Por: Júlio César Anjos
Sabe como é, Barnabé, tudo parecia decepção, aconchego no palheiro,
triste é o cativeiro, do sequestro de um prisioneiro só. Agora, Barnabé, a solução
é somente prestigiar a imensidão da noite estrelada. Barnabé... Eu já contei para você que o feno dá muita coceira? Pois é, você já sabia, né?
Ah, amigo barnabé! Que triste esse tempo em que ficamos conversando, pois
só nos juntamos quando a coisa está ruim. Barnabé escute-me, o outro lado da
porteira é tudo besteira, só futilidade e nada mais. Barnabé acredita em mim, o
sucesso naquelas bandas é artificial, não é algo contínuo, tem um fim.
Como ousa pensar isso Barnabé? É
tudo uma loucura aquele lugar, não tem como se estabelecer de maneira
harmoniosa, o caos deflagra a região. Poxa, Barnabé, estou falando para você
que são todos esquisitos, estranhos, bem diferentes dos daqui. Barnabé, você
quer mesmo trocar o tratamento VIP que o ofereço para tentar a sorte em outro
lugar? Não faça isso comigo, Barnabé.
Tudo bem, então Barnabé, eu sei que a alimentação está complicada, só às
vezes sobra e quase sempre escassa, mas o carinho é sempre tentar conversar
quando posso. Barnabé se quer mesmo sair daqui, saiba que por outras bandas a
água é diferente, tem muito rio contaminado por aí. A da torneira tem cloro,
mas você já está acostumado, né?
Você lembra a última vez que a gente cantou junto, Barnabé? Eu desafinado
e você mandando ver, nem parecia que estava triste, apesar da face não
esconder. Não olhe desse jeito para mim, Barnabé, fico com a consciência pesada
de tudo aquilo que não fiz. Lembra daquela vez que você quase morreu de frio?
Pois é, esqueci de fornecer a você uma coberta... E quando você quase morreu de
tanto calor? Fomos para a praia e esqueci os detalhes, a minha cabeça já não funciona
mais como na juventude.
Ah, Barnabé, desculpe por ter sido tão egoísta, só pensei em mim e te
esqueci. Tratei você como um brinquedinho, um joguinho da vida real, não
pensava e só agi. Por isso, não é justo
fazer isso com você, meu amigo Barnabé, já decidi, não é certo ficar preso tanto tempo nessa gaiola, então voe sem demora, é chegada a hora da liberdade do agora.
Desculpe-me se o fiz infeliz... Eu te amo, meu passarinho barnabé!
O trabalho Ao meu amigo Barnabé de Júlio César Anjos foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
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