Por: Júlio César Anjos
A urna, a cada dois anos, faz uma curta pergunta: Está bom? Se a
resposta é sim, não há o que contra-argumentar, fecha a conta e passa a régua,
deixai o partido governante por mais um tempo. Agora, se a resposta é não, há
de se fazer uma mudança, trocar de mãos o poder, para objetivar melhora.
Simples.
Seria até desumano pedir mudança em algo que está em pleno funcionamento,
que está bom, atende aos desejos do povo de uma nação. Diante de tal cenário
maravilhoso, a mudança poderia gerar até mesmo catástrofe, pois time que está
ganhando não se mexe. Uma política bem sucedida deriva à felicidade dos
compatriotas, positivismo de uma nação trilhando ao melhoramento racional e
emocional, um paraíso no globo, uma terra prometida para um povo
prometido. E, sendo assim, a oposição
não teria o porquê agir, já que os administradores da nação auferem
melhoramentos para todos, como se fossem os messiânicos objetivando milagres e mais milagres.
Mas se o cenário não é uma brilhante e vistosa sociedade rumando a um
melhor porvir, o que resta é a mudança para gerar uma sociedade boa em todos
os aspectos. Neste contexto, surgem os contrapontos, as diferenças em pensar e
administrar uma nação, conhecimentos dos mais variados para resolver problemas
que o atual governo não conseguiu, e soluções para resoluções de todos os tipos
de desafios. Para gerar um estudo sobre melhoras em problemas, há a necessidade
de insatisfação perante os pares da nação. A regra é simples: Os eleitores
queixam-se sobre a atual conduta de governabilidade, a situação tentará mostrar
adaptações ao que está em curso, enquanto a oposição divulga as mudanças no
país.
O problema é quando há desconforto, mas a incerteza da substituição não
satisfaz o fim de tal situação, o que gera dúvidas perante a mudança das
cadeiras. Então, se o desconforto for suportável, entende-se a continuidade de
um grupo político no poder. Todavia, o que garante algo ser suportável? Bom,
algo que aufere desconforto não pode ser duradouro, deve haver um curto período
de tempo, o que se chama recessão na economia ou caos na sociedade. Um governo
a longo prazo no poder, em que só gera desconforto em tal período, mostra a
realidade: Não é dando mais tempo que as coisas resolverão. E se o problema for
somente à condução, na gestão da coisa pública, então uma mudança de cadeira
seria benéfica a todos.
Dos desconfortos suportáveis, o pior é o da cooptação do indivíduo, a
fazer todos idealizarem de forma igual, gerando a ditadura de pensamento.
Qualquer partido contrário a dogmas preestabelecidos sairá da urna derrotado,
pois os cidadãos querem mudanças dentro do parâmetro estabelecido por único
ideal. Desta forma não há mudança, e a urna será boa para os que votarem, seja
em qualquer época, com qualquer político que seja. Tal cenário desencadearia
partidos políticos Lex Luthor, contra o partido do governo herói, com messias
que salva toda uma nação. Mas, infelizmente, não há partidos do lado negro da
força, pois todos os partidos – segundo os preceitos – querem melhorar a
situação de um país qualquer, assim como não há um político em forma de Deus
para operar milagres.
Outro fator que responde que está tudo bem é quando alguns dizem que não
há oposição. Levando em conta que tal assertiva seja verdade, o resignado
eleitor queria uma oposição, mas se sente na obrigação de votar no partido da
governabilidade por não ter opção. Ora, há partidos oposicionista sim, o
problema é que são poucos e fracos, justamente porque o povo, no passado, quase
extinguiu doutrinas por ser lobotomizado por uma doutrina imperativa. Quer
oposição? Então vote no que se pareça oposição pelo menos, nem que seja uma
pseudo-oposição. Se não quer oposição, que assim seja e extinguem-se outras
formas de pensar no país. Pensamento simples. O que não pode é o eleitor
argumentar o voto pela continuidade com uma desculpa desta maneira, é
improcedente tal afirmação.
Se tudo está bom, nas próximas eleições só existirão teatrinhos, pois o
resultado já está estabelecido. E diante de tal cenário, não haverá discussões
profundas para melhoramentos, pois não vale a pena gastar saliva a toa. Porém,
se não estiver bom, borá levantar a bandeira dos descontes para começar a
mudança, nem que seja somente a mudança de cadeira, o que já significa pelo
menos sair do "status quo" do momento.
Está bom?
Sim ou Não.
O trabalho A pergunta da urna de Júlio César Anjos foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br/.
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