Por: Júlio césar Anjos
De canto em canto vou andando pelas rochas da montanha, no mesmo
movimento revolto das correntezas do mar. Em pranto, só penso: por que do espanto? Já sabia das conseqüências que se podia gerar.
Bela tarde para devanear por aí, tempo loiro e momento negro, falta luz
nessa alma combalida por desafetos, de amores, talvez, da dialética entre o amor
e o não amar. Mas clareia a percepção que o infinito não existe, pelo menos nas
necessidades humanas, assim como não é infinito o ficar sem comer ou beber,
saciar da paixão também é algo vívido e findo.
Tropeço em uma pedra ou outra, o vento faz questão de me empurrar, brisa
que ventila o calor, embora a tristeza só me faça congelar. O coração é uma
pedra no tempo, se aquece no calor e esfria no frio, depende muito da natureza
dos sentimentos, em que algumas almas recebem boa ventura de sempre receber
insolação, já outras sofrem sempre por estarem ao meio de uma nevasca. Às vezes
não é culpa da pedra ser fria, apenas está no lugar errado e na hora errada,
assim como é boa sorte sempre ter o coração ardente de paixão.
Sento à praia e observo as pessoas ao meu redor. O remexer que a criança faz na areia é da
mesma sintonia do vai-e-vem da maré, assim como a briga disforme entre dois
enamorados é compatível à distorção do sopro do vento que vem da costa. A sina
constante da natureza é sempre dar sinal.
Do resultado do quebranto, santidade me viu ajoelhar nos espinhos da
torturadora sociedade, o que mais dói é a sensação da alma esfriar, já que o
corpo, de tanto espinafrar, já não reage às ações espirituais, os sensores
da falta de amores não faz mais ecoar.
A luz ardente não vem do sol, mas do sonar reluzente do toque especial,
uma pretendente quem sabe (?), o temor racional diz que carência não é amor,
então a ilusão e a realidade se misturam como peças de dominó antes de jogar.
Refuto a idéia e martirizo por ter perdido algo raro e único, pois se fosse abundante
e trocável não seria valoroso, amor que não se tem é difícil empenhar.
Sozinho, só resta pensar. Junto não estou, pois não me daria a divagar em
amor não correspondido, já que dor sentimental de paixão só sente quem não tem.
Essa praia já foi mais bonita... Falta de amor dá dissabor.
O trabalho De canto em canto de Júlio César Anjos foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
Triste e lindo ao mesmo tempo.
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