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Resumo do Livro o Príncipe - Maquiavel



Por: Júlio César Anjos


Resumo do Livro o Príncipe - Maquiavel, por Júlio César Anjos


CAPÍTULO I - DE QUANTAS ESPÉCIES SÃO OS PRINCIPADOS E DE QUE MODO SÃO ADQUIRIDOS.

 Todos os estados e governos que tiveram autoridades sobre os homens foram ou são principados ou repúblicas.

Os principados são: ou hereditários, quando seu sangue senhorial é nobre; ou novos.

Os novos são embrionários ou como membros acrescidos ao estado hereditário, em que o príncipe adquire. Esses domínios estão acostumados ou a submeter um príncipe ou ser livres, sendo adquiridas com tropas próprias ou de outrem, bem como pela virtude ou pela fortuna.

CAPITULO II – DOS PRINCIPADOS HEREDITÁRIOS

O príncipe natural tem menos razões e motivos para ofender, onde se conclui que é mais bem quisto que outros príncipes.

CAPÍTULO III – DOS PRINCIPADOS MISTOS

Nos principados novos, o príncipe é colocado no poder por causa da situação ruim no presente e a esperança de um bom futuro, mas logo as expectativas caem e o príncipe sofre resistência por parte dos colaboradores e da população.

Caso o príncipe antigo seja destituído por outro novo, o Príncipe novo é destituído com maior facilidade pelo sangue do antigo. O príncipe antigo retoma o poder e para sair do poder novamente é necessário que tivesse contra si o mundo todo para destituí-lo outra vez.

Estados conquistados ou possuem a mesma língua e província ou não. Os povos de mesma província e/ou mesma língua são mais fáceis mantê-los em ordem, basta não fazer mudanças drásticas nos usos e costumes.

Há a necessidade de extinguir a linhagem do antigo rei (matá-los) e não alterar impostos e nem leis.

Já províncias com línguas, costumes e leis diferentes, deverá haver uma boa habilidade para manter-se no poder.

Uma opção é o conquistador habitar essa região, pois pode ver as desordens e, rapidamente, consegue reprimi-la. Já longe do principado a informação pode chegar tardiamente e o príncipe pode perder o controle.

A residir no novo principado, o principado não é saqueado pelos subalternos e com a presença do príncipe os recursos tornam-se mais fáceis, o que torna o novo príncipe amável.

Uma forma para controlar o novo principado são as colônias. Esse mecanismo é mais barato e o único desconforto são os despejos de alguns moradores dos povoados. Mas esse artifício causa dois fatores: Empobrece as pessoas que foram despejadas e o resto da população fica com medo de que ocorra a mesma coisa com elas.

Já o controle militar, além de ser mais caro, é mais ofensivo para a nova colônia porque desbanca muito imposto e torna o habitante em inimigo.

Outra forma de controle se dá através da amizade com os menos prestigiosos – sem aumentar o poder deles - eliminando os poderosos para não adquirirem conceito (poder).

Conhecendo bem e rapidamente os inimigos e aqueles que o atingem, com maior facilidade consegue-se contornar a situação e manter o controle. Exemplo da tuberculose.

Guerra não se adia, se evita ao máximo. E Maquiavel exemplifica os erros cometidos pelo Rei Luiz ao invadir uma colônia na Itália. Luiz conseguiu invadir a colônia e, por medo, além de conquistar a colônia, conquistou dois terços da Itália toda. O erro do Luiz não foi de estratégia militar, mas política. Luiz deu força para um inimigo, o clero, e dividiu o reino com o rei da Espanha. Cinco erros cometidos por Luiz: Eliminou os menos fortes, aumentou na Itália o prestígio de um poderoso, colocou um estrangeiro poderoso no poder, não habitou a colônia tomada e não instalou colônias.

CAPÍTULO IV – PORQUE O REINO DE DARIO QUE ALEXANDRE OCUPARA NÃO SE REBELOU CONTRA SEUS SUCESSORES APÓS A MORTE DE ALEXANDRE.

Os principados têm governado por duas formas: ou por um príncipe, sendo todos os demais servos; ou por um príncipe e por barões.

Os governados por príncipe e servos, o povo obedece a um ou outro por instituir alguém a dá-lo poder e não por amor e benevolência.

