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Administração ou A mini distração?

Por: Júlio César Anjos

O desdobramento da palavra Administração faz surgir a seguinte anagrama: “A mini distração”. É pura questão de lógica matemática, de contém e está contido. Todavia, uma pessoa logo observará: “Mas está faltando uma vogal “i” para estar certo o raciocínio”. Esse terceiro “i” existe, está escondido na consoante “d” (mudo) da palavra, sendo uma vogal fonética elíptica e átona, pois, a menos que alguém fale “AdEministração”, subentende-se que se fala “AdIministração”. Ou seja, a terceira letra “i” se sujeita, criando dentro da palavra uma expressão. Portanto, Administração nada mais é que “A mini distração” dos dias atuais. Mas chega de explicação, que se atenda aos fatos.

Administração significa, nos dias atuais, “A mini distração” por um simples motivo: A universidade, nesse curso propriamente dito, confina hoje estudantes para não aprenderem nada demais. Qual é o aprendizado do administrador nos dias atuais? Os estudantes do curso de sociais e aplicadas (ou, seria, aplicado ao socialismo?) parece que tomam o composto SOMA, substância inibidora, que provoca alucinação e transe conceitual, pois não é possível que os administradores não entendam o que está acontecendo: o fim de tal graduação na grade estudantil.

O que o Administrador médio não entende é que o sucesso ou o fracasso do curso/profissão está diretamente relacionado ao regime político de uma nação. E a política destoa o sistema econômico, por motivos óbvios. Por isso, o curso se adapta ao ambiente, sendo capitalista ou socialista/comunista. O problema é que o curso de Administração, ao gerar status na profissão, só floresce de forma consistente e independente no capitalismo. No capitalismo, o administrador é um executivo respeitado, um empreendedor fugaz, um capitalista selvagem. Já no comunismo, o administrador é somente um secretariado.

  Cria-se, então, o cisma: Capitalista – Administração; Comunismo – “A mini distração”. No comunismo, o planejamento é central, ou seja, o governo decide o que será ou não executado em tal ação, descaracterizando o livre mercado, jogando à revelia o player interessado, e bem sucedido, Administrador de fato. E, nesse desdobramento social, os estudantes e graduados se adaptam, de forma conveniente, ao sistema. O Administrador vira somente um apêndice de uma bancada burocrática.  Desde que esteja empregado, e tenha o “pinga, mas não seca”, o trabalhador medíocre se sujeitará em tal questão.

Como o comunismo não funciona, porém a política não cai de joelhos para o capitalismo, criam-se outras formas de capitalismo adestrado. Um deles é o tal “desenvolvimentismo”. E, de novo, o curso “A mini distração” é adaptado. Agora, as empresas existem de forma artificial, com as corporações fazendo capitalismo de estado, em que somente os players que possuem apadrinhados sobrevivem ao mercado.  O desenvolvimentismo é aquele negócio anômalo que Keynes pensou para que os governantes mantivessem a economia “aquecida”, através de mercado artificial, para manter em funcionamento a matriz fabril, além, é claro de gerar empregos supérfluos. Do trabalho artificial, nasceu algo engraçado, dito como: “joystick desplugado”.

Quem já jogou videogame sabe que, para enganar uma criança que quer jogar junto com o adulto, basta oferecer um controle desplugado à criança que achará, por ludibriação, que estará jogando de forma conjunta o entretenimento, parando de encher a paciência do adulto, por ser enganada pela falsa crença de estar jogando. Na matriz profissional de economia desenvolvimentista é a mesma coisa, a “A mini distração” (administrador artificial) acha que está trabalhando, mas o fato é que só faz ocupação sem propósito, ou objetivo, sendo somente uma rotina de execução. Provoca, então, “A mini distração” para fingir ser o que não é: um trabalhador que obtém resultado.

Certa vez, houve uma empresa que fez auditoria em uma empresa desenvolvimentista. O auditor notou que havia algo engraçado, em que alguns trabalhadores não alimentavam o sistema SAP. Digitavam os dados, enviavam as informações, mas o trabalho era pulverizado porque o arquivo não ficava gravado no sistema. Indagado, perguntou àquele que faz parte da “A mini distração” da empresa: Eis que “A mini distração” respondeu: é só para manter o emprego. Ou seja, “joystick desplugado”.

Voltando às questões específicas do curso, tirando o diferencial do Administrador (empreendedor, executivo, e de negócios), o que resta da profissão? A resposta é: Secretariado. Mas o administrador não disputa colocação laboral só contra o curso de secretariado, “A mini distração” também disputa com outras “atividades fim”. No campo de marketing, disputa com Publicidade e Propaganda; no campo de Recursos Humanos, trava luta contra Psicologia; e no campo de projetos, reluta contra a Engenharia. Sem falar que, por causa de defesa de entidade de classe, um Contador, um Médico, um Advogado pode ser Administrador, enquanto que a recíproca não é verdadeira, ou seja, o Administrador não pode ser nada fora da área específica.

Portanto, há muita gente formada em “A mini distração” (o curso só perde em graduados para o Direito), que são Auxiliares, Assistentes e qualquer outra coisa relativa à bancada burocrática, ou então somente professores rasos ou no máximo gerentes de alguma coisa, de uma empresa desenvolvimentista qualquer.

O curso na teoria, submetido pelo capitalismo, é lindo, merecedor de destaque, com as mais variadas congratulações, como prêmios de honra ao mérito. Já no socialismo, “A mini distração” é somente um engodo, uma criação artificial, para criar a ilusão de que há administradores, mesmo administradores sendo secretariados.

O CRA (Conselho Regional de Aminidistração) nada faz porque o associado, querendo ou não, tem que pagar uma taxa de classe, sendo que, quanto mais adeptos ao agrado da entidade, mais o conselho recebe taxas anuais de contribuição. Tanto faz, então, se é Administração ou “A mini distração”. Outro órgão silenciado é o sindicato. Nos anos 90, por exemplo, a Administração continha uma bela tabela salarial sindical com exigência de no mínimo 5 salários mínimos (quem contratasse abaixo do valor, teria sindicato enchendo o saco do empregador). Hoje, quem faz parte da “A mini distração” tem o valor da tabela defasada (e arrochada) em pouco mais de 1 salário mínimo (não chega a dois salários). Que avanço!

O Administrador perdeu a essência e a existência, por não ter capitalismo na sociedade, pela distração da política, em fazer todos os escravos da mediocridade.  A pessoa graduada em “A mini distração faz reflexão existencial: “pelo menos tenho emprego”, sendo castrado por ser um Eunuco profissional.
   
A “A mini distração” não tem mais que aprender, por exemplo, PDCA (PLAN, DO, CHECK, and ACT), tem que aprender a como servir café ao chefe (que, muitas vezes, o ocupante do cargo de chefia nem curso superior possui no currículo), pois é somente um apêndice de bancada burocrática, nada mais.

P.S.: Alguém já viu empreendedor em Cuba ou Coréia do Norte? Pois então....


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