Pular para o conteúdo principal

Derivativos


Por: Júlio César Anjos

Diz-se que um navio está à deriva quando a embarcação não depende do próprio controle a nortear-se como queira, fica á deriva do mar, sendo que as forças da natureza, como o vento e a correnteza, trabalham para levar o meio de transporte para onde melhor deseja. Marionete do destino, joguete da incerteza, sem estar no controle em um período de tempo, esse é o futuro de algo que está à deriva.

Quando uma pessoa quer entrar no mercado financeiro, ela precisa comprar uma ação no mercado de ações, para atingir os rendimentos que se acredita levar em um determinado período de tempo, dependendo da natureza do mercado financeiro, do meio ambiente do dinheiro. Mas nem todo mundo tem dinheiro para comprar as ações, algumas pessoas querem entrar no jogo, mas apostando somente no rendimento de tal ação, sem precisar comprar o título. Essa aposta no rendimento somente da ação chama-se derivativos.

Ao pagar um prêmio no mercado de derivativo, escolher a ação em que quer apostar, sem comprar o título, a pessoa fica à deriva, pelo espaço e tempo, do movimento da ação no mercado financeiro.  Não há, nesse caso, necessidade de possuir o título, o investidor apenas compra o direito de ganhar, se possível, na variação que a ação corresponder até determinado tempo limite.

Suponha que uma ação custe R$200,00 (Duzentos Reais), e que o prêmio desta ação custe R$2,00 (Dois Reais), e você compra esse direito (derivativo). Ao final de 1 ano, no prazo correspondente ao prêmio, essa ação chegou ao patamar de R$ 205,00 (Duzentos e cinco reais), o investidor teve, portanto, um ganho de R$ 3,00 (Três Reais). Veja que não houve a necessidade de desembolsar R$200,00 (duzentos Reais) para ganhar R$205,00 (Duzentos e Cinco Reais), apenas desembolsou R$2,00 (Dois Reais) para ganhar R$5,00 (Reais). Se as ações variarem de R$202,00 (Duzentos e Dois reais) para baixo, o investidor não obterá ganho nenhum, só terá perda. E se Subir, por exemplo, ao boom dos R$402,00 (Quatrocentos e dois reais), o investidor terá um ganho correspondente a ganhar de graça as ações empresa que investiu. Portanto, é um investimento de alto risco para as duas pontas, tanto para o investidor quanto para a empresa. O hedge pode reduzir esse risco para a empresa, mas isso é assunto para outra hora.      

Há também os derivativos no câmbio, pelas variações entre moedas. Um fato que até virou case de mercado foi o acordo praticado pela Sadia aos investidores do Oriente médio, que decretou a aglutinação do concorrente pelo fracasso da companhia (falência branca). A Sadia vendeu os frangos para os investidores do oriente médio a R$1,50 (Um real e Cinquenta Centavos) a paridade Real/Dólar.  A empresa brasileira, acreditando em uma valorização do real perante o dólar, resolveu fazer um derivativo, vendendo um prêmio aos investidores, pois os diretores acreditavam que o dólar não subiria.  Com o prazo de 1 ano, o resultado amargou um aumento do dólar perante o real de quase 100%, chegando à data limite a R$2,80 (Dois reais e oitenta centavos). Como O produto foi vendido a um preço fixo de R$1,50 (um real e Cinquenta centavos), a Sadia, com o negócio, praticamente deu a negociação para o investidor.  A Sadia foi aglutinada pelo concorrente e hoje é uma das várias marcas do conglomerado Brasil Foods.

O comprador do derivativo, na pior das hipóteses, só perde o valor investido do prêmio. Mas, ás vezes, o valor do prêmio é muito elevado, não sendo atrativo entrar em tal modalidade. No derivativo, há um risco alto, o investidor não possui influencia alguma da ação, não pode controlá-lo, fica apenas à deriva da variação do papel pelo tempo e espaço.

Por isso que o mercado financeiro é a força da natureza (correnteza e vento), o barco é a ação, e você fica à deriva dos acontecimentos que pressionam o papel. O derivativo pode levá-lo à calmaria de uma ilha de areia fina, ou pode levá-lo a um rochedo e quebrá-lo por falta de controle.

Licença Creative Commons
O trabalho Derivativos de Júlio César Anjos foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em efeitoorloff.blogspot.com.br.


Comentários