Por: Júlio César Anjos
Dos
arvoredos que possuem comestíveis – seja o caule, as folhas, frutos ou sementes, o que
causa muita intriga é a araucária, com a pinha cheia de pinhão. A pinha não é
fruto e o pinhão é a semente – que também não é fruto porque não tem uma
semente envolvida em uma “carne” (polpa) e também a “carne” não está envolvida
por uma casca. Portanto, pinhão não é fruto. Mas é comestível e gostoso ao
paladar de alguns, ao menos.
Deixando
o critério técnico de lado, o legal a saber é que pinhão bom a gente colhe do
chão. Enquanto a pinha está na árvore, o pinhão não teve ainda o processo de
maturação para o paladar de consumo humano. A natureza faz o próprio caminho e cria o
objeto de consumo por si só. A arvore cresce, a pinha “floresce”, o pinhão
matura até o talo não agüentar sustentar a pinha ao galho, fazendo a pinha
pesada cair e espalhar toda o pinhão ao chão. E, após isso, está pronto para a
colheita e ser cozido em uma panela de pressão.
Por
isso que não adianta espetar a araucária tentando derrubar a pinha
forçosamente, para adiantar o processo de maturação. A pinha ficará leve, o
pinhão não ganhará tamanho e forma e será uma perda de tempo ao colher semente
ruim, que não servirá para nada, nem mesmo para semear outras araucárias,
quanto mais para colocar à mesa de família qualquer. O pinhão tem o seu período
de prontidão.
Quando
se diz que pinhão bom a gente colhe do chão, é uma expressão que significa ter
paciência ao longo do tempo. Ter parcimônia. Não adianta ser afobado que não
vai prestar. A mesma coisa acontece com a vida: não adianta se precipitar e
tentar se adiantar em certas situações que tal afobação tenderá a somente a
criar mais problema que já existia em outrora, ou tal celeridade não causará o
resultado desejado, pois não foi maturado com precisão.
Tal
aprendizado tem significado para a vida. Somente após cair ao chão, ser
derrubado por forças da natureza, que o fim sujeitará em grande valia, pois
pinhão “verde” não serve pra nada, assim mesmo ter o pensamento verde, imaturo
não leva a lugar algum. E se desesperar não gera o resultado esperado, matando
o projeto pela pressa e afobação. Por isso fruto bom é colhido (na maioria das
vezes) na árvore. Pinhão bom a gente colhe do chão.
Essa
expressão será usada daqui pra frente sempre quando for exemplificada para ter
paciência em alguma ocasião. Que assim seja.
Pinhão bom a gente colhe do chão de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
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