Um exemplo a ser citado pode ser visto ao reino turco que o atacante deste reino nunca terá apoio de líderes da região. Não há a figura do príncipe natural ali e pode ser difícil de conquistá-la, porém é mais fácil de manter-se. Pois, após a conquista, o novo príncipe só tem que manter o sistema, porque os escravos são poucos corruptíveis e, com pouco poder de persuasão, arrastariam todo o povo para si.

Já na França, com os barões, em que se pode facilmente invadir o local, obtendo apoio de algum barão, em que facilita o acesso da vitória. Mas para administrar essa região, o novo príncipe encontrará muitas dificuldades, pois os barões exercem influencias e as colônias mudam de lado, tornando difícil o controle e o poder. Diferente do caso turco, onde não há lideranças regionais e nem sangue real.

Exemplo: Filme Robin Hood em que algumas colônias inglesas esmiuçaram ir contra o rei Felipe, mas no final lutaram junto com Felipe contra a França.

CAPÍTULO V – DE QUE MODO DEVE-SE GOVERNAR AS CIDADES OU PRINCIPADOS, QUE, ANTES DE SEREM OCUPADOS, VIVIAM COM AS SUAS PRÓPRIAS LEIS.

Os povos conquistados já com leis há três hipóteses para controle: arruiná-los, habitá-los pessoalmente e deixá-los viver com suas leis.

A destruição é o modo seguro para conquistar. Os povos que auferem liberdade nunca deixariam ser conquistados sem destruição, pois qualquer crise já colapsaria em lembrança dos antigos reis, dos tempos antigos e das tradições.

Mas um povo também que não reconhece um príncipe, dificilmente o reconhecerá caso o conquiste e com isso dificultará o controle da região também.

Nas repúblicas há de tudo, povos que aceitam serem dominados e povos que lutam até o fim pela liberdade. Então o caminho mais seguro é destruir ou viver na região.

CAPÍTULO VI – DOS PRINCIPADOS NOVOS QUE SE CONQUISTAM COM AS ARMAS E VIRTUDES PRÓPRIAS.

Novos príncipes e principados novos correlacionam-se por sorte e por virtude própria.

Àqueles que tornaram príncipes por virtude, a única sorte foi à ocasião e o bom proveito tirado dela. Os príncipes virtuosos com a sua própria espada empunhada tiveram mais dificuldades em dominar regiões, mas mais facilidades em mantê-las no poder.

O maior obstáculo para manter o poder são as novas tendências políticas e de organização social. A coisa mais difícil é o chefe introduzir novas ordens, pois os antigos tinham vantagens sobre tal sistema de organização e encontra fracos defensores, no momento, em que das ordens se beneficiam. A dicotomia se apresenta por dois fatores: as leis vigentes que podem piorar a situação já existente e a incredulidade por nunca ter visto algo novo.

Deve-se atentar para que se haja facilidade na inovação apresentada ou se terá que forçosamente mostrá-la.

Deve-se, então, utilizar também da força para persuadir os povos, além, é claro, da persuasão por argumentos e política. Portanto, só na conversa é facilmente refutada a questão.

Não havendo uma segurança para tais feitos, os inimigos, invejosos e oponentes sentem-se seguros para rebelar-se contra o principado.

O melhor exemplo para manter um principado é o caso do príncipe de Seracusa, porque ele extinguiu as antigas milícias, abandonou velhas amizades, e conquistou novos soldados e amizades. Com isso, sofreu para mudar no começo, mas valeu a pena para controlar o povo mais facilmente no futuro.


CAPÍTULO VII – DOS PRINCIPADOS NOVOS QUE SE CONQUISTAM COM AS ARMAS E FORTUNA DOS OUTROS.

 Aqueles que com armas e exercito de terceiros viraram príncipes, com pouca fadiga se transformaram príncipes, mas com muito esforço se manterá no poder.

Esse sistema é concedido um estado através do dinheiro, ou por graça da concedente. Os domínios do Estado são volúveis e estáveis: e não sabem e não podem manter a posição.

Não sabem por não serem homens de grande virtude e não podem porque o estado não tem forças que lhe possam ser amigas e fieis.

Um estado que nasce depressa não ganha corpo, não tem raiz (estrutura).

