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O Leviatã – Relatos sobre o livro



Por: Júlio César Anjos
  
O livro começa destacando o sentido das palavras, sobre boa estrutura filosófica, e abrange até chegar aos sensoriais do corpo (cheiro, paladar, etc.). Todavia, cai na mediocridade ao usar metacrítica, pois pega as escrituras bíblicas para explicar e contrapor teses religiosas e políticas.

As primeiras folhas do escrito determinam a uma obra prima nunca antes redigida, embora com viés político e anti-religioso, o conhecimento floresce na criação de autoria de Hobbes: o leviatã. Os primeiros avanços, com teses que se amparam somente ao conhecimento do autor, tratam somente da sabedoria, da filosofia, e da plenitude em uma escritura refinada e límpida, sem rodeios ao leitor. Talvez, ao confrontar os textos bíblicos, Hobbes tenha feito algo muito ousado na época, o que não parece ser algo tão surpreende hoje, o que pode ser mais um preconceito do leitor atual do que uma superficialidade em se prender da critica das passagens do livro sagrado.

Hobbes começa a falar sobre a origem e significado das palavras, e a profundidade dos sinônimos, mostrando que a lingüística pode ser mais profunda do que se imagina, dependendo do entendimento do interlocutor. Após compreensão da escrita, o texto avança sobre o significado filosófico de imaginação, que se origina de imagem, mostrando que muitas visões podem ser ocasionadas por delírios da mente. E na continuidade, o texto mostra os sentidos sensoriais do corpo, como: o paladar, o olfato, tato, visão e audição.

Na segunda parte do texto Hobbes resolve mostrar os mecanismos de atração política ao povo. Como se existisse um “contrato social”, Hobbes explica que o povo aceita ser tutelado por um rei, em troca de segurança. Porém, o escritor explica que a construção de fortes se deve mais à contenção do povo como rebanho de um curral, do que um local fortificado de uma ameaça forasteira. Em outras palavras, a existência das fortificações era para aprisionar o povo que assinou o contrato social, do que de fato prover segurança para o povoado. Então, o povo com medo da violência, se organiza em comunidade, que através da autoridade do rei, aceita as ordens impostas pelo imperador.

Após a aceitação consensual do povo pelo contrato social, Hobbes explica a cooptação da igreja ao povo, mediante estratégia de conquista pela fé. A abdução do fiel pela tradição das crenças, as escrituras confusas, e o medo geraram um exército de seguidores que, se for um bom menino deus ajuda, para virarem soldados da companhia de Jesus. Até a parte do raciocínio lógico o livro ficara muito bom, o problema é que Thomas quis, ao bom grado de ateu, argumentar em cima dos escritos da bíblia. Se o escritor tivesse continuado com o pensamento retilíneo criativo, certamente o livro seria muito mais admirado do que o é hoje. Embora Hobbes coadunasse com algumas passagens da bíblia, usou muitas partes para defenestrar a forma errônea de professar a fé. O problema não é atacar a religião, mas sim usando do próprio texto dos eclesiásticos, já que o ateu nem mesmo publica livros, quanto mais escrituras tencionando moral, ética e afins.

A obra prima também colabora e muito para mostrar que o cristianismo é um plágio das doutrinas dos Judeus, desde os atos até formas de agir e comportamentais da sociedade, salvo o padrão sanguíneo e de genealogia que prega o judaísmo, o que mostra que há poucas diferenças entre doutrinas. Por falar em Judeu, a parte interessante fica em saber sobre o bode expiatório, em que um bode era sacrificado e o outro era conjurado por blasfêmias e jogado ao deserto. O texto também afirma que nunca o cristianismo fora contra as leis dos governos – por isso o exemplo: “daí a Cesar o que é de Cesar” -, ao que fizera Jesus ao rebelar-se do mercador, nada fazia do que não misturar leis divinas com leis dos homens, pois poderia sim usar a palavra de Deus em qualquer tipo de governo que fosse. E, para finalizar o escrito sagrado, Hobbes mostra que é extinto a sobrevivência do animal, mesmo sendo racional, ao preservar a vida, mesmo quando atacado por algum algoz, o que impede, de forma inata, a concretização pura do mandamento “não matarás”. É um direito natural a auto-preservação, por isso que algumas leis da religião, por mais benevolentes que sejam, recaem em algumas exceções de natureza humana.

Por fim, Hobbes compara o papado com as fadas, ao mostrar os aspectos semelhantes entre o conto e a construção estruturada dos bispos, arcebispos, regulamentações internas e etc. Outra passagem de conhecimento se dá na explanação à palavra escola, derivação que se entende como ociosidade. Sem falar na questão das personagens bíblicas, em que uns eram atores, outros autores, e Jesus ator e autor da trama, ao que indica que quando é autor é possível ser mais verossímil do que ser somente o autor, ao escrever pelo simples ouvir dizer, ouvir falar. O que coaduna com a diferença entre conselho e lei, já que na bíblia algumas passagens são meros conselhos, enquanto em outras são leis.

Portanto, à exceção da continua utilização das passagens bíblicas, ao criar fonte primária, refutando e/ou concordando com os escritos, fez o livro tornar-se menos encorpado caso se o fizesse ao pensamento próprio. Mas o livro é muito bom, explana sobre conceitos de Estado e Religião, mostrando as formas de governos entre os dois entes apresentados.  É um livro recomendável, desde que o leitor não se importe com passagens religiosas e foque somente no racional da questão.

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Com base no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br/.

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