Por: Júlio César Anjos
Para
responder essa pergunta, aos moldes do preceito brasileiro, há a necessidade de
averiguar o contexto de fato histórico e social. A navegar ao passado, os
comportamentos sociais trilham às respostas de forma clara, límpida, e faz
todos entenderem de forma racional porque Marx (o conceito) ainda vive, no
Brasil. Não há ponto sem nó e toda a conclusão do hoje se articula pelas ações
do passado, o que o Brasil é agora determina sobre o que foi ontem. O Brasil é
o resultado de meandros conjunturais e de inter-relações pessoais, igual como
todas as outras nações do planeta, a única diferença é que o país está atrasado
por uma ideologia rudimentar.
Na mesma época em que Marx acabara de
finalizar o Livro o Capital, o Brasil tinha há pouco implantado a lei dos
sexagenários (liberdade condicional aos negros), mostrando a disparidade em
evolução. Sabe-se de antemão que naquela época não existia essa forma de se
alastrar uma visão de pensamento, as coisas demandavam tempo, o que condicionou
um longo período de maturação na própria Europa, a propagar de forma maciça, antes
de o livro viajar além-mar e desembocar no Brasil. Em 1888 é promulgado o fim
da escravidão, um ano antes da proclamação da República, o que fazia o Brasil
deixar de ser monarquia, abrindo preceitos para outras formas de avanço social
antagônico ao sistema de reinado. As Relés públicas criaram uma nova concepção,
o que derivou na política do café com leite, que abastecia coronéis dos rincões
do país e amamentava os intelectuais de Boemia das grandes cidades, como os
pensadores que queriam até mesmo o integralismo tupiniquim. Tal assertiva
sobreviveu até a era Vargas, o que mudou totalmente o contexto do país.
Mas
o que tem a ver a história da política do café com leite, e o movimento
integralista, com Marx? Simples, Getúlio Vargas deu um golpe e mexeu com gente
importante, tinha que lutar contra os marotos e resolveu destruir os coronéis
no bolso, ao mudar o Brasil de agrícola para industrial, e trazer o povo a
contento, pois a CLT foi a pílula dourada que trouxe carisma para Getúlio,
perante a sociedade trabalhadora da época.
Vale lembrar que a CLT é totalmente marxista (deriva do fascismo, com
acepção aos direitos dos trabalhadores, coadunado com pensamento de Marx), além
dos “boyzinhos” da cidade perder a mamadeira fornecida pelos coronéis, o que
abriu outras formas do pensar no meio acadêmico.
Houve
uma maturação das idéias de Marx para criar na sociedade a concepção de que as
máquinas (indústrias estatais de Vargas) roubavam emprego do povo, e do outro
lado da concepção de integralismo, pois para o “mauricinho” o Brasil poderia
fazer sua própria coca-cola e seu próprio Ford TT (o que também ataca o
capitalismo, haja vista que tal doutrina é a favor de trocas voluntárias e
globalização). Está consumada a receita do comunismo: CLT, Indústria roubando
empregos, e integralismo que acaba com trocas voluntárias em escala global. É o
triunvirato do Marxismo em concepção na sociedade. A semente foi constituída, plantada, e já
estava na boca de todos os intelectuais e área de magistratura da sociedade.
Enquanto
o tempo passa, com o Getulio se matando, JK gastando dinheiro público pra fazer
Brasília e etc, as concepções vão ganhando forma, assim como a guerra fria vai
se intensificando. A URSS começa agora a fazer investimento da doutrina, agora
aparece o dinheiro de fato, mas com a concepção já enraizada, pois não se faz
uma tentativa de golpe em 1964 do nada.
Vale lembrar que os militares deram um contragolpe e não um golpe como
todos escutam por aí, os militares tomaram o poder à força, e com apoio do
povo, para que os comunistas não tomassem o poder através de golpe.
Muita
gente se engana ao achar que tão e somente o investimento da URSS que fez toda
a histeria em uma tentativa de golpe comunista, isso é uma falha muito vista em
todos os lugares, pois, como se sabe, para trazer o novo há a necessidade de
saber o que é esse tal de novo, porque sem uma base conceitual surpreenderia
muita gente (por causa do desconhecido) e poderia não ter tanta aceitação assim.
É como os passos para estratégia de conquista, têm que comer pelas beiradas, aos
poucos, até conseguir o que quer, porque à força não se consegue nada.
Portanto, somente o investimento da URSS não faria o que aconteceu em 1964,
pode ter certeza que já havia a doutrinação na boca da sociedade intelectual da
época.
Os
militares venceram, ficaram no poder durante toda a época da guerra fria,
caindo pouco antes de cair o muro de Berlim. O regime da bota teve o auge em
1979 pelo dito milagre econômico, caindo em degeneração na década perdida dos
anos 80. Enquanto isso, os comunas do Brasil estavam quietos, porém muito
vivos, esperando a hora chegar, pois o contragolpe de 64 foi uma espécie de
coito interrompido e não o fim de um pensamento geral. Se não fosse esse “ódio”
aos militares, o comunismo no Brasil já estaria implantado pela força do
próprio coturno a reboque.
Os
países carentes do mundo todo tiveram a experiência de ter sido conduzido por
regimes comunistas, enquanto que o Brasil até agora não sentiu o sabor de tal
doutrina. Muitos países aprenderam a lição pós Muro de Berlim, descobriram
através do próprio coro que o comunismo não funciona, deram as costas para tal
assertiva e foram se conduzir da forma que achavam melhor. Enquanto que o
Brasil ainda estava implantando a democracia, com o povo conservador e receoso
pela mudança, o que escancara uma falta de experimentação de tal sistema
caótico. A falta do saber em experimentar o comunismo faz o brasileiro,
infelizmente, se interessar pelo diferente.
A
democracia foi implantada, Sarney foi presidente, Collor teve o impeachment concretizado,
Itamar cumpriu o regime até o Fernando Henrique Cardoso tomar o poder. Lembra
de 64? Pois é, agora o fim realmente justifica o meio e os perturbadores da ordem
e jovens doutrinados pelo financiamento em Cuba trazem a tira colo a doutrina
fracassada que acreditavam na juventude. Em se tratando de comunismo, FHC,
Lula, Dilma e etc, são todos farinha do mesmo saco, estão implantando um regime
traumático, que só acaba com as instituições, mesmo tais políticos vendo as
degradações que os comunas colheram, tal resultado negativo não anula o sonho
de ver o ideal em funcionamento. O problema será o arrependimento, talvez, pois
comunismo não foi bom em lugar nenhum, imagina no Brasil.
Talvez
se os militares não tivessem contra golpeado em 1964, haveria a implantação do
comunismo no Brasil e o sistema nefasto poderia ter caído junto com o muro de
Berlim. Talvez, pois até hoje o muro de cuba está em pé, então fica no vácuo
tal dúvida. Mas o fato é que a implantação do comunismo é sim um coito
recolhido, os sonhadores da URSS ainda vivenciam tal pensamento que ficou
enterrado no passado, mas que se torna vívido em cada audácia em manter o
trilho comunista em movimento.
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Enquanto
muitas pessoas estão na duvida se haverá comunismo no Brasil, eu fico na dúvida
em quem colocar no livro negro da história como os Lesa-Pátrias da nação.
Tomara que o comunismo daqui 30 anos tenha caído para usufruir dessa
“vingança”, que é um prato que se come frio.
Por que Marx ainda vive? de Júlio César Anjos é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Baseado no trabalho em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
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