Por: Júlio César Anjos
Quem
nunca parou uma conversa ou perdeu atenção para ver quem estava assobiando? É
inato do ser humano ficar em alerta quando há alguma perturbação, advém da
natureza comportamental. E dentre os ruídos, é dos holofotes hoje que se ganha
status de figura publica, auferindo ganhos através da capacidade de ser notado.
Aqueles que proferem e são visados conseguem ser mais bem sucedidos que pessoas
“normais” do dia-a-dia. Portanto, o fator precípuo para obter vantagem política
é aparecer. Uma coisa óbvia, mas que convém ser lembrada nos momentos atuais.
Por
isso que muitas pessoas tentam aparecer a todo custo. E dentre as ações bizarras, a que mais chama
atenção é a briga, a confusão, a artilharia pesada, seja de “ideias” ou de luta
corporal, são as situações que mais são direcionadas por terceiros. Das brigas físicas é algo intrínseco natural
de observação, desde que a confusão não chegue ao observador, sempre existirá
curiosos de visualização. O que vale mesmo é a atenção chamada pela ideia,
produto humano criado em tempos remotos, na Grécia antiga, em que o povoado
decidia, através de colegiado, se faria uma ação ou não.
Ulysses
Guimarães, certa vez, comentou que: “em política, até raiva é combinada”. Ou
seja, para ganhar um naco de aparição, e vencer eleição, vale até fingir
conflito para ganhar atenção. É a tal defesa raivosa dentro de um ponto de
vista. Tudo está na calmaria e de repente, do nada, dois políticos começam a se
atacar. Quando é planejado há até uma fidalguia por trás. O problema recai
mesmo quando o ataque não é arranjado, mira contra um oponente de fato, de uma
seara qualquer. Nesta última conjuntura,
nos dias atuais, tal situação ocorre entre a criação indubitável entre “direita”
(em tamanho reduzido) e “esquerda”.
É
impossível algum curioso prestar a atenção em uma briga e não escolher um a
posição. Nem que seja pensando internamente, individuo qualquer tende a
escolher algum lado e/ou alguém em um embate constituído. Seja pela emoção ou
razão, aflora o sentimento de posicionar-se em alguma seara em que a pessoa
observe – mesmo de longe. E as brigas criam polarização de lados conflitantes,
em que a escolha a torcer de um, implica em uma rejeição por outro.
Dos
dois antagônicos da política a esquerda faz barulho, sempre está em evidência e
possui um publico cativo, sempre aberto a ver debates, conflitos. Na direita
nada se vê. E quando há animosidades entre os pares, os conservadores sociais e
liberais econômicos criam um armistício, achando que tal decisão faria com que
tornasse a direita forte por ser una. O armistício traz paz momentânea, que
inibe o conflito, deixando de estar em evidencia. Morre por não querer
aparecer, por não se mostrar, por não se fazer conhecer. A direita é mais holística;
A esquerda pontual. Enquanto um lado é global, o outro é especialista.
A
esquerda possui várias facetas dentro de um prisma padrão, o coletivo que se
faz dividir, tanto o oponente quanto o próprio sistema, para conquistar o rival.
Do inimigo há a sabotagem de infiltrar um vírus para contaminar o funcionamento
do antagônico, a fim de enfraquecer o adversário na própria sede. E dividindo
em seções especializadas, como estratégia, para ter uma maior expertise na hora
de conquistar (como MST e afins). Pura segmentação de mercado.
Já
a direita se segura em padrão consistente, a união do silêncio mórbido, abafado
por uma miopia de pensamento. A direita acredita que ser inculta (provocar
brigas e conflitos) suja a imagem da oligarquia, sendo assim mais prudente não
se sujeitar aos ataques contra marotos. O problema é que a fuga de uma disputa
ardente faz a direita deixar de existir, sumir por não querer lutar.
Enquanto
a esquerda faz de tudo para aparecer na sociedade, até mesmo fazendo a teoria
das tesouras – como, por exemplo, movimento feminazi criticar MST -, a direita
fica toda pomposa em um ar de superioridade, o que faz ser insignificante por
não ter essência.
A
teoria do assobio remonta que para até mesmo uma ideologia existir, ela tem que
aparecer, se mostrar. Caso contrário, tal segmento será dito como um
espantalho, algo caricato que não tem vida, que apanha e não revida, porque não
sabe se articular. E quem faz barulho ensurdecedor se faz acreditar, pois a
corneta da comunidade faz todos prestarem a atenção e até mesmo por torcer por um
dos lados, de uma mesma simetria.
Assobio de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
Comentários
Postar um comentário
Comente aqui: