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O Vicio do Saber


Por: Júlio César Anjos

O ler entorpece e o escrever faz delirar. Sem leitura não há viagem - por falta de estímulo -, por isso que só redige bem quem lê bastante. Assim como a droga age quimicamente ao corpo, que provoca reações ilusórias, a interpretação de texto leva ao relaxamento espiritual. Porém, o excesso do lobrigar provoca dependência de entendimento, a pessoa começa a pensar somente pelos outros, esquece-se de ser autocrítico apraz.

Assim como a droga possui os passos (tabaco, etílico, cannabis... Crack), a leitura também deriva de pesos mensuráveis de pensamento. Do ilustrado ao científico, todo texto tem a profundidade adequada ao usuário do conhecimento.  Bitolar somente em um trago, ao gerar dependência, traz junto insuficiência de discernimento. Há a necessidade de experimento para chegar a um resultado satisfatório da experiência, por isso que replicar somente o que gosta, a todo o momento, é pura falta de inteligência e de imaginação.   

Ao contrário da droga que só destroi, o vício da leitura obriga a continuidade do aprimoramento para a construção. Ficar no gibi é limitado e repetir consoantes dos mestrados é somente falta de projeção.  Diz-se que o indivíduo que busca incessantemente a leitura pesada e a escrita refinada torna-se o viciado do saber, um intelectual. Já o cidadão que bebe socialmente, mas continuamente, nada mais é que um parasita do hospedeiro de jornal, um diferenciado analfabeto funcional. E o ignorante nada mais é que ignorante, ponto final.

Do ignorante e analfabeto funcional não se tira nada, apenas mantém a rotina oriunda de tradição. Para a religião são ovelhas, para o lazer - futebol e música – são fãs, e para a política são idiotas úteis.  Os dois são limitados a somente manter o vício diário, nada mais. A dose é milimetricamente mantida, a quantidade necessária para o cooptado não sair do prumo, cria a venda social e abre os olhos somente ao que projeta no momento, um delírio ou outro e nada mais. O problema recai mesmo é no intelectual, aí sim dá para fazer um profundo levantamento.

Assim como um usuário em crack, em estado profundo, deixa de ser viciado apara se tornar zumbi, o intelectual que só obtém o status por publicação de uma monografia, em uma universidade qualquer, torna-se zumbi cultural. Há muito zumbi cultural no Brasil viciado em erário estatal, replicando pareceres dos pares, não criando nada, “Que está contribuindo/Com sua parte/Para o nosso belo/Quadro social” (Raul Seixas), confortável ao bel prazer do estímulo governamental.

Mas tornar-se viciado em sabedoria e mantido como tal, é uma fórmula mágica, deriva de teorias, abre as sendas do futuro, mostra caminhos do sucesso a trilhar. A leitura, a escritura, e o vício da sabedoria como intelecto é a única prospecção de um delírio que pode se tornar real.

Licença Creative Commons
O trabalho O Vicio do Saber de Júlio César Anjos foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br/.

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