Por: Júlio César Anjos
Cherrea foi um guarda pretoriano, no período da Roma Antiga (mais precisamente na era
dos 12 césares), que se subordinava aos mandos de Calígula – o homem que nomeou
cônsul o próprio cavalo Incitatus. Tal funcionário não agüentou as sandices de
seu rei e resolveu matar o déspota lunático do antigo império. Depois de Calígula
veio Claudio, Nero e afins, o que mostra que a bravura de Cherrea não resolveu
muita coisa, mas pelo menos o soldado resolveu agir em dado momento. O Brasil
de agora clama por um herói Cherrea dos dias atuais.
Hoje
o Brasil convive com um governo louco, fazendo maluquices a todo instante. E o
povo pede até os militares a interceder pela sociedade, pois, parece, está
difícil de agüentar tanta sandice atual. E nessa leva, os indivíduos clamam
pelas forças armadas para impedir o comunismo. Mas o povo pede para que um
terceiro faça o serviço sujo, a própria população uiva a todos os cantos por
pedido de ajuda, sem fazer o esforço de ir ao combate e lutar pelo o que
acredita e o que quer. Esse patriota fica na cadeira do computador ou na frente
da TV esperando o herói descer com um traje excêntrico e salvar a sociedade do
terrível comuna que destrói tradição e laço familiar.
Mas
as forças armadas são contidas de funcionários públicos. Geralmente o guerreiro
dessa magnitude terá um avantajado e volumoso abdômen indefinido, pois o
salvador da pátria é um infante que gosta de calorias de uma batata frita e
foge das calorias de um cano fumegante de um fuzil qualquer. São concursados
que não estão muito interessados em mudar o curso das coisas, pois o holerite
deles é sagrado, tais armados só vão fazer guerra o dia que acabar o soldo,
coisa que governo algum é louco de acometer. Enquanto os militares forem
funcionários públicos, bem servidos ao invés de servirem, podendo se esconder
de qualquer ardil, com certeza os militares estarão nulos a qualquer ação
filantrópica que o cidadão espera que o militar faça. É a profissão do sargento
pincel.
Também
é sabido que os comunistas se utilizam de forças armadas para conter a
população. Uma das poucas anomalias que só acontecem aqui no Brasil, pois num
passado não muito distante os militares tinham o poder e fizeram de gato e
sapato alguns comunas coitados que não tinham nem pra onde correr. Os comunas
cresceram e se adaptaram ao militar, dando da ração desejada, os militares
ficaram na mão dos comunas de hoje. Se não fosse tal anomalia, os militares já
estariam escancaradamente a favor do ditador, digo, do comunista que suplanta
toda uma região. Até porque é sabido pela história que os militares e
comunistas roncam e fuçam de forma igual.
Dito
isso, nada adianta aguardar por um Cherrea atentar contra o império ou uma Joana
d’Arc que agitará de tal modo que criará até mesmo uma tropa de seguidores. O
problema é justamente quem vai seguir, pois todos esperam sentados em casa um
terceiro fazer o serviço sujo para eles, ao se debruçarem ao gozo do conforto e
da paz individual, sem um arranhão sequer, modificando o sistema como se
estivesse jogando um videogame, não mexem uma palha para mudar a situação. Mas
reclamam de montão.
Não
há Cherrea nos militares. Para existir Cherrea, o militar deveria ser corajoso,
determinado, pronto a fazer aquilo que é certo, até mesmo indo contra o império
do momento.
Por
fim, o “Couch Potato” grita: FFAA já! O problema é que o Cherrea não existe.
À Espera do Cherrea de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
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