situação, festejar antecipadamente, pois a confirmação deste algo é pura
formalidade. Mas quanto mais os cientistas hoje olham para o esplendor, mais
enxergam incertezas e situações sem explicação. O que denota uma grande
interrogação: Será?
Se
Nietzsche estivesse certo e, após mais de um século a afirmação se confirmasse,
é salutar que Nietzsche seria cultuado em todo mundo, com a declaração “Deus
está morto!” como um aforismo verdadeiro, epígrafe da ciência, afirmação da humanidade,
com o pensador sendo ícone de todas as Universidades, através de estatuetas e
quadros, ao criar a religião da racionalidade.
Porém,
a certeza que Nietzsche deixou foi o da dúvida que consolidou em uma afirmativa somente
de ateu: “Deus não existe”, mesmo o investigador não provando o que acusa,
mesmo sem ter indícios em mãos para satisfazer tal confirmação. A partir do
momento que os cientistas, por hora, enterram Deus pela marcha fúnebre da
petulância da pseudo-sabedoria, tal ato criou uma corrida para findar dúvidas e
sentenciar, através dos pares, que o pensador está certo (Nietzsche).
Mas
a ciência avançou, junto com os melhoramentos dos instrumentos de trabalho do
pesquisador, e o que mais se vê pela qualidade de material, seja humano ou
artificial, é que os estudiosos estão mais em dúvida ainda sobre tudo o que se
discute sobre existência do Universo – e de Deus. Ao invés do avanço
tecnológico trazer à luz que Deus não existe, tal exploração do Universo causa
ainda mais indagação, conjecturando até mesmo a possibilidade de existir, veja
só, de fato um criador.
É
por isso que hoje: “Deus AINDA está morto”. O cientista hoje é ateísta por ser
“cool”. É legalzinho ser "contra-deus". Dá uma sensação, mesmo sendo
medíocre e marota, de que, por ser ateu, o cientista seria “mais inteligente,
mesmo todo mundo sabendo que Einstein, o maior cientista da história, foi
teísta. Não entrando em pormenores, e indo direto ao assunto, o cientista que
não é falso com o estudo certamente confirmará que a afirmação de Deus morto
não é uma sentença válida, por ser inconclusa. Por isso o advérbio de tempo (AINDA)
se faz necessário para reformar a afirmação de Nietzsche, pois, por hora, Deus
está morto.
Mas
muitos cientistas começam a compreender que a ciência não é sinônima de ateísmo,
e que um cientista pode sim acreditar em Deus, Por que não (?), sendo que o
estudo do universo não precisa necessariamente confrontar com a crença
individual do ser.
Contudo,
não poder afirmar que Deus está morto não cria, automaticamente, afirmação
paradoxal que Deus esteja vivo, o fato de não confirmar uma coisa não sentencia
que o oposto seja válido, ou seja, Deus não está morto, assim como Deus não
está vivo. Por isso que, enquanto não se sabe de forma contundente a verdade, o
agnóstico é o mais sensato de todos, pois a única confirmação que tem é que
somente a duvida é algo palpável, real, tangível.
A
única reforma que talvez eu fizesse é que mudaria o sincronismo da afirmação
para que a humanidade guiasse pela premissa que: “Deus ainda está vivo”. Essa
evidência daria chama à crença de que no fundo ainda Deus existe dentro de cada
indivíduo, mesmo todas as pessoas indo contra tal condição.
Deus
ainda está morto. Ainda para essa geração.
Reis
Filósofos – Deus está vivo!
Nietzsche
– Deus está Morto!
Neo-Cientistas
– Deus AINDA está morto.
Eu:
Deus ainda está vivo... Em meu coração.
Deus AINDA está morto de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
Comentários
Postar um comentário
Comente aqui: