Por: Júlio César Anjos
Para
fins de ilustração, em uma agencia de RH, numa cidade qualquer, um grupo de consultoria
laboral concede o prazer de entrevistar o João de Barro - a ave mais conhecida
por fazer obra estrutural da natureza, e o Chupim – conhecido por sua
habilidade flexível. E a pergunta, aos dois, é a de praxe: Por que devo
contratá-lo? Uma indagação retórica, pois a pergunta em si nem é tão
substancial, o importante mesmo é o conteúdo da conversa sob o ponto de vista
de recrutamento e seleção. Eis que a entrevista teve a seguinte conclusão.
Detalhamento da entrevista
do João de Barro:
O
primeiro a ser entrevistado é o João de barro. O bichinho começa a explicar que
não tem experiência, tudo o que sabe fazer é oriundo de instinto, o que conhece
deriva de ir à luta e fazer por conta própria. Em suma: é um empreendedor. O
pai não o ensinou a lida e nem mesmo teve um tutor que o fizesse de aprendiz de
algum mestre familiar, somente tateou pela lógica do ser, que nada mais era ser
um João de Barro. Por isso a construção estrutural do lar.
João
de barro também nunca foi à escola aprender ofícios, nem tão pouco fez teste de
habilidade de qualquer natureza, somente foi lá e construiu. Também nunca se
inscreveu em um seminário de políticas de construções modernas, também não
aderiu a sindicatos por valorização da natureza, e muito menos fez greve por
qualquer reivindicação que seja, pois, como se sabe, se o João de Barro não fosse
trabalhar na vida, quem seria penalizado seria ele mesmo.
Sobre
o aspecto social, João de barro explica que é reservado, não é chegado em andar
em bando, porém é muito familiar. Constrói família, com filhos e a mulher,
assim como cria a casa de argila para todos viverem em harmonia na natureza. Também
disse que não é maleável às questões de infidelidades de companheira e outras
cóleras provocadas por desvirtuamentos conservadores. O fato que o único
defeito do bichinho é, em raras vezes, prender a companheira na casa de barro e
deixá-la lá até acabar o viver. Mas isso não é uma maldade elaborada, é
infelizmente instinto de o bicho fazer isso e achar que é natural. Realmente é
uma falha grave, mas entende-se pela natureza do animal. Além, é claro, de não
haver nem polícia e muito menos um tribunal para condená-lo das atitudes que
oferta à esposa companheira. Mas tal falha grave é uma raridade acontecer, só
se executa quando chega ao limite e o bicho perde a cabeça com a esposa, mesmo
que não justifique tal processo indecoroso, mas, infelizmente, é o que
acontece.
Por
fim, diz que é trabalhador, tem laços fraternais no aspecto familiar, é
solitário e constrói a vida sabendo que tudo o que faz é para manter a
continuidade da linhagem do João de Barro no futuro.
Detalhamento da entrevista do
Chupim:
O
chupim gosta de viver ao ar livre, ser independente, voa ao tatear do vento,
pela brisa que bate ao rosto, mostrando o espírito aventureiro do ser. Confessa
ser um pouco irresponsável, mas que o próprio âmago promove forçosamente
aproveitar a vida, sem se preocupar com receios quaisquer.
O
trabalhar não é o forte do Chupim. O animal explica que não é de sair
construindo coisas e também não vê vantagem em criar coisa alguma, já que nada
material poderá levar pós-vida. E faz a pergunta retórica: O que adianta perder
tempo fazendo coisas prosaicas enquanto a vida passa? A vida o fez assim, então é do instinto ser
diferente de outras espécies da natureza.
O
Chupim gosta de andar em bando. Estar em multidão, sempre com os seus pares,
faz reavivar o poder de cooperação entre os bichos que são ligados ao comum. O
agrupamento também dá poder, já que, quando os bichos aparecem em algum lugar,
outros bichos ficam reflexivos com a quantidade de animais da mesma espécie.
