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Profissão 2.0



Por: Júlio César Anjos

O tempo caçoa da antropologia, brinca de esconde-esconde, molda a conduta, modifica a cultura, mostra que os períodos vindouros podem não ser iguais aos atuais, assim como o passado é diferente do presente. Como tudo se transforma, a longevidade progride e a qualidade de vida se destaca, transformando até mesmo formas de pensar, ferramentas de trabalho e formas de executar a labuta. As profissões vindouras estão sendo massacradas nos dias atuais, assim como as ações laboriosas, que hoje se destacam, eram agredidas nos tempos de outrora.

Atriz na década de trinta era considerada prostituta. Mulher respeitosa não tinha autonomia, possuía a amarra social de ser do lar, mulher da casa, colaboradora aos serviços domésticos e só. Ser autônoma era uma revolução, pois a cultura tentava zelar a mulher porque o capitalismo, no s[éculo anterior, tinha cooptado mulheres e crianças a serviços dispendiosos, fazendo com que o conservadorismo tentasse salvaguardar o sexo feminino e as crianças. Hoje uma atriz da Globo, por mais que seja prostituta de verdade, é venerada e considerada uma estrela por todos, com vários fãs, e ganhando acima de muitas profissões da atualidade.

O jogador de futebol, nos anos 60, ocupava dupla função, trabalhava durante o dia e a noite praticava o desporto nacional mais popular do país, o atleta fumava e bebia, mas se divertia ao bom grado do lazer, junto ao nascer de uma nova profissão. Ninguém ousaria tentar sustentar-se somente ao futebol, ainda mais se não fosse tão bom assim, até os qualificados à nação, que faziam parte da seleção, não conseguiam sustentar-se somente ao futebol. Hoje, qualquer jogador mediano de segunda divisão nacional ganha mais do que um diretor de multinacional, é só ver a inflação no mercado esportivo brasileiro, tão cobiçado que os gringos já estão migrando para o país para buscar um naco do valor da profissão. Neymar, hoje, considerado astro para tantos, se vivesse em outra época morreria de fome, ainda bem que hoje o esporte dele é muito bem agraciado e todo mundo o conforta com prazer da riqueza.

O alfaiate acabou e o costureiro se manteve, o acendedor de lampião não existe mais, enquanto que o eletricista ganha o sustento honesto, o datilografo perde espaço, por causa da tecnologia, para o digitador. São antas profissões que acabaram e surgiram que fica difícil pautar todos em um curto texto de artigo, por isso tais exemplos somente para ilustração já satisfaz o entendimento do contexto. O interessante agora é focar nas profissões que emergem, tarefas laboriosas que estão surgindo para ganhar espaço e status financeiro e social, mas que no momento são atacados pelos indivíduos que não conseguem enxergar o obvio: o novo sempre surge.

O século 21, junto com a tecnologia, cria mecanismos que agrupam massas, multidão que vislumbra de vendas até convencimento. O vendedor de loja física começa a perder espaço para o vendedor on-line, a internet vence a TV, e a pessoa que influencia ganha espaço no atual momento. A coragem em se posicionar, ao instigar um assunto, traz o conjunto de fatores: Conhecimento, carisma, e abordagem ao público alvo, fatores que destacam as novas metodologias e ferramentas atualizadas da mídia.

E nesse cenário o que se destaca são as profissões, que outrora não passavam de passatempo, hoje são armas para uso de busca da clientela. Blogueiros, vlogueiros e lobistas, cada um no seu posicionamento, possuem táticas e agregam pessoas para convencer em determinado assunto, seja venda de uma bugiganga qualquer, seja para usar em política e afins.  Hoje tais profissões nem ao mesmo são reconhecidas, algumas são até desprezadas e ironizadas, do mesmo modo que atrizes e jogadores de futebol foram ridicularizados tempos atrás.

A tendência é o respeito vir com o tempo, ao saber das gratificações e remunerações de tais influenciadores, o respeito se destacará via financeira, assim como o status de qualquer profissão se dá pelo valor monetário, embora toda labuta tenha o seu valor por si só. Alguns influenciadores que já ganham dinheiro com as novas profissões: Noblat: Blogueiro; Cauê Moura: Vlog Desce a letra; Rodrigo Constantino: Ativismo político. Entre vários.

Hoje algumas pessoas riem de blogueiros, vlogueiros e afins... Amanhã os vlogueiros saciarão da multidão que você fará, de um jeito ou de outro, ao escutá-los em um determinado momento, na internet. Quem viver, verá.

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O trabalho Profissão 2.0 de Júlio César Anjos foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br/.

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