Alexandre VI queria tornar grande duque o seu filho o Cesar e com isso aproveitou-se da dissolução do primeiro matrimônio do rei Luiz e enfraqueceu as facções mais diligentes, atraiu os gentis homens de Roma honrando-os e dando dispêndios, melhorou a qualidade de comando e de governo, melhorando a qualidade de segurança e política da Romênia e dando autarquia para fóruns municipais das regiões; e exemplificando em praça pública cenas para aterrorizar e mostrar o modelo mais eficaz de poder até então, o medo.

Para mostrar a força, fizeram uma demonstração mostrando um pau e uma faca ensangüentada para aumentar o nível de tensão daquele povo sobre algumas investidas contra os patronos.

Pensando no futuro, Cezar fez quatro mudanças: Extinguiu as famílias daqueles senhores que ele tinha espoliado, conquistou todos os homens gentis de Roma, tornou o colégio mais seu do que antes, conquistou mais poder antes que o pai venha a falecer.

O duque conseguiu assegurar-se contra os inimigos, fez novos amigos, venceu ou pela força ou pela fraude, fez temer-se e amar-se pelo povo, seguiu e reverenciou os soldados, eliminou aqueles que poderiam ofender, ordenou por novos modos as instituições antigas, foi severo e grato, magnânimo e liberal, extinguiu a milícia infiel, criou uma nova e manteve amizade com reis e príncipes. Único erro foi escolher Júlio pontífice. Mas mesmo não podendo fazer um papa um dos seus, não deixou também fazê-lo os inimigos. Tornando ele mesmo a causa de sua ruína final.


CAPÍTULO VIII – DOS QUE CHEGARAM AO PRINCIPADO POR MEIO DE CRIMES

Agatocles, ingresso da milícia, reuniu todos os ricos e poderosos da época e em uma reunião do senado mandou matar todos essas pessoas que poderiam interferir no seu comando.

Já Oliverotto comete parricídio (matar o pai ou o tutor) para promover-se no poder.

Não há virtude alguma neste tipo de poder, mas consegue-se resultados satisfatórios por causa das crueldades serem bem ou mal usadas.

Deve-se aplicar o mal ao extremo e de uma vez só para o povo ficar com medo; e aplicar o bem aos poucos para que essa sensação de bem-estar continue por tempos. Um exemplo: Ao conseguir o principado o rei onera o imposto em mais de 100% no momento da conquista e aos poucos vai diminuindo até ficar no patamar de 20%. Então, mesmo o imposto estando alto (20%), o povo vai agraciá-lo, pois a sensação da redução o faz torná-lo um rei piedoso.

CAPÍTULO IX – DO PRINCIPADO CIVIL

Aquele que consegue o poder através do principado civil está exposto a ser destituído com maior facilidade se a ascensão com a ajuda dos grandes e será dificilmente excluído caso tenha apoio do povo. Mas quem chega ao poder por causa do povo se vê afastado dos poderosos. O pior que um príncipe pode esperar de um povo hostil é que a população o abandone.

O príncipe sempre viverá com o mesmo povo, mas pode viver sem os mesmos poderosos. Ao príncipe é necessário ter o povo como amigo, caso ao contrário não terá possibilidade nas adversidades.


CAPÍTULO X – COMO SE DEVEM MEDIR AS FORÇAS DE TODOS OS PRINCIPADOS

Um povoado bem organizado teria que dispor de recursos humanos e estrutura para poder defender o território sem precisar lutar dentro da cidade. Um exemplo de povoado avançado neste sentido é a Alemanha, pois há recursos humanos e mantimentos para um ano de conflito, além das estruturas ao entorno da cidade que ajudam a defesa. Além da parte física há também o povo que defende a terra caso seja ofendido.


CAPÍTULO XI – DOS PRINCIPADOS ECLESIÁSTICOS

Os principados eclesiásticos se sustentam pela fortuna ou virtude. São entidades dirigidas por razão superior e a mística defende este principado. Não se preocupam com tropas, pois o estado depende do Clero e são independentes até certo ponto dos principados.


CAPÍTULO XII – DE QUANTAS ESPÉCIES SÃO AS MILÍCIAS, E DOS SOLDADOS MERCENÁRIOS

Um bom principado deve conter boas leis e boas armas. As armas que um príncipe defende o seu principado ou são mistas ou são dos mercenários ou são próprias.

