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Delorean Conceitual

Por: Júlio César Anjos

Delorean era o carro do Marty McFly, no filme de Volta para o Futuro, utilizava, no filme, o automóvel para viajar pelo espaço-tempo. Assim como a ficção, no mundo real, quando alguém quer discutir sobre os rumos do Brasil, apontando mazelas provocadas pelos erros do atual governo, a patrulha toda busca a muleta confortável da história, ao buscar o passado como motivo de justificativa da governabilidade inglória, o defensor do atual governo joga como pano de fundo a argumentação fútil para esconder a realidade.

É sempre o mesmo rito, o mesmo roteiro, pragmatismo da incompetência sustentada pelos sofismas, silogismos, comparações esdrúxulas, como se a própria diferença temporal, epistemológica, antropologia fossem rígidas, tivessem um padrão para serem comparáveis. O disparate é caricato, os idealistas do pano vermelho rascunham as dissimulações como se os rabiscos fossem nítidos, complexam ordens fáceis, revertem preceitos, discutem até o caráter do orador opositor, faz de tudo para esconder a verdade: a incompetência deles mesmos.

Quando um país todo fica discutindo sobre 1964, 1989, 2002, passado e mais passado, só restam em conclusão dois resultados: Ou o país está muito bem ou está perverso. Se estivesse tudo uma maravilha no país, o Delorean mostraria o passado como uma curiosidade gostosa, divulgando o que o tempo condensou sob o aspecto das diferenças contemporâneas. Mas o fato é que o Delorean da antiguidade está sendo usado mesmo para mostrar a todos que, mesmo o país não estando uma maravilha, pela lógica doentia dos pares da esquerda, o país nunca foi também uma cereja do bolo de maneira curial. Realmente o país nunca foi bem sucedido, o problema é que pelo menos havia avanço institucional, o que não ocorre hoje.

E a gasolina do automóvel que retorna ao passado é o combustível do jornalismo, do Brasil fabricante de burocracia, da repartição pública com status messiânico, do parasita estatal chamado de doutor, e por aí vai. Todos esses personagens dão sobrevida ao motorista governamental, oportunista em viajar pelos posicionamentos antiquados, antepassados, para mostrar que o futuro é estático por culpa de terceiros. São vários os Mcflys que utilizam de desculpas o passado para não corrigir o futuro e manter o status quo do poder.

Os opositores então, nem se fala, ficam mais tempo dentro do Delorean antropológico do que prevendo cenários futurísticos. A oposição tem que se justificar até daquilo que nem culpa tem, está sempre respondendo indagações levianas, enquanto que o Brasil deriva ao caos e aos fracassos da governabilidade atual. É fato que o automóvel que viaja ao tempo nunca vai ao futuro, pois, como é de costume, ninguém está discutindo ao longo prazo, somente está dinâmico o embuste causado por coisas passadas. É trágico, mas, enquanto no mundo todo o futuro é incerto, no Brasil há a certeza da continuidade comunista, que se faz de altruísta, mas na verdade é só oportunista, que se aproveita da boa vontade de todo mundo para poder mamar no tributo.


Enquanto o povo não se acordar, as discussões serão geridas somente na boleia do Delorean, que só viaja ao passado, porque todo mundo está preocupado com o que aconteceu e não do que poderá acontecer, pois a histeria coletiva, criada pelo padrão de linguagem comportamental e de pensamento, cegou o povo para até mesmo poder sonhar com dias melhores. Daqui pra frente serão dias iguais, só que com a diferença da desculpa de um erro do presente, justificado por um passado qualquer. Mais do mesmo e pragmatismo contínuo.

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