Por: Júlio César Anjos
A
história mostra, de forma contundente, que o desempenho da seleção na copa do
Mundo não tem nenhuma relação com eleição. Quem diz ao contrário não conhece a
própria história do Brasil, que, apesar de curta, ensina já muita coisa.
Muita
gente reverbera o mantra que se o Brasil ganhar a Copa a Dilma vence a eleição
e se o Brasil fracassar, a oposição vence. Balela. O grito de gol não
está relacionado com o preço do “xaxixo” (da salsicha). Ficar feliz em ser campeão não faz o país ser mais
rico e não acaba com a carestia. E o Brasil perdendo também não faz destituir
presidente só porque o torcedor está de ovo virado com o resultado. O resultado
no retângulo gramíneo é totalmente antagônico ao resultado da urna.
Porém,
o que pode ocasionar perda de eleição é a Copa ser no Brasil. Mas por causa da
(falta de) organização. A bagunça em sediar uma festa escancara a todos a
incapacidade gerencial de uma equipe que está no comando, como já foi mostrada
a todos a incapacidade de governança “corporativa”. Em miúdos: Administrativamente esse governo é
muito ruim e não é o fato da bola ter ou não entrado na rede branca que os
fracassos deixarão de ser condensados.
A
vaguear pela história recente do Brasil democrático (de 1990 pra cima), os
fatos mostram que seleção é uma coisa e política é outra. Não orbita no mesmo
sistema. Veja só:
1990:
Brasil é eliminado pela grande rival Argentina – Collor Venceu a eleição. Nenhuma
relação em si.
1994:
Brasil vence a copa do Mundo e FHC é o presidente. FHC subiu ao planalto mais
por ser ministro do tesouro e ter criado a URV (que virou o Real), do que o Brasil
ter vencido a Copa. Nenhuma relação em si.
1998:
O Brasil perde a final para a França, em uma situação estranha, com o
Ronaldinho passando mal na final. FHC é reeleito no primeiro turno presidente.
Nenhuma relação em si.
2002:
Brasil vence a Copa passeando perante os rivais. FHC não faz sucessor e a
oposição vence. Nenhuma relação em si.
2006:
Brasil é eliminado pela França, com um time muito bom em campo. Lula se
reelege, vencendo no segundo turno a eleição. Nenhuma relação em si.
2010:
Brasil é eliminado pela Holanda. Lula faz sucessor e Dilma vence eleição. Nenhuma
relação em si.
2014:
Não importa se o Brasil vence ou não a Copa. Seleção e eleição não têm nenhuma
relação em si.
E
aí a sociedade “boicota” a seleção, pois acha que se o Brasil vencer a copa do
Mundo, a Dilma se reelege. Não deixe de torcer pelo Brasil por causa de um
pensamento ignóbil desses, uma coisa não tem nada a ver com a outra.
Aécio
vai torcer pela seleção. Eu torcerei pela seleção. Nota-se, até, que a oposição
torce mais pelo Brasil do que a própria situação, que paga movimento social para
fazer bagunça na rua e dizer que “não vai ter copa”. Não vai ter mais Dilma na
presidência, isso sim.
Infelizmente
vai ter copa. Não era o momento de bancar de neo-rico. Mas, fazer o que, erros
do passado escancaram tal anomia social, então o negócio é tentar resolver a
situação, sem chorar pelo leite derramado.
Busca
o Hexa, Brasil!
Seleção x Eleição de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
Comentários
Postar um comentário
Comente aqui: