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Ciclo da Atitude



Por: Júlio César Anjos

Certa vez, ao voltar de uma congregação festiva qualquer, à noite, após algumas doses etílicas em consumo, viu-se de longe uma briga entre casais, que estavam em vias de fato na via esburacada. O amigo dos enamorados foi proativo na ocasião, ao enxergar toda a situação, resolveu defender a menina, que estava aos gritos contra o namorado, berros de quem brigava com ou sem razão.  Eis que a moça de grosso trato esquiva-se e responde o separador de brigas ao falar face a face que não precisava de ajuda e nem de defesa de ninguém, por isso a lição foi aprendida, o que mostra a verdade do ditado popular: Briga entre marido e mulher, ninguém mete a colher.

Já, outra vez, houve uma briga entre dois homens na rua, sopapos e pontapés de todos os lados, briga de pessoas ferozes decidindo um problema na força. Eis que ninguém mexeu um dedo se quer para apartar a briga. Os sádicos gostavam de ver a sangria ocasionada pela luta, e os outros transeuntes, embora com uma expressão de reprovação, ficavam indiferentes sobre tudo o que acontecera por ali. A conversa que mais se perambulava pelas bocas dos assistentes era: “não se meta, vai sobrar para você”. Então, diante das circunstâncias, o acontecimento resolveria por si só, sem interferência de ninguém.

Na primeira situação, a briga entre enamorados apartada pelo amigo, havia um laço de interesse para que houvesse o fim do conflito: a amizade entre as três pessoas. Já na briga de rua, ninguém tinha laço algum com os briguentos, por isso que a luta terminou por si só, sem interferência de ninguém. Portanto, Por que se age? Segundo Mises, Por causa do desconforto. Mas por que o povo não agiu na segunda forma? Porque não estavam desconfortáveis, não eram parentes e nem amigos com problemas, então não era da conta de ninguém. Contudo, havia desconforto entre os demais... Qual a explicação?

A explicação é o ciclo da atitude: Ameaça; Desconforto; Ação; Mudança; e Conforto:
  

A ameaça de uma sociedade é a turbulência entre pluralidade cultural (conflito), e a ameaça econômica é a virulência em uma administração ruim ou um perfil ideológico fracassado. A ameaça, ao contaminar o sistema, faz o desconforto geral.
  
Mas Não é todo o desconforto que se gera a ação. Até porque, se Mises tivesse lido os relatos do comportamento do brasileiro pelo autor Monteiro Lobato, certamente Jeca Tatu faria o liberal rever os conceitos sobre o livro Ação Humana. Pode-se conviver com desconforto, desde que seja suportável. O desconforto só vira ação se for insustentável e insuportável tal status quo.

Ao passo que o desconforto é insuportável, gera-se por obrigação a ação. A ação neste caso é peitar, tomar a frente, dedicar-se a fazer diferente, trabalhar para que haja diferença na forma que antes era conduzida. A ação era a mudança.

A mudança tem que ser por obrigação contra as situações que geraram ameaça, desconforto, até eclodir ação. Se quiser mudanças para continuar do jeito que está, então não é mudança, é continuação, resignação, não ação. A mudança não é um caminho retilíneo e sem ramificações, a mudança traz vários caminhos, com várias ramificações até chegar ao conforto tão desejado.

O conforto é o fim a se chegar, é o objetivo conquistado, tudo feito e traçado para chegar a tal conclusão. Algumas vezes as pessoas dizem para outras saírem de zona de conforto. Mas, ao sair da zona de conforto, poderá gerar antecipadamente uma ameaça, que são os riscos em melhorar o conforto, gerando o efeito ao contrario, o desconforto.

As atitudes, nos exemplos dos dois primeiros parágrafos, foram diferentes: O primeiro caso houve ameaça entre a quebra de relacionamento de casal, que provocou desconforto ao amigo, ao passo que gerou uma ação para apartar a briga, gerando uma mudança como o fim da briga, porém sem conforto, pois os enamorados ficaram de mal com o colega. Poderia haver conforto se o casal entendesse a situação do amigo e não brigasse com ele; Já no outro caso, havia ameaça de um caos social qualquer, com algumas pessoas desconfortáveis, embora outros fossem sádicos e estavam em conforto sob a situação, preferiram não se meter porque, embora ficassem desconfortáveis com a situação, não agir significava não achar sarna pra se coçar. Mas poderia haver alguém que apartasse a briga, pois colocaria o desconforto em acabar com a luta acima do possível revés em ser atacada pelos outros dois, achando sarna pra se coçar.

As pessoas raramente saem da zona de conforto e estar desconfortáveis diante de uma situação não significa necessariamente agirem por causa da situação.

O estudo mostrará a pergunta que faz a urna, artigo que será lançado mais adiante.

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Com base no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br/.

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