Por: Júlio Cesar Anjos
Estava deitado, pensando na vida, ausentado temporariamente dos afazeres
normais e, encontro, reclinado à cadeira, entretido às lembranças longínquas
que me fazem refletir a tudo o que vivera até aqui. As viagens apagam o
racional, somente perpetua um instante o emocional, com a reação da carne como
prova da sensação contemplada no momento.
Com a penumbra que sobrepõe à luz, a escuridão destoa junto com os
martírios sofridos por mim nos tempos passados, assombrando o presente. As
marcas de outrora não foram apagadas, apenas esquecidas, como o tempo fossiliza
uma pegada ou um sinal, mostrando a verdade em qualquer período que seja
deflagrada.
Doravante a tudo isso, uma lágrima escorre sob o meu rosto e a gotícula viaja
até o pescoço. Por um instante, com o arrepio do líquido que percorre a
textura, sinto a sensação de toque, não da lágrima, mas de uma mão que afaga o
rosto até o pescoço. Tento secar o rosto com a mão, mas a sensação do flerte de
carinho permanece no meu consciente, querendo explicar cientificamente algo que
nunca antes tinha visto ou presenciado, fenômeno que não se pode explicar, mas
apenas sentir.
Diante de tantos problemas, reclinado na cadeira do meu escritório,
decreto entre o emocional e o racional que foi uma presença além da compreensão
que me tocou como se fosse uma mão materna que afagasse o filho querido.
O que seria isso?
Já estou melhor.
O trabalho O Afago da Lágrima de Júlio César Anjos foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em efeitoorloff.blogspot.com.br.
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