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O Idealismo Narcisista


Por: Júlio César Anjos

Todo idealista quer espelhar o mundo à sua imagem e semelhança de “Sabedoria”. As crenças e valores devem ser aparados nos mínimos detalhes, sem ao menos existir uma exceção qualquer. Em situação anômala, todo extremista que não dá o braço a torcer é um ditador autoritário em potencial. Assim surge a queda de braço, uma demonstração de petulâncias superficiais, em que denotam, não obstante, o superego e o “super orgulho” dentre os filósofos intelectuais.

De um lado os candidatos a Johnny Bravo, são pessoas que argumentam sempre com o tom de superioridade, ao saber de algo concretizado pela razão, ofertam sempre o mesmo sermão: “Eu disse, não disse?”, como se o saber prévio de um acontecimento o fizesse um oráculo, um ser superior aos demais. E do outro lado do contexto, os super orgulhosos não deixam barato, mesmo que saibam que estão errados, fazem de tudo para não dar o braço a torcer, chegam até mesmo ao ponto de negar um fato.

Enquanto os pensadores vagueiam pela feira das vaidades, região qualquer arrefece por ficar discutindo banalidades, ao invés de existir debates para apontar solução. E nessas idas e vindas, o que sobra é prolixidade, paradoxo, e redundância. As antíteses cultuam a seara das pronúncias refinadas, que mais inflam contexto do que pudessem servir à alguma coisa.

Nos entraves destas magnitudes, o sistema ardil chega até mesmo ao cunhado e desgastado “ad-hominem”. Os ataques ao interlocutor ficam em primeiro escalão, sendo secundários os pensamentos executados em um determinado momento. Profanam o oposto, achando que obtiveram êxito tanto pelo “eu interior’ quanto pela cativa de uma platéia interesseira.  

Mas os maiores vícios dos pensadores do momento é atacar adversário que, em um momento de lucidez e hombridade, resolveu confessar que estaria errado em dada situação. Para citar dois exemplos antagônicos: A Globo pediu desculpas públicas por ter defendido o regime militar; e Ferreira Gullar entre outros socialistas/comunistas enfim confirmaram que tal doutrinação é um embuste em alguns de seus rodeios. O problema é que teve gente que confundiu as coisas, achou que, por confessar um erro no passado, estariam, tanto Ferreira quanto os Marinhos, dispostos a virar a casaca só por causa de detalhes pequenos e irrelevantes durante o contexto histórico. Portanto, ferreira Gullar não é um fanático Lord Inglês e nem tão pouco a Globo é comunista por desconsiderar um apoio ocorrido no passado.

Quem ataca outrem pelo “argumentum ad hominem” ou por ofensas mediante insultos, nada mais são que pensadores autômatos, em que o maior esforço natural é piscar e respirar ao mesmo tempo.  Um pensador que não consegue enxergar pormenores, não pode ser considerado um liberto das coisas intelectuais, cabendo somente a alcunha de uma máquina programada para articular cóleras e disseminar intrigas no meio do saber.


Por isso que esse idealismo narcisista é nocivo para o meio acadêmico, intelectual e até social de qualquer comunidade estabelecida. Confessar que errou no passado nem sempre é um sintoma de inferioridade, é, em muitas vezes ao contrário, o mecanismo correto de uma superioridade tremenda, pois deixou o orgulho de lado para engrandecer com a verdade. E o narcisista dono da razão perde o brilho por não ter humildade e saber, quem sabe, que um dia poderá ser julgado por errar em uma ocasião.


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