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Arranjos Sociais


Por: Júlio César Anjos

Escrevo o que penso
Penso bastante
Escrevo pouco
Estou devendo

Nos anos 70 a geração da época revoltou-se com o sistema político e, com apoio de criação artística, como a música, por exemplo, com o objetivo de clarear as idéias do povo, abriu novos conceitos para os jovens, a fim de tornar “melhor” o país, aos olhos dos revoltados do momento. As canções não eram livres, era cerceada de liberdade, a censura dominava o avanço popular, muito embora a mesma censura, que defenestrava a quantidade, qualificava as canções pelas criatividades, pois o importante era ser diferente e burlar o sistema censor.

Nos anos da era de ditadura de regime militar havia a imposição da lisura, mecanismo utilizado para preservar a moral e os bons costumes não só da época, mas de todo o sempre, já que viver em harmonia é bem-vindo em qualquer geração. O problema de tal sistema era o impedimento das escolhas, da supressão da pluralidade das vontades humanas, e da asfixia do contraditório, o que prevalecia a marcha dos pares, o que é uma coisa terrível para quem gosta de democracia e das diferenças. E no cenário que se destaca, a figura da instituição e dos militares é polarizada em cidadãos que os vêem como pessoas exemplares e do outro lado indivíduos que os enxergam como tiranos.

A pluralidade das vontades humanas são os impulsos que os homens clamam a fazer, mas são negados por não ter liberdade para tal. O homem, na época, queria ser livre para escolher, para sair do marasmo da regra da moral e bons costumes, da subserviência da tirania política que não gostava. E nessa convergência aparece de guerrilheiros querendo liberação de drogas a anárquicos querendo o fim de qualquer base controladora da sociedade. E nessa concepção, a antítese do opositor deflagra como bandeira de salvaguarda, o que é ruim para os militares é bom para o povo e o que é bom para os militares é ruim para o povo. O libertino de época agora se revolta com a religião que prega a calmaria ambiental, a TV que condiciona a etiqueta social e do militarismo que abraça o sistema ditatorial.

Uma deformação social considerada como formação conceitual encontra-se bem explícita no arranjo da música Como os nossos pais, de 1976, de Belchior. O refrão é a seguinte: “Por isso cuidado meu bem/Há perigo na esquina/Eles venceram e o sinal/Está fechado prá nós/Que somos jovens”. O perigo na esquina, nesse refrão, significa a polícia, e/ou os módulos policiais. Isso mesmo, a polícia era considerada um perigo. Agora, alguém poderia dizer: Perigo para quem? Era perigo somente para pessoas desregradas da época, que não seriam tão regradas hoje, pelo simples motivo de serem desregradas.

Mas essas pessoas venceram ao longo dos anos, seja nas eleições ou nos conceitos, levantando bandeiras confusas, sob perspectivas ilusórias, com o fim justificando os meios, a fim de acabar com a força de unidade da polícia, da religião e de qualquer mecanismo que torne vívida a moral e os bons costumes, ou seja, o conservadorismo, pela justificativa da democracia. Monopolizaram a democracia e agora se acham donos de um direito que todo o povo lutou, se acham proprietários de algo que por si só não possui dono, a democracia é do povo.

Porém, esses dias, Olavo de Carvalho tentou contestar uma frase de Lula, dizendo que o ex-presidente falou que o monopólio da esquerda é considerado democracia pelo dono do PT, o que poderia ser errado, pois pluralidade significa democracia. Bom, infelizmente há de concordar com o esquerdista, pois foi vontade do povo, através da urna, que houve a concepção quase que total, para não dizer totalitária, da doutrina da esquerda pela democracia. Foi democrático sim! Porém o povo tem a democracia para mudar a hora que quiser para outras doutrinas, e, mesmo assim, não deixará de ser democracia. Até porque democracia significa poder do povo para o povo, se o povo quer ditadura velada de esquerda, a urna abençoa, não há nada de errado nisso. Porém, se as coisas inverterem, e o povo começar a gostar de outras tendências, outras doutrinas, há de se respeitar a democracia sempre, e sempre. Não é porque desfavoreceu a minoria que não seja considerado democrático, pois democracia não é consenso de todos, não é unanimidade, sempre há minoria que não gosta do resultado de uma eleição ou de uma condução social aplicada por algum partido, porque a democracia é a regra da maioria (50% mais 1 voto).