As mercenárias são inúteis e perigosas, pois podem mudar de lado com facilidade. São muito amigas em época de paz, mas em época de guerra querem ir embora. Os mercenários ou são excelentes guerrilheiros ou não. Se forem bons, não se pode confiar, pois aspirarão à própria grandeza. Mas se forem ruins, o levarão a ruína.

O príncipe deve exercer atribuições do capitão para influenciar toda a tropa. Os mercenários cresceram em toda Itália devido ao enfraquecimento da região por ofensas como os saques de Luiz, violentada por Fernando e desonrada pelos suíços. O crescimento do Clero diminui as forças armadas e, com isso, há maior necessidade de contratar mercenários e ficar refém do serviço terceirizado. E todo esse contexto levou a Itália à escuridão e desonra.

CAPÍTULO XIII – DOS SOLDADOS AUXILIARES, MISTOS E PRÓPRIOS

As tropas também são mercenárias e são úteis para si mesmas, pois se perderem a batalha ficam liquidadas e se vencem ficam seus prisioneiros.

Aquele que não conhece os males de início, não é verdadeiramente sábio, e sem armas próprias nenhum principado está seguro, fica totalmente sujeito a sorte, não havendo virtude que o defenda na necessidade.

CAPÍTULO XIV – O QUE COMPETE A UM PRÍNCIPE ACERCA DA MILÍCIA (TROPA)

 Quando os príncipes pensam mais na delicadeza do que nas armas perde-se o estado e cabe ao príncipe pensar e fazer a organização sobre a guerra, pois a guerra não se impede e sim se evita ao máximo, como dito anteriormente.

Uma das formas de perder o estado é negligenciar, e o príncipe que não entende de tropas não pode ser estimado pelos soldados e nem neles pode confiar.

O príncipe, como comandante, não pode desviar a atenção do exercício da guerra e deve pensar sobre dois pontos: a questão geográfica da guerra – vales, rios, temperatura, ambiente, floresta densa ou não e etc. – e isso pode ajudar a conhecer o estado e defendê-lo de ataques de outros países.

Tendo esse conhecimento, o príncipe pode “farejar” os inimigos e também consegue descobrir os pontos fracos dos inimigos, pois o conhecimento do terreno da província é parecido com os das demais regiões.

Quanto ao exercício da mente, o príncipe deve buscar informações de guerras anteriores e as práticas que comandantes já fizeram para vencer batalhas.

CAPÍTULO XV – DAQUELAS COISAS PELAS QUAIS OS HOMENS, E ESPECIALMENTE OS PRÍNCIPES, SÃO LOUVADOS OU VITUPERADOS

Um príncipe, se não quiser a ruína, deve aprender a não ser bom e usar a bondade, segundo a necessidade.

Os príncipes que chegaram a ter sucesso nem sempre saborearam de uma vitória digna e com ética, pois alguns dos grandes conquistadores usaram de artifícios que não o tornariam dignos. A ascensão ao poder, às vezes, se dá através de crimes e/ou utilização de mercenários ou até mesmo de traição.

CAPÍTULO XVI – DA LIBERDADE E DA PARCIMÔNIA

O príncipe deve ter atenção sobre a liberdade. Um rei liberal, que não cobra tributos, não encorpa o povo para tal agravante e com resultado, quando precisar recolher tributos, tornará a sua imagem estremecida, pois o povo reprovará tal atitude por ser acostumado a não pagar imposto. Um príncipe que, mesmo em tempos de paz, cobra impostos, na época de guerra não precisa passar pelo crivo da cobrança extra, pois já tem estoque de recursos e sendo assim, mesmo com a guerra, o príncipe não sofre com uma má imagem diante do povo, em um possível aumento de tributos.

A parcimônia é outro fator importante, pois o príncipe que administrar bem ao longo dos anos, sem gastar além da conta e manter as contas em dia, também não sofrerá para conseguir manter tropas em tempo de guerra sem onerar o povoado.

CAPÍTULO XVII – DA CRUELDADE E DA PIEDADE; SE É MELHOR SER AMADO QUE TEMIDO, OU ANTES TEMIDO QUE AMADO.

Todo príncipe deve ser mais malvado do que piedoso, pois parte do princípio que todo humano é falho e para organizar um povoado precisa-se de mais energia para domar os ânimos de um estado. O ser humano é simulador, ambicioso e perigoso e usar da bondade contra esse caráter é facilitar as coisas para os inimigos.

