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A escolha do austero

Por: Júlio César Anjos


Na eleição, as pessoas vão às urnas para eleger o administrador geral, o gerente do eleitor, pessoa capacitada para atender às demandas que a sociedade como um todo necessita. Apraz, o cidadão direito escolhe o que melhor convir, pois o imã dos pensamentos iguais faz os pares serem aceitos pelos eleitores. Mas há diferenças, que devem ser respeitadas, já que a democracia é regra de maioria e não de tirania absolutista totalitária.

E das eleições aparecem os candidatos populistas, falsos bonzinhos que ressoam só o que a maioria quer escutar, como se medida popular fosse uma dose de melhora para toda a sociedade. O “popular” roga só o que o povo gosta, mesmo que tal medida pareça insana aos padrões ou regras gerais. Prometer o que não pode cumprir, é a melhor estratégia momentânea, fala aos pares a mesma coletânea, um disco riscado que só reproduz a repetição. 

 Assim, a retórica emplaca: “A culpa é dos outros e não de cada um”. Como se, por exemplo, o rico, só por existir, travasse os sonhos de outrem em um toquinho de amarração qualquer. A existência do real não inibe a inexistência de um sonho, que, embora não tenha nascido, quer se concretizar. Aliado a isso, o populista não quer ser o malvado da história, como uma mãe que regra o filho para mostrar a lição, ralhar com o eleitor seria terrível para o resultado na urna, então fica que o eleitor, mesmo falho, seja considerado perfeito.

Mas para manter a ordem desta mesma sociedade, o político eleito deve tomar atitudes, medidas, ações sobre as noções que se tem de uma boa coletividade. E para isso o executor deve atingir o povo de certa maneira, pois o cidadão como queira, pode objetivar toda uma nação para o caos social.  Agora aparecem as leis, os padrões de convívio, as sobremaneiras de atender as multidões como um todo. Esses conjuntos de regras agora começam a acalentar os pensamentos, os usos e costumes de tal sociedade, sendo padronizada pelo entendimento geral dos indivíduos inseridos em um contexto, como uma limítrofe legal ou territorial.

De certo modo, a menos que haja anarquia, o povo escolhe de certa forma o tirano que executará tais ações, pois para manter a ordem de uma geração, tal político terá que deflagrar o pensamento à modelagem da legislação. Não adianta bradar o populismo nessa situação, pois muitas atitudes inibidoras de ações aparecem de várias formas na constituição. A mediocridade do populismo faz degradar a sociedade pela falta de seriedade. Uma hora ou outra o rigor se faz necessário, pois, quando a coletividade amarga moratória financeira ou social, há de dosar a sociedade com remédio amargo da austeridade e do parâmetro legal.

Tanto para manter a qualidade do serviço, quanto para melhorá-la, o governante tem que projetar o teto antes mesmo de fazer os pilares de sustentação.  E os pilares são os três poderes, que trabalham para continuar o projeto de sociedade amparada pelo sonho do próprio povo. Mas o povo é curto-prazista, quer o pão no exato momento, sem se importar que o progênito, no futuro, poderá ser um pedinte igual o progenitor.

O populista não tem um projeto de nação, apenas um esboço de poder, pode mudar de lado o conceito, como quem muda de canal na TV, pois o que importa é ser populista em todos os modos, em todas as gerações. Se o momento diz que a melhor retórica é o pão e o circo, então que se fale somente sobre isso. Já se o povo não quiser mais só comida, o populista adaptável tomará ações voltadas para o fim do assistencialismo. Não importa a minoria, o que importa é a tendência, de compaixão (ou falta dela) ou carência, do pensamento de todos. 

Chegará uma hora que o povo clamará por carrascos, por causa do caos social provocado pelo fiasco, das atitudes populistas de outrora. E o populista tentará se adaptar, tornando-o carrasco, pois será isso ou o fim do poder. Mas o poder tenderá sair das mãos do populista, pois os executores farão o que é certo independente de aceitação ou rejeição do povo, pelo simples fato de ser o certo a fazer. O povo não gostará do remédio amargo, mas é melhor sofrer no momento para ser curado do que ser combalido pela doença de sempre, o populismo. Uma coisa que todo mundo já descobriu é que populismo não significa o melhor para o povo a longo prazo, significa a malandragem momentânea que o povo adquire, por causa de alguma pujança financeira ou social.

O austero vira agora o populista, por não ser curto-prazista, semeou no passado uma pujança futurista, melhorando a sociedade como um todo, destacando-se dos demais populistas momentâneos, que, por só buscarem o poder, ficaram cegos sobre as qualidades do remédio amargo.  Até porque o populista nada semeou, estão nada colherá. Os frutos não aparecerão e a austeridade semeadora tomará conta da política da nação.

E você, eleitor, se dará conta que votará em um austero, pois é o mais certo a fazer.

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Obs: Boa sorte, eleitor, e vote certo dessa vez!

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Com base no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.


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