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A Flor e o Coturno


Por: Júlio César Anjos

O escudo invisível de segurança da flor é a junção do clamor.  Quando não há agressão, as pessoas interessadas pensam no melhor, inserindo a cor com o sabor, pois o cheiro da planta em uma região traz vigor e a coloração alegra a visão do coração. Mas nem todas as regiões possuem a proteção intangível, pois há o antídoto calamitoso: a botina da opressão.

O colorido devasta o mau humor, quebra a barreira da tristeza, o cheiro identifica o endereço, como se marca fosse de tal localidade. A intensidade do frescor, a fragrância mais forte, desbrava como molde a alma torta do sujeito sem sorte. Bem aventurado o cidadão que se adaptou, entendeu que a flor é ferramenta contra a morte. Morte de idéias, de diferenças, de melhora de uma sociedade em geral, pois, o mais bonito em um cenário regional, é uma flor sustentada, de pé, normal.

Mas nem todos os povos possuem variedades do sabor, a flor é machucada pela botina da escuridão, da tristeza e da calamidade social, o coturno penetra o escudo de proteção da flor, no tempo em que o povo chegou ao caos social. O triunfo do igual, o cinza unificado, como cenário pintado somente com sombreado, o cheiro é somente de pólvora, de sangue, de sofreguidão. Andando juntos como se tivesse uma mesma linguagem de computador, as máquinas de destruição quebram tudo, em todo canto, o que faz a alma pura perder o encanto, ao pisar a botina não tem piedade de nada, nem da flor.

A flor, por estar no caminho da tirania, aguenta resignada, como uma sentinela, fica de pé na frente do front de batalha. Os coturnos começam a andar, em posição de sentido, não sentindo nada, apenas mantendo a caminhada. A flor aguenta um pisar, volta a ficar sustentada, faz na primeira sofreguidão a composição de mola, tenta voltar à mesma posição, embora consternada, leva um segundo “pisão”, um terceiro, quarto.... A flor fica achatada, perdeu a batalha, assim como perdeu o cheiro e a coloração, morreu pela perna de uma botina quebrada, de conceito, de ideia, de pensamento.

A massa corpórea de um coturno é a consciência pesada, como uma bigorna da malvadeza, mostra a todos com clareza, que a botina não agrega nada. A flor delicada tem a proteção forte da sociedade que não é oprimida, que sabe dar o valor, força invisível que mostra ser mais resistente que a massa do coturno, ficando a flor simplesmente visível e intocada. Que os povos entendam, de uma vez por todas, que o mais resistente escudo de proteção de toda a sociedade evoluída, e também da flor, é a paz e o amor.

Licença Creative Commons
O trabalho A Flor e o Coturno de Júlio César Anjos foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br/.

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