Por: Júlio César Anjos
A censura impede qualquer divulgação de qualquer coisa, seja artística ou
de notícia, a fim de garantir o veículo de comunicação mostrar uma parte dos
fatos, omissão obrigatória que venha através de imposição do governo. Diante
desse cenário, a mídia e o povo só sabem sobre um lado da moeda, permite-se
somente falar sobre o que o governo quer ouvir, apenas o que soa como música
aos ouvidos dos censores. O Brasil lutou e veio a democracia, o que mudou muita
coisa sobre censura, pois mudou de mão, agora está em poder daquele que pode
influenciar outrem, fazendo uma censura permitida da mídia através do comunicador,
ou da exploração dos fatos pela repercussão, a fim de vender mais inserções de
publicidade e propaganda.
Destaca-se de antemão que jornal hoje não vende mais exemplar, o que a
mídia de um modo geral faz é vender omissão ou repercussão de um fato qualquer.
Antes, a mídia se preocupava com a
qualidade, para gerar quantidade de exemplares, a fim de repercutir fato novo,
para conseguir o lucro, a projeção na sociedade, a glória, desde que
satisfizesse o desejo do censor. Hoje, a mídia controla o mercado inteiro por
causa da credibilidade de outrora, vende omissão ou repercussão, sendo
considerado um dedo duro chantagista do governo e do mercado.
A censura de outrora era um desvio de caráter do governo perante a
sociedade. O cidadão comum, de bem, não
dispunha no ambiente o leque de oportunidade, era selecionado somente o que se
podia publicar, o que denota uma mediocridade pela falta de criação das mais
variadas formas de pensar, dos ideais, das crenças, enfim, inibiam-se tudo que
pudesse ser provavelmente contra o governo ditatorial. Pelo cenário exposto, a
figura do vilão moral recai ao governo, eximindo a mídia de culpa. E a mídia, com
apoio popular, burlava o sistema e até ousava em ir a contraponto ao o que o
governo insurgia.
A democracia eclodiu, a aclamação do povo se fez concretizada, as
mudanças se destacaram e, as regras que antes serviam como parâmetro, agora emerge
diferenças entre o novo desconhecido e o velho desgastado de tanto ser
utilizado. E a ferramenta censura utilizada pelo governo é substituída pelo
método da censura permitida da mídia, em que o desvirtuamento passa de mão, o
vilão começa a ser o influenciador, seja a pauta do editorial e/ou do ponto de
vista do profissional liberal da mídia.
E nessa mudança, a conduta ímproba fica a caráter do profissional
vendido, em que se omite de alguma informação, para obter muitos bônus, muita
grana, a fim de “defender” o ente que deveria ser agredido, por ter feito algo
que seria inconseqüente, mas que não foi divulgada a informação para a
população. O que se destaca é que o “vendido” tem obrigação vender o desserviço
por um alto valor, pois - a história conta e o tempo concretiza - ser vendido
por pouco o fará sofrer por um longo tempo, já que seria um pária da sociedade
e teria que se esconder até mesmo em outros países, por ser um tirano do povo.
A mídia pode vender omissão sim, mas o segmento deve ficar atento sob a entrada
de novos entrantes, os concorrentes que descobrirão o nicho de mercado, pois
mostrar a verdade será um diferencial (o que não deveria ser), por causa da
falta de transparência justamente do ramo de atividade que deveria divulgar
atos ímprobos. Então, alguns segmentos
de mídia trabalham com a “democracia” da instituição, com flexibilidade da
pauta, em que “dá um no cravo e uma na ferradura”, utiliza das duas ações para
manter a credibilidade, mesmo que velada, pois não se impõe e muito menos toma
partido.
O governo comprador da omissão, pela inversão de valor dos velhos tempos
de ditadura á democracia desconfigurada de hoje, faz o povo até certo ponto
fazer vistas grossas quanto ao uso de tal ferramenta, desde que não seja
utilizado recorrentemente. O problema é que não há “meio grávida” nesse
contexto, a sociedade deve definir logo se compra de omissão também é ou não de
fato desvirtuamento moral. Por hora, o agravante das atitudes de omissões recai
em quem vende a omissão, ou seja, o culpado da omissão fica a cargo da mídia.
Mas a venda de omissão ou propagação de informação, mesmo deformada, é
melhor que o sistema de censura, pois inibir a pluralidade cerceia não só
direitos como também aumento qualitativo da melhora do povo de forma geral,
pois o sistema mercantil, pelo menos, cria um mercado de informação. Já a
censura torna tudo medíocre e facilita a vida para o governo tão somente,
tornando até mesmo os profissionais da mídia mais pobres do que seriam de
qualquer outra forma livre. O sistema falho da falta de moral melhora a
economia de uma forma geral, pois cria nichos, como já fora citado
anteriormente, além de fazer girar o sistema monetário pela importância da
comunicação na sociedade. Portanto, entre uma terra pouco produtiva e muito
utilizada e uma terra muito produtiva e impedida de ser utilizada, há pelo
menos de acreditar que a primeira questão é melhor que a segunda, pois mesmo na
mediocridade há um ganho na primeira questão do que na segunda situação.
O entrave principal que faz a compra
de omissão ser repudiada é porque os impostos que deveriam ser canalizados para
a saúde, educação, e blá, blá, blá, “Whiskas Sache”, agora são jogados
praticamente no lixo para deixar formador de opinião rico pelo desvirtuamento
moral. Mas isso para um partido de oposição é até melhor, pois o dinheiro que
poderia ser tratado para promover a situação no poder, pelo sucesso dos
investimentos, deflagra dinheiro jogado fora pelo fracasso em tem que apagar o
incêndio. Para uma oposição, o fato é que a censura seria muito pior do que tal
situação que é utilizada hoje.
A venda de omissão ou
proliferação de informação é melhor que a censura pura. Há prós e contras a entender que o mercantilismo de tal desvirtuamento moral seja integrado na
sociedade, já que não é consenso na sociedade e as pessoas devem pesar o que é
melhor: economizar imposto e deixar a mídia tornar tudo um caos; voltar à
censura (o que seria ridículo); ou aceitar o mercado da omissão e propagação de
informação. A primeira questão seria a melhor possível, mas a terceira, por
enquanto, pela sociedade, é a mais viável, mesmo pesando os prós – não fazer um
caos no país -, como os contras – canalizar dinheiro de imposto para apagar
incêndio e enganar o povo.
O fato é que a venda de omissão está tão utilizada no Brasil que se
enxerga verdade sobre os fatos no Brasil somente em alguns blogs, mídia
internacional, e olhe lá.
O trabalho A Censura Permitida da mídia de Júlio César Anjos foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.
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