Por: Júlio César Anjos
O filme Hugo revelou-se uma grande história contagiante para os cinéfilos,
empolgante para o público em geral, pois os telespectadores que tiveram o
privilégio em assistir uma obra prima sem igual, embora sem foco na explicação,
mostrou a magia do ramo do entretenimento, com a metalingüística voltada ao próprio
filme. É glorificante saber que há vários filmes dentro da película de Hugo Cabret,
personagens multifuncionais, em uma estória eclética. Mas poucas pessoas
conseguiram enxergar o que o diretor tentou transpassar ao assistente, houve
muitas criticas sobre a obra porque o povo, àqueles menos refinados à investigação
da moral da história, não conseguiu entender as amarras do longa-metragem.
O filme no Brasil foi - de certa
forma - contaminado pela tradução errônea do título do texto, derivando o
entendimento do telespectador à conclusão fora de parâmetro, o que se conclui
uma crítica desvirtuada sobre o filme. Inseriu ao título a menção: “invenção”,
mas Hugo não inventa nada, o que faz o assistente ficar “no vácuo” pela
expectativa da invenção ser frustrada pela não aparição de invencionice alguma
na película. A única invenção foi o tradutor de o filme inventar o título. Então,
portanto, o nome do filme é tão e somente Hugo. Nada mais.
Após explicação prévia da erra to título, o que se destaca é uma sinopse de
caráter informativo, subliminar (no bom sentido) e de bom grado aos olhos do assistente.
A narração fictícia do vídeo destaca-se de antemão a história dos Irmãos Lumière,
criadores do formato cinematográfico, além da história do próprio cinema, e
filmes que marcaram a história. Poucas pessoas se atentaram a tal assertiva,
mas o longa-metragem mostra, a cada personagem, estereótipos de personagens de
outros filmes que marcaram época, como, por exemplo: O Homem Bicentenário; Os
miseráveis; Alice no país das maravilhas; O Mágico de Oz; A dama e o vagabundo;
Oliver Twist; e Os Melhores anos de Nossas Vidas (ganhador do Oscar, em 1946).
O autômato é o homem bicentenário,
todos conseguem enxergar porque a similaridade está no visual, o robô que
consegue escrever, fazendo desenhos para o criador, ao fazer tarefas simples,
assemelha com as tarefas feitas pelo autor Robin Willians no filme futurístico
da época. Na cena em que o guarda fica incessantemente atrás do Hugo mostra a
comparação sutil ao filme Os Miseráveis, em que o guarda seria o Javert e o
garotinho o Jean Val Jean da trama. A menina (Isabelle) que gostaria de buscar
aventura é parecida com a Alice no país das maravilhas, pois as duas querem
desafios em suas vidas. A mesma menina poderia ser, por que não (?), a Dorothy,
em que conduzia os incompletos (o Hugo) até o Mágico de OZ (Papa Georges), em
que teria a formula para fazer “nascer” o autômato. Hugo é órfão e luta para não
ir para o orfanato, o que escancara uma comparação ao filme Oliver Twist, que
passa por vários problemas até ser adotado por alguém. O Guarda com problemas
na perna é um ex-soldado da guerra, demonstra dificuldade em voltar à vida
normal, reflete a essência da mesma natureza do filme Os Melhores anos de
Nossas Vidas, película que mostra a dificuldade de um ex-soldado em adaptar-se
ao meio. E, por fim, os dois cachorros nada mais são que uma analogia ao filme a
dama e o vagabundo, com os dois cachorros enamorados.
O filme é uma metalingüística da própria trama, fala sobre o cinema, em
que somente os cinéfilos conseguem visualizar as vicissitudes da estória,
amarrada entre as personagens multifuncionais, dentro do próprio contexto. Ao
desvendar o mistério, Hugo vira uma obra prima àqueles que gostam de cinema de
qualidade, com bom roteiro, ótima trilha sonora, bons efeitos visuais, mas,
acima de tudo, um ótimo contexto amarrado pela genialidade do diretor Martin
Scorsese.
Deve-se defender o filme Hugo Cabret daqueles que não enxergaram as
verdades na trama, que não viram a genialidade da película, nem o brilho da estória
mágica que é o cinema e os filmes.
O trabalho A Metalinguística do filme Hugo de Júlio César Anjos foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br/.
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