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A creche do Ratinho Junior



Por: Júlio César Anjos
  
Fórmula mágica do Ratinho Junior: Pegue um terreno baldio (grande); faça um galpão retangular; contrate algumas pessoas (de preferência em 2 turnos); E despeje crianças a gosto. Pronto, está finalizado o depósito de gente mirim. É muito fácil, não é? Tão fácil que é desta forma o peixe é vendido na propaganda eleitoral. Não se explica os meandros das questões, não justifica gastos, não propõe a verdade na proposta, apenas divulga criação de depósitos de gente e aumento de carga horária na creche, sem apontar como será feita tal magia. O fantástico mundo do Ratatouille se mostra bem melhor que o restaurante chique Francês, o roedor torna-se prefeito, sujeito direito, apesar de ser ufanista, cai no lampejo que o Estado grande proporciona tudo, até conforto das famílias.

Lógico que aumentar a carga horária das creches é uma idéia interessante, pertinente, realizável e bem observada pelo candidato plotado a prefeito, pois a mãe trabalhadora tem que deixar o filho aos cuidados de um tutor soberano, sábio, e que dê carinho e respeito à criança que tanto ama. Nem entrarei ao ponto de que se a mãe ganha bem, ela nem se importaria em contratar alguém para cuidar do filho, pois seria chover no molhado. Mas o fato é que a mãe não ganha bem e o que o governo mais quer é mostrar essa sensação de bonzinho, assim como faz a sensação de segurança, a sensação de saúde, a sensação de zelo... Mas fica só na sensação mesmo, pois o Estado é incompetente. Então, deixa pra lá, não é o caso agora a explanar, por hora só fica que alguém está sendo enganado, e esse alguém recai sempre no eleitor-contribuinte, é o elo mais fraco entre as pontas.

No âmago da idéia o que reflete é o ceticismo sobre a eficiência de tal serviço prestado, pois aumentará o período de abertura da creche, o depósito ficará aberto por 12 horas (Antes, ficava aberto por no máximo 08 horas, o que era o horário de 1 expediente).  Criança em maior período fica mais irritada, mais chata, começa a resmungar e fazer “arte, traquinagem de molecada birrenta. Sendo assim, o que parece ser bom para os pais e os servidores, neste prisma começa a virar sarna para se coçar, já que o empregado do Estado terá que agüentar por mais quatro horas a chatice da meninada, que esperará os tutores os pegarem no depósito, vulgo creche. Os pais também sofrerão com tal situação, pois não há uma chave que vira o cursor entre chato e legal, a criança irá para casa mais cansada, chata e com menos tempo de contato entre mãe e filho, o que é esperado pela mudança do candidato.

E não é só a chatice de criança que mudará o ambiente não, em um futuro próximo, as reclamações serão maiores porque o estoque crescerá, demanda compatível ao tamanho do empreendimento, já que tal candidato instituirá a cidade da creche. Assim como a Loja Americanas, maior empresa varejista do Brasil, possui reclamações bem maiores que outras empresas concorrentes pontuais (menores), a creche com o aumento de capacidade instalada também sofrerá com reclamação das mães mal amadas. É o preço que se paga em mudar algo que estava sendo administrável, que o mago Ratinho consiga fazer tal medida de forma brilhante.

Superada as questões primárias, aderem à frente mais questões pontuais que devem ser resolvidas. Ao primeiro modo, o cintilante do prisma condiciona certezas, uma delas é que aumentará, a curto prazo, o efetivo das educadoras das creches, em um piscar de olhos duplicará o efetivo de funcionários para atender a promessa de campanha. Agora, o funcionário que trabalhava 8 horas, trabalhará apenas 6, sendo substituído à contra turno amiga de trabalho que também fará 6 horas.  No curto prazo o funcionário gozará de um aumento real de salário, já que proventos de contracheque não podem ser reduzidos ao bel prazer do patrão, é garantia de constituição, então diminuirá a carga horária, mas os salários serão os mesmos.

Como não existe almoço grátis, é bom sempre bater nesta tecla, com o aumento duplicado de efetivo, além dos efetivos que serão criados ao longo do tempo, a verdade é que a pasta da educação ou ação social (não sei onde fica lotada tal ação), no curto prazo, aumentará as despesas em progressão geométrica, fazendo com que mais dinheiro de outras pastas seja aportado nesta tarefa pontual. Mas ao longo dos anos, o que mostrará de fato será a defasagem do salário do educador por causa do déficit público, já que dinheiro não nasce em árvore e o orçamento é finito, a verba do erário terá ajustes para pagar não somente creche - a gente não quer só creche -, como também outras despesas correntes e acessórias. Saiba de antemão, servidor, que aumento de efetivo de pessoal na mesma lotação significa defasagem de salário a longo prazo, então tomem cuidado ao vibrar antes da hora, pois poderá ser um tiro no pé.

Os contribuintes pagarão a festa das creches, que aumentarão os quadros de funcionários, explodindo as despesas na pasta vinculada ao depósito de gente mirim, a fim de satisfazer certa aclamação de um segmento da população, criando, a curto prazo, uma miopia de dias melhores para o servidor. Tudo isso é previsto porque não existe almoço grátis, alguém terá que pagar a farra, não será um serviço universal, apesar de ser considerado, e os servidores terão trabalho dobrado e salário reduzido, pelo cenário que se desenvolve, a longo prazo. Ah, as crianças ficarão mais chatas por estarem maior período de tempo longe da mãe, causando stress em todo o sistema. Mas isso já fora previsto pelo atual candidato, então não há que se importar. Ou há? Pergunte para o candidato e saberá.


O trabalho A creche do Ratinho Junior de Júlio César Anjos foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em http://efeitoorloff.blogspot.com.br.

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