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Síndrome das Três Menininhas

Por: Júlio César Anjos

O Brasileiro médio tem uma espécie de síndrome das três menininhas. A primeira é a Poliana – A ingênua. A Segunda é Dorothy – A esperançosa. E a terceira é a Alice – A iludida.  Para o conterrâneo crescer, é preciso acabar com a mania de Peter Pan, tem que parar de ser tão inocente ao ponto de tornar-se uma criança indefesa, que precisa de um símbolo maior para socorrer-lhe.

É triste navegar nessas águas, mas os neo-tupiniquins acreditam desde “marketing multinível” até governante messias, é sempre a mesma ladainha, a crença utópica que não leva a lugar algum. Acreditam em todos e em tudo, pois não utilizam da desconfiança na empreitada que seguem cegamente, se jogando do abismo da ignorância remontada pelo trívio das menininhas. Se Jung estivesse vivo, ao criticar os homens, chamaria tal atitude comportamental de anima; E se fosse mulher, falaria que seria uma sombra. Mas, bem verdade, conclui-se que não passa de histeria coletiva a crença em um mito que não existe: pois nada é fácil na vida.

Porque existe diferença entre perseverar e ser presa fácil de golpista. Ser relutante em algum objetivo é algo maravilhoso, mostra à exaustão a luta em algo que deve acreditar, ou seja, um resultado específico esperado. Porém, a se jogar ao desconhecido, poderá cristalizar no conhecido penhasco, o que divagaria em um suicídio e não uma arrancada de boa intenção. Por isso que o malandro brasileiro sempre patina à evolução, tal desvio de conduta só dá certo porque o estoque de manés no país é inesgotável.

Para cair em golpes dos mais variados, o indivíduo tem que ser ingênuo ao ponto de acreditar que tal levante seria verdadeiro, iludido em achar que as coisas funcionariam “só dessa vez” com a pessoa, e esperançosa com um resultado positivo no final, mesmo não fazendo profundo levantamento e somente se jogando ao desconhecido. Toda vítima se faz de coitada, mesmo sabendo que os sinais foram dados, as informações estão disponíveis e os clientes executados por tal desavença são adultos. São as menininhas das estórias de contos, inocentes e cordiais, acreditam em um final feliz e se aventuram ao obscuro. O problema é que nos contos o final é feliz e na vida real o golpe deixa cicatriz.

Os brasileiros com síndrome das três menininhas acreditam que o PROCON vai resolver tudo, que o Estado vai proteger o indefeso, e que o vício humano tende a desaparecer do nada. Ledo engano. Brasileiros com tal síndrome devem crescer de fato, cortar a corrente que prende ao Peter Pan, florescer como alguém que não se deixa levar por estórinhas, que pode se defender, porque é um adulto culto e saudável, que sabe se virar.


Os lesados flertam com os marotos, que levam a tira colo situações espúrias, depois tais prejudicados vão a algum juizado reclamar que foram estuprados financeira ou socialmente.  Na atual conjuntura parece mais um consentimento legal, pois a situação é tão excêntrica que parece até que os dois (a vitima e o golpista) combinaram tal situação. O que falta mesmo é educação, razão, e pés no chão. 

Licença Creative Commons
Síndrome das Três Menininhas de Júlio César Anjos é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Baseado no trabalho em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.

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