Por: Júlio César Anjos
A
esquerda ama a “ciência” planificada, ou seja, uma economia que os preços não
se alteram, nem para baixo nem para cima, sob qualquer coisa que no futuro
aconteça. Nem há a discussão sobre a impossibilidade de tal situação por causa
da oferta e demanda e afins, o problema maior da disfuncionalidade de tal
sistema deriva de outras ocasiões praxeológicas que merecem ser comentadas. E
estabilizar forçosamente a precificação resulta em problema para toda uma sociedade
em que endossa tal metodologia executada perante o mercado.
Os
economistas sempre discutem sobre juros – prêmio por antecipar o futuro,
inflação – quantidade de moeda no mercado, oferta e demanda, recursos
materiais, financeiros e humanos, além de outras vastidões de complexidade que
um mercado possui. A verdade é que os economistas utilizam mais a econometria
do que a ação humana, uma ferramenta que também mostra o porquê das pessoas
agirem ou não agirem a determinada condição. E neste parâmetro, o fato é que
justamente o comportamento humano é algo mais importante para chegar a um
resultado do que ficar fazendo conta matemática em lousa qualquer. É por isso
que ninguém entende os pormenores e a situação continua ruim sempre e sempre,
ninguém entende o que está realmente acontecendo em tal comunidade abalada por
problema político condensado na região.
O
fato é que congelamento de preço não funciona. Não adianta discutir, não
adianta negar, fazer o preço manter-se inalterado “para sempre” não existe. Não
só porque arrebenta toda a econometria, mas também porque deixa de ser atrativo
para quem trabalha no mercado, seja plantando produzindo, servindo, no
famigerado primeiro, segundo e terceiro setor. Não importa a estiagem ou
inundação para a plantação, também não importa os custos para a produção, e nem
o impacto de qualidade para o serviço, nenhuma modificação extraordinária leva
em consideração uma economia planificada. Tudo isso ajuda ou não alguém querer
investir e até brincar no mercado estacionário.
Para
critério de exemplo, pense que o preço do pão tenha disparado e o governo
resolva congelar o preço do pão na caneta. O dono da padaria não pode ajustar o
preço conforme os aumentos dos insumos, dos salários e das despesas correntes
(água, luz, telefone...). Então, para o padeiro pequeno só resta fechar a
porta. Mas o mercado tenta sobreviver nesta regra e um investidor forte começa
a absorver toda essa demanda dos pequenos padeiros que não agüentaram a
pressão. Assim, surge venda de pão em escala, pois quanto maior a quantidade de
produção, mais fácil absorver os custos elevados para fazer um pão. E nesse
momento AINDA não falta pão. O problema é quando o custo explode até mesmo
orçamento de venda em escala. Aí o grande investidor sai do mercado e acaba com
a oferta de pão. Game Over, falta pão no mercado doméstico, mesmo com o preço
congelado. Nesse momento o governante chama o grande investidor de capitalista
imperialista nefasto Esse exemplo é o mais próximo que a Venezuela fez no
mercado doméstico dela.
Mas
o problema maior é o que acontece no Brasil. O governo viu os resultados de
congelamento de Venezuela e Argentina e resolveu não entrar de forma direta
nessa seara. Apesar de o governo ter congelado o preço do combustível, via
Petrobrás, isso não é causa precípua para gerar crise e pânico no mercado, já
que a Petrobrás é uma empresa que está se auto-dilapidando a serviço de um
grupo político, isso não determina de forma coercitiva uma forma de economia estacionária,
embora tenha colaborado para tanto. Abaixar a SELIC na marreta e Confiscar o
povo via poupança também não foi algo tão monstruoso para gerar crise
econômica. O problema maior foi o
governo federal entrar de forma indireta, no caso MPL (Movimento passe Livre).
A MPL conseguiu o objetivo e as prefeituras não reajustaram os preços de ônibus
e trens. Mas o resultado de tal “vitória” deflagrou algo maior que simplesmente
congelar preço via decreto, medida provisória, ou qualquer ferramenta do
gênero.
Essa
forma praxeológica que seguiu no Brasil, mostrou que o brasileiro está a favor
de congelamento de preço, faz o conterrâneo, diga-se assim, ficar com saudades
do Sarney. A sociedade mostrou que é válido arrebentar o empresário, que é
compreensível rasgar contratos em andamento, que é natural lutar pela causa do
congelamento de preço. Foram atrás de criança e agora o próprio povo não sabe o
porquê a economia estar um caos. O brasileiro tem fé na catraca livre e a
crença é que tudo está caro por causa de capitalista nefasto, mostrando o mesmo
discurso usado pela Venezuela, Argentina e afins. A culpa sempre será do Bola
de Neve, parafraseando George Orwell.
O
empresário olha para o Brasil e vê: um governo sem vontade nenhuma em investir,
além de não gostar do “capitalista”; Uma sociedade que a qualquer momento pode
ajudar o próprio governo rasgar contratos, além de fazer o empresário ficar no prejuízo;
A mídia fazendo o investidor virar um tirano maldito, além de um conjunto de
lei complicado de ser compreendido, para não dizer outra coisa. E aí a situação
é simples: Ou o capitalista investe sabendo de tudo isso e absorve todas essas
mazelas e riscos, ou nem chega perto do país. A segunda situação acontece nesse
momento.
O
governo brasileiro congelou preço de combustível via Petrobrás, abaixou na
marreta a SELIC, Confiscou a poupança (o juros não cobre a inflação REAL),
congelou preço dos transportes indiretamente via MPL, Os investidores que
contraem empréstimos do BNDES devem atender “conselhos” do emprestador, como
contratar muitos trabalhadores por nada, ou inalterar o preço final do produto,
gerou programa de auxilio como minha casa melhor, para baixar, via governo, o
consumo do povo e por aí vai. E aí você não entende porque a economia não
floresce. Desse jeito comunista de ser, não vai florescer mesmo.
A
Argentina ainda terá uma desculpa para atrair investidores, basta tirar a
presidente. E o Brasil, será que somente tirando a presidente mudaria alguma
coisa? Com certeza não, por questões praxeológicas de ação humana, o investidor
está com medo do Brasil. E não por menos, há justificativa plausível para não
investir aqui. O comunismo agradece.
Preço congelado é ruína social de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
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