Não é privativo, o mundo é o lar deles, pois não fazem referencia em ponto
algum, viajando sempre e sempre.
Ao
flerte, o pássaro também não gosta de manter-se preso a uma companheira. Namoradeiro,
o bicho prefere obter várias pretendentes e experimentar diversas sensações,
pois não é chegado a casamento e se enroscar com alguma pretendente durante a
vida toda. Como não gosta de fazer aliança familiar, nem mesmo manter uma
família unida, e tão pouco ficar estabelecido em algum lugar qualquer, o bicho,
para manter a linhagem, põe ovo em outro ninho, que cuidará da sobrevida da
espécie. Não zela nem pela linhagem e nem liga para os filhos, joga o
primogênito em um orfanato de ninho alheio, sem o menor rancor e pudor.
O
chupim não é familiar porque nunca tem a figura do pai para conferir exemplo.
Quando nasce, como já fora explicado antes, sai de um ninho alheio para retomar
o posto na natureza. Não faz elo com o ninho que nasceu e também não tem apoio
de um tutor para se virar na vida. E a tradição é mantida de tempo em tempo,
pois, quando obter uma linhagem, a Chupim fará o serviço de abandonar o ovo
para outro pássaro cuidar. Todo chupim nasce órfão de pai biológico, é o modelo
rígido que se segue e nunca mudará.
Por
fim, o animal é livre, desimpedido, só pensa em um dia de cada vez,
aproveitando o momento, sem ter aquela pré-ocupação que outros bichos
manifestam em proliferação de espécie. E a tática dá certo, pois o que mais tem
por aí é Chupim no ninho alheio, cheio de saúde, vigor e disposição.
Portanto, o Parecer do RH:
O
cenário atual de empregabilidade deslumbra em um momento de mudança. Hoje, as
empresas buscam trabalhadores que se dediquem mais ao espírito aventureiro, não
importando rigidez de horário fixo de trabalho, pois o que vale, na verdade, é
o cumprimento da carga horária semanal.
O
trabalhador também não precisa, hoje em dia, ser workaholic; Ao contrário, tem
que ser um colaborador que entenda que o trabalho é uma coisa e a vida é outra,
não se misturando pelas delongas conjunturais. A tendência é o ócio criativo, o
menos que gera mais, pois trabalhador cansado gera o stress de trabalho. A
experiência também não é fator preponderante, haja vista que o colaborador terá
que ser treinado para fazer as novas aptidões referidas ao emprego destinado.
Quanto
ao aspecto das situações sociais, não há objeção e nem aceite pelas diferenças
tradicionais. Portanto, tanto faz contratar um casado ou um solteiro, desde que
cumpra a obrigação está tudo certo. Porém, a vida social não pode atrapalhar o
meio empregatício, não podendo contaminar a estrutura corporativa do ambiente
de trabalho. O que acontece, e isso não implica em danos ao empregador, é que o
estilo de vida dominante se compara mais ao de espírito guerreiro do que de
regras estabelecidas.
Por
fim, pelas conjunturas apresentadas, além das diferenças consideráveis entre os
dois entrevistados, o mais coeso a fazer é ser coerente com o cenário de plano
geral. Diante de tais circunstâncias, não há duvidas que o mais próximo ao
estilo do empregador é o pássaro que deriva de semelhanças entre patrão e
empregado.
Portanto,
sem revogar disposições em contrário, contrate-se
o Chupim ao cargo pretendido.
E
o mundo viu, em questões laborais, que hoje o Chupim é mais valorizado que o
João de Barro.
Entrevista de Emprego: O Chupim e o João de Barro de Júlio César Anjos é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Baseado no trabalho em http://efeitoorloff.blogspot.com.br/.
É são coisas muito boa que vende né pelo menos algumas coisas eu tenho visto que vem entrega tem alguns que que não faz a mesma coisa né mas tudo também é o tempo né de entrega se nesse tempo determinado realmente vem né porque tem coisas que não andaram vindo nenhum outro site
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