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Os Neo-Versalhes

Por: Júlio César Anjos

Todo influente que vê revolta popular nos dias atuais faz uma ponte com a Revolução Francesa. “Só pode ser culpa do Brioche”, comenta um intelectual qualquer. O que sempre fica evidente é o efeito, sem que a causa tenha tanta importância assim. Por isso que a Revolução Francesa é mais estudada e focada do que outras situações embrionárias. No caos da França, Luís XVI foi o culpado? Sim. Mas não foi quem começou a tornar desgostosa a relação entre governante e governado. A mesma coisa acontece hoje com a falta de saúde, segurança e educação. A culpa dos problemas é por causa da falta de investimento? Lógico que sim. Porém, a insatisfação é o efeito - e não o estopim - das praças esportivas modernas construídas para tal diversão.

Poucos entendidos apontam a causa, mas o embrião para a revolta popular francesa se deu pela construção do Palácio de Versalhes. Despótico, Luís XIV garantiu a obra no peito com a célebre frase: “O estado sou eu”.  Contratou uma Odebrecht dos Bourbons e mandou construir a opulenta “Nínive Franca” da época. O povo que só olhava a execução da obra, com amigos do rei ficando ricos, enquanto a sociedade arrefecia ao meio ao caos, além da falta de comunicação com os insatisfeitos adversos, tal situação fez com que a tragédia estourasse nas mãos do Luís XVI, com a Maria Antonieta sendo ceifada por sugerir confeito.

A história se repete. Os Neo-Versalhes são os estádios da Copa do Mundo. E o povo está revoltado com a Dilma. Porém, quem trouxe a conta, a Copa de fato, foi o Lula, que no peito parafraseou o déspota e disse que “o estado era ele”. O líder do PT fez negociata com FIFA e construtora, iniciou a dívida contraída destes palácios esportivos ao custo do suor do povo brasileiro. Não houve também comunicação e nem diluição da conta para a iniciativa privada, privando as dívidas para o povo. Diante disso, o enforcamento hoje é caracterizado pela crítica. Dilma está sendo enforcada (no sentido figurado) pelos jacobinos dos movimentos sociais do século XXI. Porém, assim como a história de certo modo preserva Luiz XIV da revolução francesa, há um conluio de defesa para não contaminar Lula, o chefe de tudo que está aí, para manter o reinado vermelho no poder.

Assim como não era só por causa do brioche a instalação do caos, não é também por causa dos R$ 0,20 (vinte centavos) que as pessoas protestam na rua. O povo inocente ainda não sabe o real motivo do insucesso do país, pois acha que o problema de todos os males é a diversão da copa do Mundo. Na verdade não é. A Copa é só uma festa, simples assim. O problema é que qualquer ser humano normal faz festa só quando tudo está bem. E para pintar esse cenário irrealista do Brasil maravilha, o atual governo comprou a brincadeira toda. Porém, na primeira chuva mais forte a natureza mostra o verdadeiro país, que está cada vez mais pobre e decadente, por causa de uma crença de uma ideologia que não funciona. Mas isso é outro assunto. Mas, afinal, qual é o fato? É que o Brasil não está bem.

O povo não ficou desgostoso com Lula do mesmo modo que os Franceses não ficaram com o Luís XIV. E esse é um problema muito grave, pois o povo pode repetir erros por não saber quem é o verdadeiro causador de problema. Se o povo gosta do Luís XIV do século XXI (Lula), o estado será despótico (o estado será ele de novo), com o ditador fazendo tudo o que quiser, pois tem “carisma”. Se a sociedade quiser degringolar porque o governante é “bacaninha” é uma escolha do coletivo, e o povo será cúmplice e não vitima. Há de se esmerar e descobrir que o verdadeiro culpado do fracasso é o Lula. Ponto final.

Muitas das situações podem ser evitadas se a sociedade conhecesse mais história. Um povo inculto tende a fazer mesmo erros do passado, por não saber que tal falha já existiu, e deveria ser uma lição de como não cometer o mesmo agravo no futuro. As cenas dos próximos capítulos estão sendo rodadas. Será que após toda essa revolta, voltará o Luiz XVIII (um Lula mais Light)? É o que os defensores do Estado mais querem, a monarquia despótica revigorante pós-revolta popular. Só acontece tudo isso porque o povo é leniente.

Os Neo-Versalhes não satisfazem você.


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Os Neo-Versalhes de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.

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