Na época de paz até há clamor por bondade por parte do povo, mas quando acabar o tempo de paz, há a necessidade de auto-preservação, e o príncipe já não fica tão aclamado assim.

O homem tem menos escrúpulo e ofende àquele que te faça amar do que aquele que te faça temer. Enquanto o vinculo pelo amor pode ser quebrada sem ônus, a não ser a ética, na base do medo a quebra de confiança se dá através de castigo.

Deve-se abster aos bens alheios, pois os homens esquecem mais rápidos a morte do pai do que a perda do patrimônio.

Um príncipe consegue ser temido e não odiado, basta haver justificativa e causa manifesta, caso ao contrário o príncipe tornará odiado.

CAPÍTULO XVIII – DE QUE MODO OS PRÍNCIPES DEVEM MANTER A FÉ DA PALAVRA DADA.

Um príncipe deve passar a imagem de ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso, mas como freqüentemente ele deve defender o estado, então, às vezes, deve agir contra a fé, contra a humanidade, contra a religião e etc.

E sendo desta maneira, um príncipe que vence e mantém um estado, os meios sempre serão julgados honrosos e por todos louvados, porque o povo sempre se deixa levar pelas aparências e pelos resultados e no mundo não existe senão o povo. Os fins justificam os meios.

CAPÍTULO XIX – DE COMO SE DEVA EVITAR A SER DESPREZADO E ODIADO

Um príncipe com boa reputação dificilmente é atacado e deve ater-se para dois temores: a parte interna, conspiração dos súditos e na parte externa, com os inimigos.

Sempre se defenderá com boas armas e bons amigos e, tendo boas armas, terá bons amigos.

O temor interno só se abalará ao fato de problemas externos. Deve-se tomar cuidado para não ser odiado pela maioria.

Um príncipe deve estimar os grandes, mas não se fazer odiado pelo povo.
Os príncipes têm a dificuldade de satisfazer os soldados e ficam contrabalanceados em deixar que os soldados sejam os representantes dos príncipes, pois os soldados tratam a população como se fossem despojos de guerra e isso fere a imagem do príncipe.

Em contrapartida, o príncipe se vê na posição de gratidão aos soldados, que eles falem pelo rei, e esse contexto confuso entre dar ou não direito a representar o príncipe, é que determina o sucesso ou o fracasso do líder.

O imperador Julio Cesar sabia fazer isso com maestria, administrava bem Roma e dava certa abertura para Marco Antônio representá-lo.

Os príncipes devem satisfazer mais o povo do que os soldados, porque no contexto geral o povo pode mais que os soldados.

CAPÍTULO XX – SE AS FORTALEZAS E MUITAS OUTRAS COISAS QUE A CADA DIA SÃO FEITAS PELOS PRÍNCIPES SÃO ÚTEIS OU NÃO

Devem-se armar os súditos porque tornam fieis e a arma dada ao súdito torna-se sua arma de combate. Caso contrário, ao desarmar um súdito, isso gera desconfiança e é pior do que se nunca o tivesse armado; e o súdito acha que o príncipe está duvidando da sua capacidade e confiança. Mas devem-se armar os súditos que estão com maiores perigos e possuem maiores obrigações.

O príncipe que tiver mais temor do próprio povo do que dos estrangeiros deve criar muralhas entre as cidades e aqueles que têm mais medo dos estrangeiros do que do povo deve desfazê-las.

As fortalezas servem para conter o povo dentro de uma cidade além de protegê-las e cria um espaço físico para controle. Porém, uma fortaleza é algo que ofende o estrangeiro, uma espécie de barreira, e isso cria animosidade e pode ser um problema com conflitos, embora seja uma alternativa de proteção.


CAPÍTULO XXI – O QUE CONVEM PARA UM PRÍNCIPE SER ESTIMADO

Sempre acontecerá que aquele que não é amigo procurará tua neutralidade e aquele que é amigo pedirá para que te definas com as armas. O inimigo, por motivos óbvios e o amigo precisa do apoio. E nessas horas que dá para analisar quem é amigo de fato e quem não é. O que não é inimigo, mas também não é amigo só pede neutralidade.

Caso escolha a neutralidade, independente do vencedor o principado que ficou neutro não terá benefício de nenhuma parte. Caso escolha um lado, se vencer colhe os louros da vitória junto com o amigo e se perder não terá muita perda porque o inimigo principal era o amigo.

