Por: Júlio César Anjos
Desde que li a frase do Ruy Barbosa: “há tantos burros mandando em homens
de inteligência, que, às vezes, fico pensando que a burrice é uma ciência”,
sempre fiquei com uma dúvida danada: Se a burrice é uma ciência, e um burro
manda em alguém inteligente, então surge uma figura muito bem delineada, o tal
do Asno Científico. Não é mesmo?
O Asno Científico é formado pela
escola da vida, graduado em malandragem, e possui experiência profissional em
influenciar pessoas ditas inteligentes, aquelas formadas em Universidades,
graduadas em Ciências de qualquer natureza e com experiência profissional com
carteira assinada. O líder é sempre carismático, o que faz tal fenômeno ser
estudado pelo letrado, influente vem de berço ou se é conquistado? É a dúvida
que paira em saber que é mandado por alguém só porque outrem gosta do danado.
O sujeito deve ser bacana, caricato, com características que englobam o
semblante do povo, por isso não precisa ser bonito, mas tem que ser um cara
legal, alto astral, senão a brincadeira acaba. Deve conter uma simetria dos
pensamentos rasos da mediocridade do povão, atacar o rico é maravilhoso e
defender o pobre é glorificação, é sempre o mesmo sermão, a velha gagueira
falha do pensamento que não sai do lugar.
E na compreensão, a ciência possui as hipóteses, que são testadas, a fim
do estudo obter validade. Eis a pesquisa: Pode um burro mandar em alguém
inteligente? Sim; Algum governo já teve tal situação? Sim; As pessoas aceitaram
a ideia? Sim. Pronto, está testado e aprovado, o jumento do painho, ou um cone
com chapéu, não importa, qualquer coisa pode ser comandante no país do samba,
até mesmo um Jegue sem Bacharel.
Um asno científico não precisa nem pensar e muito menos falar, apenas
andar e respirar basta, pois só a existência já satisfaz a sentença em ser
líder de um grupo qualquer. A única determinação sugerida de tal grupo é seguir
o líder, sem contestação, muito menos indagação, sem uma palavra sequer, apenas
a presença do tal poderoso já determina a existência de um ser que talvez tenha
nascido com tal qualidade ou tenha ganhado tal habilidade durante o tempo. Até
porque se contestar e perguntar, através de tentativa e erro, as coisas podem
ser esclarecidas, fazendo o asno científico ficar em uma situação constrangedora,
de risco. Então sem perguntas, somente siga.
Os seguidores pseudo-intelectuais se juntam para seguir o asno
científico para criar multidão, pois se não o fizerem podem desgarrar do grupo,
sendo somente um burro, sem ser científico, um jumento de canudo cintilante. E
nesse aparelhamento, quem contesta é chato, feio, não faz parte do grupelho, é
considerado um antiquado, pessoa esquisita e surreal. Para o asno cientifico
vingar, há de gerar uma ditadura de pensamento.
Ruy Barbosa proferiu a reflexão ao identificar, certamente, um asno
científico... Quem era o asno cientifico naquele momento? Nesse momento há
vários, nem precisa fazer esforço de pensamento. Os "inteligentes", que seguiam os
burros dão para se ter uma ideia, devem ser o povão junto com o parlamento.
O trabalho O Asno Científico de Júlio César Anjos foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br/.
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