Por: Júlio César Anjos
Os livros específicos a explicar os juros, atualmente no Brasil, ou
lecionam diretamente sobre a fórmula propriamente dita (J=P.I.N) ou trazem
anotações rasas sobre o que é, de fato, juros.
A composição de juros se dá em dois fatores: SELIC e Mercado. A mídia
também ajuda a fazer confusão e isso faz com que as pessoas não saibam o que é
o tal dos Juros.
A diferença entre SELIC (que é também uma taxa) do juro de mercado é que
o primeiro trabalha para capitanear recursos via venda de títulos públicos e a
segunda é a verdadeira taxa, que norteia todos os consumidores. Uma é
específica e a outra é global. Mas a taxa SELIC está inserida à taxa de
mercado, pois a SELIC faz parte de um ponto norteador da taxa de mercado.
São quatro fatores que formulam a taxa de Juros de Mercado: 1) Desembolso
por antecipar o futuro (dito erroneamente como lucro de capital); 2) Correção
de Inflação; 3) Risco de devedores duvidosos (consumidores); 4) Risco país.
O desembolso para antecipar o
futuro nada mais é que o juro original que Misses explicou no livro Ação
Humana. Trata-se de um custeio por usufruir de privilégio, já que tal cliente conseguiu
uma remuneração antecipada perante os demais.
Muitas instituições confundem tal crédito ao colocar no mesmo cálculo da
inflação. Os dois são diferentes, pois, enquanto a inflação é a correção de
perda de poder de compra durante um período, o juro original é um prêmio a
pagar por usufruir de uma antecipação de recursos, como privilégio do individuo
recebedor perante os demais. Outro erro é apontar tal desembolso como um lucro
de capital ofertado ao dono do dinheiro. É sim uma forma do dono do capital
acumulado obter ganhos, mas tal pessoa ou empresa pode muito bem fazer outras
negociações com tal valor, mas prefere emprestar para terceiros, para auferir
ganhos. O cliente paga o bônus e o emprestador recebe a remuneração, este
antecipa o futuro e aquele “lucra com o capital”. Mas tal concepção de lucro de
capital é atacada por alguns especialistas de qualidade duvidosa.
A correção da inflação, como explicado no parágrafo anterior, é o
norteador do dinheiro com o valor deteriorado ao longo do tempo. A inflação é a
quantidade de dinheiro que governo qualquer injeta na economia, a fim de
impulsionar o consumo, derivando em uma desvalorização da moeda, no mercado
interno, no longo prazo. Ao emprestar um valor X, tal dinheiro não teria o
mesmo poder de compra ao ser pago no futuro, sem corrigir pela inflação, não
sendo atrativo o empréstimo de remuneração para terceiros. A não ser que
apareça um messias que se auto-confisque e saia dando dinheiro para os outros,
sendo assim não haveria problema emprestar dinheiro sem correção de inflação.
O risco de devedores duvidosos significa que pode ocorrer que o dinheiro
emprestado para outrem nem mesmo volte “o principal” emprestado, sendo que o
emprestador seria penalizado pela quebra de cumprimento de obrigação do tomador
de empréstimo. Sendo assim, há a necessidade de aumentar a taxa de juros sempre
quando houver risco iminente. E se o tomador de empréstimo não oferecer risco algum,
então a fração composta sobre esse aspecto da taxa seria mínimo ou até nulo. A regra é simples: quanto mais o tomador
esteja condicionado a dar calote, maior será a taxa, e quanto menor o risco,
menor a taxa. Quanto mais austero, íntegro e honrado dos cumprimentos, menor
são as taxas a pagar.
Por fim, a conjuntura política de um país, mesmo tal cenário momentâneo
apontando para a população honesta (cumpridora de obrigações), inflação
controlada, mercado estável, faz o país entrar em uma ameaça econômica sempre
quando muda a política (visão ideológica) de um país. Tal incerteza deriva de
que até o tomador de empréstimo firme pode oferecer calote no futuro, pois
poderia estar desempregado em função das condições do país em que tal cidadão
está inserido. É quando uma sociedade deteriorada penaliza o individuo íntegro.
A SELIC é um norteador das condições conjunturais de um país porque
quanto mais sobe a taxa, maior é a dificuldade em vender títulos às condições
ofertadas no passado. Em suma: quanto mais sobe a taxa é porque o risco de
calote é grande e por isso os investidores tendem a querer arriscar desde que a
taxa de retorno seja vantajosa. Um país
arriscado e com juros baixos certamente não conseguirá fazer a venda de títulos
públicos para cobrir uma dívida atual. Então, quanto maior a taxa de juros
maior o risco país e, portanto, maiores serão os juros de mercado. A SELIC para
formular a taxa de juros também deriva de antecipação de futuro, de correção de
inflação, de risco de não pagamento. Os juros da SELIC são menores que os do
mercado justamente porque o risco, na teoria, é menor que a conjuntura da
economia doméstica. Até porque um país com iminente caso de calote teria que
pedir moratória, o que deterioraria de vez com o sistema econômico e financeiro
de nação qualquer. A SELIC é uma taxa de
juro criada para emitir títulos a longo prazo.
A SELIC é uma taxa de juros criada pelo vendedor de títulos públicos do
Governo. A taxa de juros de mercado deriva dos riscos, correções, e
antecipações do futuro, feito pelo ente que empresta ao tomador de empréstimo
ou financiamento. Os juros de mercado também caem se houver alguma outra
garantia (como um bem material), a fim de lastrear o negócio e diminuir riscos.
Por isso que a SELIC está entre 8,5% a.a e os juros de mercado estão em volta
de 25% a.a, o que retrata a realidade econômica do país.
Juros de Júlio César Anjos é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Baseado no trabalho em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
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