Devem-se criar festas para o povo e reuniões anuais com os outros influentes aliados para manter a política viva e segurar todas as divisões da sociedade – que se dividem desde as artes até grupos sociais – para mesclar e manter o controle da região.

Um príncipe é estimado, ainda, quando verdadeiro amigo e vero inimigo, isto é, quando sem qualquer consideração se revela em favor de um, contra outro. Esta atitude é sempre mais útil do que ficar neutro, eis que, se dois poderosos vizinhos teus entrarem em luta, ou são de qualidade que vencendo um deles tenhas a temer o vencedor, ou não. Em qualquer um destes dois casos será sempre mais útil o definir-te e fazer guerra digna, porque no primeiro caso se não te definires serás sempre presa do que vencer, com prazer e satisfação do que foi vencido, e não terás razão ou coisa alguma que te defenda nem quem te receba. O vencedor não quer amigos suspeitos ou que não o ajudem nas adversidades; quem perde não te recebe por não teres querido correr a sua sorte de armas em punho.

CAPÍTULO XXII – DOS SECRETÁRIOS QUE OS PRÍNCIPES TÊM JUNTO DE SI

A escolha do ministro é fundamental para garantir tranqüilidade no principado. Existe um método para escolher um bom ministro, basta verificar se o ministro está mais preocupado com o príncipe ou com ele mesmo. Caso esteja preocupado com ele mesmo, é fato que pode ocorrer de traí-lo em algum momento.

Já o príncipe para manter o bom ministro deve confiar e pensar sempre neste ministro.

CAPÍTULO XXIII – COMO SE AFASTAM OS ADULADORES

A única forma de guardar-se da adulação é mostrar que não ofende falar a verdade. Os aduladores e a adulação estarão presentes sempre que houver cargos de hierarquia.

Um príncipe deve buscar conselhos quando queira e não quando os outros desejam. O príncipe deve escutar os sábios e não os bajuladores ou os aliados.


CAPÍTULO XXIV – PORQUE OS PRÍNCIPES DA ITÁLIA PERDERAM SEUS ESTADOS

As razões foram as armas e a quem confiar e inimizade com o povo. Na época de paz não pensaram em guerra, e quando a guerra chegou preocuparam-se em fugir a se defender, achando que o povoado, cansado da insolência, os chamasse no poder. Essa ultima situação mostra que após a derrota alguém vai erguê-lo. Isso não acontece e se acontecer o motivo não é a sua segurança.


CAPÍTULO XXV – DE QUANTO PODE A FORTUNA NAS COISAS HUMANAS E DE QUE MODO SE LHE DEVA RESISTIR

O príncipe pode através de estratégia pretendida e realizada conseguir outros resultados que sejam satisfatórios ou não, conforme os preceitos que foram fundamentos até o momento. Assim como um rio que alaga toda a sua margem, um príncipe pode criar diques para conter o avanço desta torrente, controlando uma força que existe e essa analogia compõe que tudo está nas mãos de Deus, mas uma parte dos acontecimentos pode ser controlada pelo homem. Os diques seriam todas as ferramentas que, se bem utilizadas, podem interferir no resultado final.

Dois príncipes com estratégias diferentes podem chegar ao mesmo resultado, ao passo que dois príncipes com estratégias iguais podem ter resultados diferentes.


CAPÍTULO XXVI – EXORTAÇÃO PARA PROCURAR TOMAR A ITÁLIA E LEIBERÁ-LA DAS MÃOS DOS BÁRBAROS

Os italianos são superiores no engenho, na destreza e na força, mas no exército são frágeis por causa da fraqueza dos chefes.

Seria até bom para a Itália a perda total de tudo para que a região, depois de quebrada totalmente, possa nascer de volta e crescer com reformas políticas, novos príncipes, principados e tendências.

A ruína total da região será o aviso que nada está bom, pois mesmos com as derrotas e vergonhas a mesmice continua reinando na região.

Como não haverá desgraça, pede-se para que o príncipe entenda o apelo e que consiga tornar a região forte imitando os exemplos bons e refutando os exemplos ruins do contexto geral do texto.

Virtude contra furor/Tomará as armas; e faça o combater curto/Que o antigo valor/Nos Itálico coração ainda não está morto.

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