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Resenha do livro: Nada a Perder – Edir Macedo


Por: Júlio César Anjos

Edir Macedo, não obstante, utiliza com gosto a ferramenta bíblia, ao mostrar exemplos dos escritos sagrados, para embasar vários pontos de vista abordados na biografia.  Para quem é religioso e comprou o livro por causa da espiritualidade, tal assertiva regozijou em satisfação. Porém, quem comprou o livro a fim de buscar algo a mais, o fato é que as idéias caíram em senso-comum, sem sal nem açucar, com um manuscrito blasé.

A síntese do livro recai em Três Capítulos apenas. O primeiro mostra a cadeia (a prisão) e a mágoa rancorosa que possui à Globo. O Segundo pensamento deriva sob o ranço que possui sobre os símbolos e a igreja católica em geral. E a terceiro conceito exibe, de fato, pelo começo do teor de sucesso da igreja dele até os dias atuais. Some isso com alguns relatos de vida, despeje fotografias, insira escrituras sagradas e está pronta a biografia do livro primeiro de Edir Macedo. Nada revelador e/ou que o senso-comum já não saiba, o que frustrou quem buscava o livro para compreender situações profundas de sucesso. Mais do mesmo.

As personagens do livro não acrescentam nada demais sob o aspecto do crescimento do monumento religioso chamado universal, os indivíduos que integram o manuscrito apenas fazem o proselitismo do bom homem que deve ser canonizado por se um Papa protestante, ou algo do gênero. O digníssimo senhor feudal mostra-se que ficou furioso como Jesus ficou, perdoou como Jesus perdoou, realizou milagres como Jesus fez, obrou pela imposição de mãos como Jesus praticou, mas criticou outras religiões por fazer tudo o que é feito, mostrando um pouco de falta de coerência nos pensamentos, além, é claro, de se comparar quase todo tempo como um Jesus moderno, um filho do Messias tipo 2.0.

O social (a vida naquela epoca) de Macedo também não era ruim como se pensa, era um funcionário público de classe média, tendo a família como apoio nas situações boas e ruins. Sofreu da mesma forma que qualquer pessoa de classe média hoje sofre, com alguns problemas financeiros, no trabalho, saúde na família, mas nada que não desse para corrigir ou resolver em longo prazo. Não veio de família miserável, tinha amparo e, se a igreja universal não tivesse êxito, não seria um fracassado porque estudou na federal (universidade) e sabia se virar. Porém tem o mérito de construir o império chamado Universal, a maior igreja Evangélica do Brasil.

Em muitas vezes é contraditório, pois critica a igreja católica sobre os poderes de estátuas de pau, sem vida, além dos padres e santos que operarem milagres, mas não compreende que, ao fazer os próprios milagres, está se qualificando a santo e também está obtendo o mesmo dogmatismo que uma pessoa faz para uma estátua, para si mesmo. O santo e o bispo da igreja católica não podem fazer milagres (porque o milagre pode ser maligno), mas ele (Edir) pode; é como se fosse o monopólio do milagre, o dom único que o faz triunfar.  


 Por fim, Já está certa a veracidade que os próximos 2 (dois) livros a serem publicados não serão vendáveis ao ponto que o livro 1 conseguiu conquistar.  O fato é simples, há dois tipos de compradores do primeiro fascículo da trilogia que será publicada: 1) Os espiritualistas; 2) Os curiosos. Os curiosos vão abandonar o barco e os teocráticos se dividirão entre os que continuarão a comprar os 2 livros e os que, mesmo religiosos, não entrarão em tal leitura contínua, ao estarem satisfeitos pelo que se viu no primeiro livro. O próximo livro não terá o apelo do novo, do desconhecido, do diferente. Apenas será o mesmo proselitismo, a groselha chinfrim de continuidade da trilogia biográfica de Edir Macedo.

Nada a perder e mais do mesmo.

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