Por: Júlio César Anjos
Pauta diariamente no noticiário a tentativa forçada do governo para um
plebiscito, uma consulta ao povo, com o objetivo de corroborar o anseio da
sociedade perante as decisões da atual gestão. Dentre os tópicos do chamamento
constam voto distrital (com lista fechada), fim do voto secreto e financiamento
público de campanha. O problema reside neste último item.
O Financiamento público de Campanha poderá significar, dependendo do
embuste trabalhado, em uma proibição de financiamento privado de Campanha. Como
se fosse uma raposa cuidando do galinheiro, a estratégia seria de somente
trabalhar com o dinheiro de contribuição, ao passo que utilizar cifras de
terceiros constituiria caixa 2 (corrupção, no caso). Como o PT é sedento pelo poder, tal situação
se configuraria em uma punição para a oposição, ao buscar recursos de
terceiros, já que teria que trabalhar com um dinheiro estipulado em orçamento,
sem falar na patrulha auferida pelo atual governo.
Mesmo o financiamento misto a situação seria a mesma, pois o controle
estaria nas mãos da atual gestão, engessando setores da oposição. Todos estão
discutindo sobre as possíveis onerações das custas de tal operação, mas o real
agravo consta em tal conjectura, a impossibilidade de ser livre e captar
recursos de terceiros, para fazer uma campanha de qualidade, o que demanda
dinheiro, pois ninguém trabalha de graça.
Caso passe os itens pela liberação do povo ao votar a favor no plebiscito,
a sociedade estaria passando um cheque em branco para a situação, com uma
ditadura velada e a morte decretada da oposição. Financiamento público de
Campanha ou mista, se aprovarem na consulta popular, será “game over” para a
oposição. Depois não adianta querer golpe de Estado, pois as articulações teriam
sido democráticas, com apoio do eleitor na urna.
Talvez tentem achar mil desculpas esfarrapadas para convencer os
eleitores-contribuintes, mas o fato é esse e somente esse: Se o plebiscito
passar não daria nem para culpar o golpe branco do atual governo porque seria
de boa vontade do próprio povo. Veja que o atual governo faria a lei e seria o
controlador do jogo, diminuindo as chances de oponentes a subir ao Planalto.
O certo é deixar que tenha sim financiamento privado de campanha, desde
que o dinheiro seja lícito e com a transparência nas contas. Afinal, não há mal
algum em apoiar candidato A ou B se tiver cifras sobrando no bolso. Tal
situação acontece nos EUA, em que os candidatos vão à busca de recursos
privados para começar a campanha pela corrida eleitoral. Impedir o
financiamento privado, ou controlá-lo, seria um retrocesso para o eleitor
brasileiro, pois daria apoio para o partido que controla as cartas na mesa, o
atual governo.
Por fim, há também o argumento do erário público ser desviado de saúde e
educação, por exemplo, para ser enviado para campanha política, o que eu acho
até o menor dos males, pelo contexto que deflagra.
O plebiscito dará apoio para a raposa cuidar do galinheiro.
Financiamento Público de Campanha de Júlio César Anjos é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Baseado no trabalho em http://efeitoorloff.blogspot.com.br/.
Comentários
Postar um comentário
Comente aqui: