Por: Júlio César Anjos
Nem o céu que faço desdém, nem o inferno que não me convém, nem mais e
nem menos, apenas o igual mais-ou-menos. Estou, hoje, preso à monotonia
cansativa, exaustão do vácuo, da falta de preenchimento, da rotina normal. É o
clichê clássico, o status quo do hábito.
O abundante eu nunca tive e o escasso não experimentei, mantenho a
continuidade do equilíbrio “xarope”. Aprecio o chato dividido, nem a alegria
exorbitante, nem a tristeza horripilante, apenas a mesmice convencional. O
espaço é milimetricamente medido, a mensuração se faz pela eficiência de ocupação,
pois adapto-me entre os pontos eqüidistantes do supérfluo e da carência.
A minha agenda é o copo da dúvida, por ter alguns afazeres, alguns dizem
que está meio cheio. Contudo, por não estar preenchido, outros dizem que está
meio vazio. Mas a agenda copo, neste contexto, está meio a meio, mesmo que
muita gente não veja a verdade, a metade existe. A minha vida está equilibrada,
sem sal nem açúcar, apenas uma água sem procedência, pode ser pura ou não, é a cretina
dualidade entre a intelectualidade, ou a falta dela, que gera dúvida. Copo meio
cheio ou meio vazio? Meio-meio.
No trabalho não sou “workaholic”, tão pouco tenho ociosidade, perfaço o
expediente com a quantidade de labuta necessária, a oferta e a demanda de
serviço estão em ponto de equilíbrio. Já
no amor, sobra carinho de parente e falta paixão de pretendente, o resultado
satisfaz a sentença da nulidade de afeto. E em questão financeira, o risco é seguro e o
seguro é arriscado, não me aventuro em atitudes que levam à bancarrota, porém não
saio do “pois é” chinfrim que é a minha vida. Nem mendigo, nem rico, estou na média!
Dizem que a minha vida é chata, monótona, sem sal (ok, as pessoas podem
ter razão), mas já vi adolescente “querer morrer” - hipérbole de jovem rico -
por ter perdido o cartão de crédito, como um castigo da mãe; e vi pobre quase
morrer de anemia, porque a vida, por si só, já é um castigo. Não ando reto e nem cambaleante, vivo entre o
certo e o incerto, entre o torto e o regrado, pelo simples fato de ser homem, humano,
ao mesmo tempo falho e direito. Portanto,
da classe média esse é o resultado, é o ponto conquistado, o limite do
preceito.
Esse texto já está bom, pois pior não fica e se melhorar estraga, fica o conceito.
O trabalho Chinfrim de Júlio César Anjos foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br/.
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