Diante dos avanços das diretas já e do sufrágio universal do voto, além da constituinte, a esquerda através do voto e do pensamento contraditório aos interesses conservadores se aproveitaram da fragilidade do povo que gostaria de obter mais direitos, o poder de extrapolar, sair da coleira social, ser livre. Mas liberdade, ao contrário que se pensa, não é sinônimo de doutrina de esquerda, que se sustenta nos pilares de gigantismo de estado para controlar os direitos e deveres do povo, ou seja, para chegar ao poder, a esquerda enganou o povo.

O perigo na esquina acabou, mas virou perigo na porta e até dentro de casa. Com a falta dos policiais a proteger a sociedade nas esquinas, os módulos, a quantidade de efetivo, e os investimentos de tecnologia e de recursos humanos ficaram à margem, com os esquerdopatas não se importando mais com os militares, já que não se pode mais investir nos inimigos. Com isso, a bandidagem, que até certo ponto não tem bandeira, se aproveitou da situação, e com a falta dos pilares familiares e de religião, que também foram cooptados pela tendência da esquerda, utilizam agora de mecanismos e ferramentas legais para fazer o que quiser contra o próprio povo que deu amor e confiança.

Como tudo começa a virar um fardo até mesmo para o governo da situação, pois ninguém suporta tanto caos social, além de ter que aplicar aos ideais e crenças de doutrinas vermelhas, o poder hoje se destaca em que deve trazer tendências de volta dos mesmos pseudo-inimigos que outrora tais partidos condenaram no passado. Então aparecem coisas bizarras como as UPP’s (nada mais são que módulos policiais), o tal de BOPE que nada mais é que investimento em recurso material e humano, volta das restrições sociais libertárias, e maior vigilância contra o povo, para conter o caos social que está a deflagrar nesses novos tempos.

E nesse prisma aparece o novo código penal, sedento de artimanha da doutrina marxista, além de controle absoluto do estado perante o individuo, denotando que o controle feito de outrora (era militar) não era impeditivo dos raivosos, apenas que a algazarra, provocada pelos descontentes da época do regime militar, era somente uma troca de poder, era um golpe para a bandidagem velada tomar conta da soberania nacional. E pode constatar que liberdade econômica não existe, é controle absoluto, pois a esquerda nazista e a direita fascista não são muito diferentes uma das outras, ao contrário, são até iguais.

Os esquerdopatas detonam a moral, os bons costumes, e acha inadequado o próprio povo barbarizar a nação. “Quem anda com porcos, farelos comem”, já dizia uma vovozinha sabia, fizeram ajuntamento político com bandidos e agora não querem as conseqüências. Não só terão conseqüências como estão devendo favores para bandidos, estão cooptados com os camaradas, situação difícil desde que consiga mudar de forma velada o comportamento não só dos pares, mas da nação. Agora a doutrina “socialista” quer trazer o que tinha de bom no regime militar, mas não dando crédito aos militares, tentando enganar desavisados que estão mudando, o qual a mudança nada mais é que a tendência que já existiu em épocas passadas, mas infelizmente foram destruídas justamente por quem está tentando contornar a situação hoje.

Ninguém agüenta mais perigo na porta com os bandidos esperando a saída do cidadão de bem de casa, nem agüentam mais o perigo em casa, com os filhos drogados e/ou bandidos que foram dominados pela libertinagem de uma sociedade que perdeu o rumo. O perigo na esquina nada mais é que a solução dos honestos, dos homens de bem e de caráter.

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