Por: Júlio César Anjos
Uma
árvore qualquer possui ramificações que interligam a um cerne, a matriz que
mantém todo o mecanismo em funcionamento. A raiz de uma planta é insubstituível
e irreparável deste sistema vivo, que dá a dinâmica de todo o complexo. O
capitalismo é como uma árvore: Possui ramificações que até podem ser podadas,
mas, para acabar com a existência, só destruindo o coração do conceito, o
dinheiro de fato. Enquanto a grana existe, o capitalismo triunfa, mesmo sendo
atacado.
O
Chico bento vivia roubando fruta do Nhô Lau. Às vezes subia na árvore e em
outras situações batia com a madeira na goiabeira, fazendo uma bagunça e
incomodando o dono da planta frutífera. Mas Chico Bento, ao fazer traquinagem,
nunca matou a árvore, apesar de bater sempre e sempre com um pau na goiabeira,
mostrando o que o ditado popular faz sentido: “Só se bate em árvore de bom
fruto”. Ninguém bate em árvore que não tem fruto porque não conseguirá nada com
tal trabalho realizado. É um fato, só se bate naquilo que é frutífero, que dá
resultado após tal serviço realizado.
A
vaguear pela história, o Clero (império católico) sofreu com ataques de todos
os lados, pois era a fruta boa da época. Batiam os doutrinários de outras religiões,
dos oponentes do mesmo credo, e também até dos Reis que queriam o espólio do
império papal. Henrique VIII queria as
Bolenas, mas era casado, então resolveu atacar a igreja; Os oposicionistas
dentro da própria igreja queriam benesses, então criaram o protestantismo; e os
reis gananciosos desferiram golpes contra a igreja porque estavam de olho nos
ouros e nas pratarias, além de enfraquecer o império religioso de tanto poder.
A igreja católica deixou de ser império, minguou na ideologia e no “bolso,
porque era árvore de bom fruto, valia a pena oponente qualquer bater.
O
capitalismo de hoje sofre do mesmo ultraje que a igreja católica compadeceu na
época da reforma, tendo início no século XVI. Todo mundo bate no sistema
capitalista porque dá dinheiro, gera muito lucro pra quem é a favor – operando
no sistema, e contra – criticando vorazmente.
Os defensores do capitalismo, em sua maioria, são os próprios players
interessados na continuidade, são raros os intelectuais e pensadores que
defendem o sistema, por uma série de motivos que vão desde inveja até psicopatia.
E os opositores são aqueles que querem romper o “mais valia” sem fazer muito
esforço com isso, do mesmo modo que “astutos” de outrora lapidaram o patrimônio
da igreja na época da reforma.
A
goiabeira do Nhô Lau não morreu; a igreja católica persiste (mesmo que em menor
tamanho); e o capitalismo resiste. Mas a goiabeira do Nhô Lau é apenas uma
arvore, a igreja católica é somente uma instituição, enquanto que o capitalismo
é um sistema, que trabalha de forma imperfeita, mas funciona. Quem critica tem
que trazer solução, coisa que ninguém vê com facilidade por aí. O precursor de
solução instantânea foi tal de Marx que trouxe textos desconexos que não
funcionam no mundo real. E, de tempo em tempo, aparecem outros “oráculos” para
acabar com o sistema capitalista, trazendo uma receita perfeita, que após
aprofundamento de estudo, mostra-se não passar de uma farsa. É a mesma coisa de
grupo radical que quer acabar com o catolicismo (se não o cristianismo todo) na
base da agressão, ou então acabar com a árvore do Nhô Lau passando a serra elétrica,
assim como o capitalismo sofrer ataques contra os rudimentares de hoje, por
vários motivos além da razão.
Portanto,
só se bate em árvore de bom fruto. E outra verdade: Essa árvore de bom fruto
não pode morrer, senão a brincadeira acaba. Vida longa ao capitalismo.
A Árvore do Capitalismo de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
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